Estas palavras diziam respeito ao Templo edificado por Salomão, uma vez que tudo o que é construído pelas nossas mãos sucumbe ao desgaste ou à deterioração e está sujeito a ser derrubado pela violência ou destruído pelo fogo.
Mas dentro de nós também existe um templo que se desmorona se a fé faltar, em particular se em nome de Cristo procurarmos em vão apoderar-nos de certezas interiores, e talvez seja esta interpretação a mais útil para nós.
Com efeito, de que servirá saber o dia do Juízo?
De que me servirá, tendo consciência de todos os meus pecados, saber que o Senhor virá um dia, se Ele não vier à minha alma, não crescer no meu espírito, se Cristo não vier a mim, se Cristo não falar em mim?
É a mim que Cristo deve vir, e é em mim que deve realizar-se a Sua vinda.
Ora, a segunda vinda de Cristo terá lugar no nadir do mundo, quando pudermos dizer que «o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo» (Gl 6, 14).
Para quem lhe morreu o mundo, Cristo é eterno; para esse, o Templo é espiritual, a Lei espiritual, a própria Páscoa espiritual.
Então, para esse, realiza-se a presença da sabedoria, a presença da virtude e da justiça, a presença da redenção, porque Cristo na verdade morreu uma só vez pelos pecados de todos a fim de resgatar todos os dias os pecados de todos.
Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja
Comentário ao Evangelho segundo São Lucas X, 6-8 (SC 52, pp. 158 ss., rev.)
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
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