* Habacuc 2,4
O cume do nosso carisma seria não somente aceitar as tentações, mas amá-las enquanto meio para amar a Deus pela nossa fidelidade e fazê-lo Deus, somente Deus em Tudo e sempre! Deus só e nada mais.
Nós amamos as situações que nos proporcionam mostrar e provar o amor que temos para com Deus?
É aí que nós aceitamos passar pelas situações para amar.
Descobrimos o sabor da fidelidade. Daí se passa a amar as tentações, as provas as situações adversas para nós manter em Deus e fazê-lo Deus só e nada mais... O centro absoluto de todo nosso viver.
Como diz a Christifideles Laici, “nós somos chamados a ser fiéis no mundo não apesar das adversidades, mas propriamente através delas”.
Esse mistério da fidelidade encontra a sua mais alta significação na obediência incondicional de Cristo ao Pai na Cruz.
Na Cruz está o sinal mais sublime de fidelidade e é esse sinal que somos chamados a manifestar aos homens.
Isso tudo é a nossa fidelidade! Se formos fiéis a Ele, Ele nos abençoará com Suas graças.
Se formos infiéis em nossas ações, Sua fidelidade garante a misericórdia, mas, se somos infiéis no coração, vingamos a fidelidade dos santos, debochamos do carisma e nos tornamos inacessíveis à misericórdia de Deus.
Há um versículo que aparece pelo menos quatro vezes na Sagrada Escritura: "O justo vive pela sua fidelidade (fé)"(Habacuc 2, 4; Rm 1,17; Gl 3,11; Hb 10,36).
A palavra fidelidade na Bíblia é também traduzida como "fé" a Deus.
É a atitude daquele que crê e que obedece ao Senhor.
Neste sentido São Paulo fala aos romanos da "obediência da fé" (Rm 1,5).
A fé é um ato de adesão a Deus; isto é, submissão que implica obediência à Sua santa e perfeita vontade.
A fraqueza da nossa natureza humana impede muitas vezes que a nossa fé seja coerente; quer dizer, às vezes os nossos atos não estão conforme as exigências da fé.
Portanto, não basta crer, é preciso obedecer.
Depois que o povo hebreu recebeu a Lei de Deus por meio de Moisés, exclamou: "Tudo do que Iahweh falou, nós o faremos e obedeceremos" (Ex 24,7).
Esta era a vontade do povo; no entanto, sabemos que este mesmo povo prevaricou tantas vezes prestando culto aos deuses dos pagãos. Depois que Josué, no limiar da morte, conclamou o povo, a ser fiel a Deus, e só a Ele prestar culto na Terra que Deus lhe dava, o povo respondeu: "A Iahweh nosso Deus serviremos e à sua voz obedeceremos" (Js 24,24).
Mas sabemos que logo após atravessar o rio Jordão, e tomar posse da Terra tão esperada, este povo não demorou a render-se aos encantos dos deuses dos cananeus. Isto mostra que não é fácil, também para nós, viver a fidelidade a Deus, pois também hoje os deuses falsos nos atraem, e querem ocupar o nosso coração.
A obediência sempre foi e sempre será a prova e a garantia da fidelidade.
Foi por ela que Jesus salvou a humanidade, porque fez exatamente o que o primeiro Adão recusara fazer.
Na obediência radical a Deus o Cristo desatou o nó da desobediência de Adão e nos reconciliou com o Pai.
Da mesma forma, ensinam os Santos Padres, pela obediência da Virgem, ela desatou o laço da desobediência de Eva que lançou a humanidade na perdição. A partir daí, a obediência a Deus passou a ser a marca principal daquele que crê. Ela é o melhor remédio para os males que o pecado original deixou em nossa natureza: orgulho, vaidade, presunção, auto-suficiência, exibicionismo, etc.
O profeta afirma que: "A obediência é melhor do que o sacrifício"(1 Sm 15,22).
E Thomas de Kempis, na "Imitação de Cristo", assegura que: "Obedecer é muito mais seguro do que mandar".
No pátio da Academia Militar das Agulhas Negras, está escrito, para que os cadetes leiam todos os dias: "Cadete, ide comandar, aprendei a obedecer!"
Se a obediência é tão necessária para com os homens, quanto mais para com Deus.
A outra característica da fidelidade a Deus é o firme propósito de servir-lhe sempre e com perseverança e reta intenção, mesmo nos momentos mais difíceis.
Como agrada a Deus o filho fiel!
O profeta diz: "Iahweh guarda os passos dos que lhe são fiéis"(2 Sm 22,26).
E o Senhor Jesus disse: "Muito bem servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu Senhor" (Mt 25,21).
Tudo o que recebemos de Deus nesta vida, é este "pouco" sobre o qual é testada a nossa fidelidade a Deus.
Ser fiel a Deus é ser obediente às suas leis, à sua vontade, e servir-lhe com toda a alma.
Santo Inácio de Loyola afirmava que viver bem é "amar e servir a Deus nesta vida".
Jesus disse aos Apóstolos na última Ceia: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14,15). Portanto, amar a Deus, mais do que um sentimento, é uma "decisão": guardar os seus mandamentos, cumprir a sua vontade. "Nem todo aquele que diz, Senhor, Senhor,... mas aquele que faz a vontade de meu Pai"(Mt 7,21).
Dessas palavras fica claro que amar a Deus é viver os seus ensinamentos.
O Senhor deixou a Igreja para que a Sua vontade fosse expressa e objetivamente conhecida, e não ficasse ao sabor do julgamento de cada um. Ele garantiu à Sua Igreja que o Espírito Santo a conduziria "a toda a verdade"(Jo 16,13), e que a voz da Igreja é a Sua voz. "Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita aquele que me enviou"(Lc 10,16).
Então, ser fiel ao Senhor, é ser fiel à Sua Igreja, e tudo aquilo que ela ensina. É ser fiel a sua Comunidade, a sua Consagração é ser Fiel a Deus.
Com minha pobre benção.
Pe. Emílio Carlos Mancini. +
Nenhum comentário:
Postar um comentário