Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

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Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Autenticidade ( parte II)


Autenticidade é reflexiva, é própria de quem adquiriu certo grau de consciência de si, certo grau de liberdade, de capacidade de não se deixar envolver pelo turbilhão do cotidiano, pela mediocridade das massas.

A autenticidade não é instintiva, não é seguir impulsos de querer ser diferente, não é espontaneidade. Pode-se colocar que o critério máximo da autenticidade é a liberdade.

Mas se todos têm a mesma liberdade, como pode a maioria ser inautêntica? Simples, a maioria aliena a própria liberdade para não ter mais que passar pela angústia de escolher, algumas escolhas ainda existem, mas se encaixam perfeitamente nos padrões da massa, não se pode esperar nada além disso. Muitas vezes, como tentativa inválida de afirmarem para si mesmo que são “eles mesmos”, contrariam tudo, mas apenas superficialmente.

Diz expressamente Carotenuto (1993): Existem pessoas que sempre se colocam numa posição de contraste; toda a sua existência está estruturada em função adversa. Também esta situação é motivo de sofrimento, porque priva o indivíduo de provar-se a si mesmo de maneira autêntica; aparentemente combate para defender suas próprias idéias, mas na realidade o faz para afirmar sua própria diversidade. Sente o valor e a consistência de suas idéias somente enquanto são contrarias às do outro.

Assim, ele não existe mas se contrapõe; é uma verdadeira e própria forma de escravidão. Sua existência fundamenta-se sobre uma falsa identidade, porque a vida plena e autenticamente individual se baseia sobre uma elaboração do pensamento que não está exclusivamente dirigida contra os outros, mas motivada por uma íntima e profunda necessidade própria (PRADA, 2000, p.140).

Inúmeras definições de autenticidade poderiam ainda ser citadas. Contudo, o texto acima foi suficiente para traçar um certo perfil da autenticidade. De Larrañaga a Heidegger, os autores mencionados falaram de vários níveis: ontológico/existencial, individual/introspectivo, coerência/equilíbrio etc. A partir destas informações, pode-se fazer um estudo indutivo da autenticidade: estudar cada uma das partes que compõem o todo. Pela interpretação dos autores, foi possível uma decomposição da autenticidade da seguinte forma:

RELAÇÃO Amoral Moral Consigo Com o outro Com o mundo Ápice
AUTENTICIDADE Veracidade Sinceridade Boa-fé Franqueza Coerência Comprometimento
INAUTENTICIDADE Falsidade Hipocrisia Ma-fé Mentira Fingimento Alienação

A autenticidade/inautenticidade por muitas vezes foi sinônimo de termos que não tinham a mesma abrangência. Daí a necessidade de esclarecimento, que é o objetivo central desta apresentação deste tema.

A organização dos termos foi feita da forma mais próxima possível dos seus significados mais usuais. Esta organização não pretende ser fechada em si mesma, tanto na disposição das relações, quanto no uso dos termos. É uma primeira tentativa de análise mais detalhada da autenticidade e suas vertentes.

Os conceitos de veracidade e falsidade são estudados pela Teoria do Conhecimento. É autenticidade/inautenticidade em âmbito gnosiológico, referem-se à relação de coerência/incoerência entre o sujeito pensante e o objeto do conhecimento.

Um conhecimento pode ser verdadeiro ou falso à medida que corresponde ou não à imagem criada pelo sujeito. São conceitos ideais, abstratos, relativos a um sujeito e a um objeto de conhecimento. Reduz-se ao campo da cognição humana. Como a própria disciplina diz, é pura “teoria do conhecimento”, não diz respeito à relação de veracidade ou falsidade na comunicação humana.

Quanto ao sujeito e ao objeto, apesar de abstratos, podem ser exemplificados. Se uma pessoa enxerga uma mesa vermelha, como se poderá saber se é um conhecimento verdadeiro ou falso?
Já que, segundo Hessen (2000, p.119), a verdade do conhecimento consiste na concordância do conteúdo do pensamento com o objeto, a resposta será: o conhecimento será verdadeiro à medida que o objeto puder transmitir suas características para serem captadas pelo sujeito, assim como as condições de percepção do sujeito devem estar perfeitas. E se a mesa não fosse mesa? Talvez fosse uma projeção virtual tridimensional de mesa. E se não fosse vermelha; mas fosse a luz avermelhada do sol poente que estivesse dando a ela tal coloração? E se a pessoa fosse daltônica? E se ela estivesse sonhando?

