Santos, fracos, loucos, mas acima de tudo bem-aventurados. Os heróis contam com a força, os santos com a graça. “Basta-te a minha graça”, disse o Senhor a São Paulo.
Os santos desejam fazer grandes coisas mas reconhecem que fizeram pouco ou nada, que são servos inúteis, não esperam aplausos, nem as primeiras cadeiras, nem o apoio da mídia para anunciar suas dores, sacrifícios e lágrimas derramadas pelos pecados dos que “na sombra da morte estão sentados”, mas acima de tudo pelo seu próprio pecado.
Os heróis querem mudar o mundo, os outros, as estruturas, os santos desejam mudar o seu coração, pois sabem bem que é de lá que procedem todos os males, mas também sabem que não têm força para isso.
Experimentam que é melhor cair nas mãos de Deus do que nas mãos dos homens, porque esses julgam conforme a aparência mas Deus vê o coração.
Bendita dor, bendita desilusão. Somos capazes das melhores e piores coisas, mas somos profundamente amados por Deus.
Decepcione-se comigo, mas que a sua decepção comigo não seja uma decepção com Aquele a quem eu anuncio.
O herói leva fardo, é escravo das honras. O santo é livre, ninguém lhe dá honras. Não deseja ser bom, provou em sua vida que só Deus é bom.
Não mendiga atenção pelo seus dons, nem se vende por migalhas, sabe quem é o seu mestre e que não é mais do que Ele.
Sabe o que lhe espera o seu itinerário espiritual, a Kenósis. Faz memória da vida do seu Mestre, dos mártires e não busca o aplauso dos homens porque a multidão que aclamou Jesus, logo depois gritou crucifica-O.
Essa é a vida do santo.
O herói sobe, o santo desce.
O herói faz-se obedecer pelo seu poder, o santo pelo seu amor a Deus.“Não quebra o caniço rachado, nem apaga a chama que ainda fumega...” (Isaías).
O herói é exaltado, o santo humilhado, busca a coroa imperecível, o seu reino não é deste mundo.
É bem verdade que nem todos nasceram para serem heróis, é um caminho exigente, mas é certo que todos nasceram para serem santos.
O heroísmo gera orgulho, a santidade humildade. “Não fazeis como os grandes deste mundo, diz Jesus!”
“Qualquer pessoa, porque mais pobre, por mais ferida que seja pode aspirar a santidade a partir da sua situação real, ainda que fosse a mais marginal, tanto no aspecto psicológico como moral.”
Ufa! Que alívio! Uma vez li que “não há santo sem passado, nem pecador sem futuro”.Ser santo não é ser virtuoso ou moralmente perfeito.
Não podemos compreender santidade como simples atitudes comportamentais.
Tremo ao escutar: “Fulano é tão santinho” é o mesmo que dizer tão bem comportado, tão obediente... Santidade não é isso! Não é perfeição humana.
“Os feridos da vida, os fracos, os alcoólicos, os chagados, os dependentes de todos os tipos, os pobres que aceitam sofrer a sua miséria e lutar apesar de tudo, abrem-se a misericórdia e entram, como o bom ladrão no Reino de Deus antes dos puros que depositam em si mesmos a confiança, contando com as suas virtudes naturais.”
Não podemos esquecer que a gratuidade da misericórdia de Deus nos ultrapassa, “nada é impossível a Deus”. A nossa fraqueza não pode ser obstáculo para o nosso caminho de santidade, mas sim a nossa falta de desejo.
“Ser santo e ser herói são caminhos bem diferentes”.
O herói é o homem da sua vontade; o Santo é o homem da graça.
O herói está penetrado da sua força; o Santo persuadido da sua fraqueza.
O herói trabalha para a sua glória, para o triunfo das causas temporais. O Santo tem em vista a glória de Deus.
O herói tem o sentido do homem; o Santo tem o sentido de Deus.” (Pierre Blanchard).
Concluo esse artigo com as frases que pela providência divina foram de encontro a minha dor e me motivaram a escrevê-lo.
“Nunca um homem será mais ferido pela vida do que amado por Deus, nunca”.
“Quanto mais a cana de açúcar é triturada mais se torna doce”.
Você poderá ler este texto no meu livro na integra:
Rendição total um caminho para a santidade
Ed. Com Deus.
Pedidos (016) 3382.6881 – Livraria Católica Alpha e Ômega.
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