Se ela fosse constituída, apenas, por essa abstenção, seria suspeita e poderia se fundamentar sobre uma idéia de mácula, ligada ao próprio uso da carne.
Presume-se que, na mentalidade judaica, tenha havido alguma idéia nesse sentido, semelhante àquela da mentalidade primitiva, mas, não se encontra nenhum entendimento de condenação do casamento humano de Maria, que honrou as núpcias bem profanas de Cana.
Ela deveria conceber a virgindade como o mais vivo sinal de total consagração a Deus criador e ao seu espírito.
Logo, o que existe de mais puro na tradição judaica é que Israel tinha Deus como o Ser que estava acima de toda a natureza; um Deus único, transcendente, irrepresentável, que não se pode designar com um simples nome.
A Virgem sabia, igualmente, que nós fomos criados, homens e mulheres, à imagem e à semelhança de Deus, este Único Solitário.
A experiência que ela havia tido de sua diferença em relação às outras mulheres em nada a engrandeceu, mas fez com que crescesse em seu coração um apelo à solidão.
E quando ela percebeu que era uma mulher, e compreendeu a honrosa possibilidade de ser mãe, ideou renunciar à maternidade, para unir-se aos outros e a Deus.
Como sugere o pensamento judaico sobre a oblação, a oferenda das primícias, o melhor uso que se pode fazer da melhor das coisas, é sacrificá-la.
Jean Guitton
La Vierge Marie, p. 30
Editions Montaigne
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
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