A busca da verdade deve ser ferrenha, e supor todos os desvios possíveis, para que nada possa atrapalhar. A lógica também pode contribuir muito, pois num outro exemplo, é possível que se faça raciocínios lógicos, porém, falsos. Se o amor é cego, e todo cego é ser animado (que possui alma, sejam animais ou homens), logo, o amor é um ser animado. Ou seja, o amor é um indivíduo real, concreto, que nasce, cresce, se locomove, se reproduz, tem sentidos, instintos, morre. Absurdo, sem comentários! Assim como os raciocínios podem aparentar verdade e serem ilógicos. Toda guerra causa milhares de mortes, a guerra fria foi uma guerra, logo a guerra fria causou milhares de mortes.

Como dito, a veracidade e falsidade não fazem parte do campo da moralidade, não indicam relacionamento humano, não abrangem o mundo das intenções, valores, regras e ações morais. Contudo, são estes conceitos abstratos que permitem falar de autenticidade e de suas nuances, quando aplicados a situações humanas concretas.

A relação de sinceridade e hipocrisia é o primeiro nível de autenticidade em nível ético, aliás, são quase sinônimos de autenticidade/inautenticidade. Sinceridade e hipocrisia poderiam ser analisadas como a aplicação moral da veracidade e falsidade. Continua sendo a relação de conexão entre sujeito e objeto, mas agora de forma muito mais complexa, pois além da relação sujeito-objeto, existe a relação sujeito-sujeito, objeto de um sujeito com objeto de outro sujeito, visões diferentes de um mesmo objeto por dois ou mais sujeitos, intenção boa ou má dos sujeitos, diferentes motivações para a percepção do objeto etc. Como dito na introdução,( parte I) quando o “outro” aparece na história, tudo muda!

A comunicação humana é um processo dialético entre dois agentes, realizada principalmente por meio da linguagem verbal – palavra escrita ou falada –, mas também por gestos, sinais, símbolos não-verbais, dentre outros, com o objetivo de estabelecer relações, informar, questionar, propor, impor etc.

Numa definição sintética, a sinceridade seria a relação de veracidade com a comunicação humana; a hipocrisia, a relação de falsidade. Quando uma pessoa comunica algo em conformidade com suas crenças, valores, ideais, palavras, comportamentos etc., é uma pessoa sincera (autêntica); quando comunica aquilo que não condiz, que não se harmoniza, é hipócrita (inautêntica).

Entretanto, a sinceridade e a hipocrisia têm seus níveis, que variam de acordo com as relações humanas essenciais, e a comunicação inerente a cada uma. A abordagem feita aqui está de acordo com a visão de Leonardo Boff em “O Destino do Homem e do mundo” e de Alejandro Caballero em “Filosofia do Humano I”.

O primeiro nível seria a comunicação do sujeito consigo mesmo, ou com a própria consciência, ou com Deus, que é aquele de quem nada se pode esconder. O segundo nível, a comunicação do sujeito com determinados grupos com os quais se criam vínculos, estes grupos podem ser escolhidos pelo sujeito – por afinidade, conexão de idéias, interesses pessoais etc. – ou podem estar juntos por necessidade – como nos casos de trabalho, estudo etc. E, por fim, o terceiro nível que reflete a comunicação do sujeito com toda a realidade ao seu redor, com as pessoas, com a natureza, com a sociedade em um nível mais prático, transformador.

Sobre a alteridade e a moralidade:

“De acordo com as análises que completamos agora, pertence ao ser do ser-aí [homem] o “ser-com-os-outros”; e para o ser-aí, em seu verdadeiro ser, esse ser-com-os-outros constitui-se como um problema. Assim como ser-com, os ser-aí é essencialmente para os outros. Isto, assim como sua essência, precisa ser compreendido existencialmente. Mesmo se cada fáctico ser-aí não está voltado para os outros, e supondo que não tenha necessidade deles, ou que arranje um meio de viver sem eles, ainda assim está no modo do ser-com”. (SPANOUDIS, 1981, P.43)

Quando se fala em conduta moral, sabe-se que a moral só existe devido à dimensão social do homem. Qualquer que seja as ações de um homem isolado não possui valor moral, nem bom nem ruim. E, como diz Heidegger no texto acima, mesmo que alguém quisesse viver em isolamento, ainda assim teria dentro de si a dimensão interpessoal.

A existência da alteridade é que faz do homem um ser moral. E a moral é a condição sine qua non para a autenticidade.

