- Um senhor confiou a um servo fiel e prudente o cuidado das pessoas de sua casa
- E encontrou-o cumprindo fielmente sua missão
- Então, estabeleceu-o sobre todos os seus bens
- Mas se o servo fosse infiel a esta confiança
- Teria a sorte dos hipócritas, lá onde há choro e ranger de dentes.
Como não admirar estas comparações de Jesus sobre o significado da vida do homem, participante de seu Reino de Deus?
Ingressar no Reino de Deus pela fé e pela caridade do Espírito Santo é ser convidado a comprometer-se com o destino desse Reino: seus membros e seus bens.
A casa do Pai é o mundo, a terra que pisamos o horizonte de nossas atividades, o meio em que trabalhamos.
Esta é também a casa do homem cristão, especialmente o mundo dos homens.
No Reino de Deus somos convidados a ajudar uns aos outros, a servir uns aos outros, pois somos todos responsáveis uns pelos outros.
Ser responsável é servir.
Quando se descobre o valor do serviço, quando se sabe que no mundo todos somos servidores, ganha nova dimensão a imagem com que Jesus nos contempla no seu Reino: como um servo prudente e fiel.
A prudência evangélica frutifica no amor, na solicitude pelo bem comum, no dever assumido com dignidade, na responsabilidade humilde e corajosa, na iniciativa criadora, na promoção integral do homem, no desenvolvimento harmonioso de todos.
O homem prudente jamais abandona a sua missão, consciente do dever assumido e das exigências sociais de sua responsabilidade, mesmo à custa de renúncias e sacrifícios que lhe são pedidos.
O Reino de Deus não se constrói com a timidez e indecisão e a inércia dos decepcionados e medrosos, mas com a humildade, a coragem e a ação consciente dos que servem em fidelidade e amor. No Reino de Deus, contudo, há lugar também para os que se assemelham ao “caniço agitado pelo vento e à chama que ainda fumega”...
O que se pede ao que administra é que ele seja fiel.
Fidelidade não é apenas uma palavra nobre, é exigência fundamental na realização de uma vida profundamente cristã e sadiamente humana. Fidelidade á vida, ao trabalho, à profissão, à missão que se cumpre. Fidelidade ao próximo, ao lar, aos filhos, aos pais, fidelidade conjugal. Fidelidade ao amar — o amor ou é fiel, ou se frustra e se corrompe. Fidelidade á verdade — não há meio termo — ou à mentira.
Fidelidade a Deus e à sua Comunidade Santa, a Igreja, na qual estamos inseridos como servos da Verdade, da Caridade, da Justiça, da Liberdade e da Paz.
A infidelidade é uma traição à vida, à humanidade, à própria dignidade da condição humana. Quando o homem se torna infiel a si mesmo, à sua vocação e missão, começa a ser escravo, e, na ordem moral, ameaça o equilíbrio do mundo.
O administrador infiel julga não haver nenhuma ordem e presença superior a si mesmo, e, de servidor, passa a tirano e agressor.
A infidelidade é uma forma espiritual de embriaguez. A atitude mais comum de que se reveste o servo infiel é a de um hipócrita; guarda as aparências, deformando e maculando, porém a realidade das coisas.
Na vida cristã, a fidelidade é uma longa perseverança.
Resistimos diariamente a inúmeras e infinitas tentações de desânimo e relaxamento?
A vida muitas vezes não parece pesada demais, desafiando nossa capacidade de perseverança?
Mas não se trata simplesmente de perseverar por muito tempo, senão de ir até o fim, sustentado por um amor fiel que não vacila, servindo a todos, e com inquieta alegria, esperando contemplar a face do Senhor Jesus, que, vindo para servir, foi até o fim, para que pudéssemos com Ele entrar na glória do Reino de seu Pai.
Com minha pobre benção.
Pe. Emílio Carlos +
( do meu próximo livro : Reflexões em Gotas)
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