Só que não deveis deixar que essa liberdade se torne numa ocasião para os vossos apetites carnais.
Pelo contrário: pelo amor, fazei-vos servos uns dos outros. É que toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo.
Mas, se vos mordeis e devorais uns aos outros, cuidado, não sejais consumidos uns pelos outros. Mas eu digo-vos: caminhai no Espírito, e não realizareis os apetites carnais. Porque a carne deseja o que é contrário ao Espírito, e o Espírito, o que é contrário à carne; são, de fato, realidades que estão em conflito uma com a outra, de tal modo que aquilo que quereis, não o fazeis.
Ora, se sois conduzidos pelo Espírito, não estais sob o domínio da Lei. Mas as obras da carne estão à vista. São estas: fornicação, impureza, devassidão, idolatria, feitiçaria, inimizades, contenda, ciúme, fúrias, ambições, discórdias, partidarismos, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas. Sobre elas vos previno, como já preveni: os que praticarem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.
Por seu lado, é este o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio. Contra tais coisas não há lei. Mas os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e desejos. e vivemos no Espírito, sigamos também o Espírito". (Gálatas 5, 13-25)
Refletindo:
A epístola aos Gálatas foi chamada a grande carta da liberdade cristã.
Os passos sobre a liberdade prendem de fato a nossa atenção. É preciso imaginar a força que estes passos podiam ter em sociedades condicionadas pela escravatura, onde um desejo de liberdade se fazia sentir por todo o lado.
A informação muito incompleta que possuímos sobre a crise que motivou a escrita desta carta não permite que nos pronunciemos com certeza sobre os erros que são visados pelo Apóstolo.
O que é certo é que os Gálatas, todos convertidos do paganismo (eles nunca praticaram a Lei de Moisés), ficaram perturbados com pregadores que preconizavam a adoção desta Lei e da circuncisão para se tornarem verdadeiros cristãos. O desejo de «fazer mais», de praticar uma lei que fixasse um comportamento preciso para acalmar uma angústia ou pacificar uma inquietação (a liberdade dá medo) podia torná-los vulneráveis aos argumentos dos adversários de Paulo.
Qual deve ser o comportamento dos cristãos no mundo?
Não será preciso haver uma lei para o fixar?
A pergunta punha-se ainda com mais força quanto os cristãos tinham tomado consciência de que, mesmo batizados e a viver uma vida nova, subsistia neles uma cumplicidade com coisas que os podiam afastar do Evangelho. É aquilo a que Paulo chama a «carne».
São Paulo quer responder a estas preocupações e dá em três versículos o essencial da sua resposta:
- «Eu digo-vos: caminhai no Espírito, e não realizareis os apetites carnais».
- «Ora, se sois conduzidos pelo Espírito, não estais sob o domínio da Lei».
- «Se vivemos no Espírito, sigamos também o Espírito».
É preciso viver esta luta com confiança, porque não precisamos de subestimar o que o Espírito é capaz de produzir nas nossas vidas: «amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio…»
Os cristãos não estão submetidos à Lei; eles não a praticam, mas cumprem-na plenamente ao amarem.
Amar. Eis a realidade, longe de todo o narcisismo, que está no coração da liberdade.
- Será por vezes a nossa liberdade uma fonte de inquietação? Porquê?
- «Caminhai no Espírito». O que quer isto dizer?
Pe.Emílio Carlos+
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