Por outro lado, a alteridade pode ser empecilho para a autenticidade. É a presença do outro que, de certa forma, limita as possibilidades de uma pessoa. Se uma mãe deseja dormir, mas seu filhinho começa chorar, ela está moralmente obrigada a levantar-se cuidar do seu bebê, senão sua consciência ficará se acusando e certamente terá a reprovação social de seus familiares.

Se uma criança deseja comer um doce que viu na prateleira da confeitaria, mas não tem dinheiro suficiente, ficará com vontade até que o consiga. Mas, se ela decide simplesmente seguir seus desejos e, desconsiderando o “outro” em sua vida, quebra a prateleira e come o doce, sofrerá todas as conseqüências possíveis. Se certo marido se sente atraído por uma mulher que não a sua, deve renunciar ao desejo, ou conseqüentemente receber a reprovação social, grande probabilidade de divórcio, mudança de casa, pensão para os filhos, distância deles etc. Não foi em vão que Sartre, em sua obra “De portas fechadas”, disse: “o inferno são os outros!”, Pois o outro limita minhas possibilidades, congela minhas atitudes, me obriga a fazer o que não quero e a renunciar o que gostaria. O outro se torna um empecilho para a satisfação pessoal de um indivíduo, ou até para mesmo para sua realização pessoal.

O bebê, até certa idade, assim como os animais, seguem apenas seus instintos. Com o passar do tempo, a criança assimila a moral que seus pais lhe transmitem: “Isto pode!”, “Isto não pode!”, “Faça isto!”, “Isto é feio!”, e assim vai sendo formada. Cresce, adquire certo grau de liberdade até chegar à idade adulta, quando já tem condições de alcançar sua autonomia. Mas ao longo desta jornada, Rollo May (1986) diz que: “sou apenas uma coleção de espelhos refletindo o que os outros pensam de mim” (p.14). Ou seja, a pessoa passa a viver de acordo com aquilo que esperam dela. Na verdade não possui vida própria. Vive uma cópia padronizada das pessoas ao seu redor. Rollo May ainda cita Erich Fromm, que observa nesta que sociedade, as pessoas deixaram de viver sob a autoridade da igreja ou das leis morais, mas submetem-se a ‘autoridades anônimas’, como a opinião pública. A autoridade é o próprio público, mas esse público é uma simples reunião de indivíduos, cada qual com o seu radar ligado para descobrir o que os outros dele esperam (p.22).

Não constroem nada para si, pois construir para si significa separação. Separação causa medo, pois o processo de identificação pessoal e construção da autonomia exige certa solidão. Ninguém pode fazer um projeto de vida para outro. São momentos de decisões solitárias e angustiantes. Schopenhauer compara o relacionamento humano como “um bando de porcos-espinhos numa noite de frio intenso”, que para amenizarem o frio encostam-se uns nos outros. A aproximação da alteridade causa desconforto. Os porcos se encostam e se espetam, ou se distanciam e congelam no frio. Doce ironia do destino.

O outro chega ser, às vezes, um mal necessário. A medida em que o outro se aproxima, corre-se vários riscos: pode-se, como já dito, ter a liberdade limitada; pode-se assimilar influências do outro, ser manipulado por ele; pode-se ter de suportar seus limites, ouvi-lo, ajudá-lo etc.; pode-se sofrer para conseguir agradá-lo, ou ao menos, ser aceito por ele; pode-se precisar viver uma vida toda em função do outro, ou aos cuidados dele; pode-se ter o outro como obstáculo para alcançar objetivos pessoais e, em alguns casos, como empecilho para a autenticidade.

A autenticidade seria, então, uma tentativa de desligamento do outro para construção do próprio eu? Mas seria possível desligar-se do outro? Sanchez (2001) formula bem a necessidade humana essencial de convivência como fator de construção e progresso da moral particular:

...a realização da moral é uma tarefa individual, mas, por sua vez, dada a natureza social do indivíduo, não é um assunto meramente individual. Entre outras razões porque os princípios – junto com as normas – que determinam o seu comportamento moral correspondem a necessidades e interesses sociais, por outro lado, a atividade moral do indivíduo se realiza no quadro de várias condições objetivas, das quais fazem parte os próprios princípios, valores e normas, assim como a superestrutura ideológica, constituída pelas instituições culturais e educativas e pelos meios de comunicação de massa. Mas, na realização da moral, é necessário considerar outras condições objetivas muito importantes, que definem o âmbito das decisões pessoais e que o indivíduo não pode eludir: relações sociais e instituições correlativas” (p.212).

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