Naquele tempo, os Apóstolos reuniram-se a Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
Disse-lhes, então: «Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco.» Porque eram tantos os que iam e vinham, que nem tinham tempo para comer.
Foram, pois, no barco, para um lugar isolado, sem mais ninguém.
Ao vê-los afastar, muitos perceberam para onde iam; e de todas as cidades acorreram, a pé, àquele lugar, e chegaram primeiro que eles.
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eram como ove-lhas sem pastor. Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas.
Não chames a Deus simplesmente justo. Porque não é em relação ao que tu fazes que Ele revela a Sua justiça. Se David Lhe chama justo e recto (cf. Sl 32,5), o Seu Filho revelou-nos que Ele é sobretudo bom e manso: «é bom até para os ingratos e os maus.» (Lc 6,35). [...] Onde está a justiça de Deus? Não será em que «quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós»? (Rm 5,8) E, se Deus Se mostra compassivo aqui na terra, acreditemos que Ele o é desde toda a eternidade.
Longe de nós esse pensamento injusto de que Deus não Se compadece. O próprio ser de Deus não muda, como mudam os seres que morrem [...]; nada falta nem nada se acrescenta ao que Ele tem, como acontece às criaturas. Mas esta compaixão que Deus tem desde o início tê-la-á sempre, para a eternidade. [...] Como disse o bem-aventurado Cirilo, no seu comentário do Génesis, venera a Deus por amor e não por causa desse duro nome de justiça que Lhe impuseram. Ama-O como Ele deve ser amado: não pela recompensa que Ele te dará, mas pelo que recebemos, por este mundo que Ele criou para nos oferecer. Quem poderá dar-Lhe seja o que for em retribuição pelo que Ele fez por nós? Entre as nossas obras, que Lhe poderíamos oferecer? No início, quem O persuadiu a criar-nos? E quem Lhe reza por nós, quando não O reconhecemos? Que admirável é a compaixão de Deus! Que maravilha é a graça de Deus, nosso criador! [...] Quem poderá dizer a Sua glória?
Discursos ascéticos, 1ª série, nº 60
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