A fascinante trajetória de Isidoro Bakanja
Na época, trabalhava para colonizadores brancos como assistente de pedreiro. Ele jamais esqueceu as lições ensinadas pelos Missionários Trapistas da abadia de Westmalle, na Bélgica: um seguidor de Jesus deve se caracterizar pela oração e pelo testemunho.
Ele deve ser reconhecido pela oração do terço e por usar o escapulário, chamado por eles carinhosamente de Bonkoto Malia, hábito de Maria.
Terno, honesto, respeitoso por natureza, Isidoro trabalhava dedicadamente e rezava com fé, como é atestado pelo testemunho de muitos não-cristãos.
Geralmente com o terço na mão, procurava oportunidades para partilhar sua fé recém descoberta com os outros, na medida que muitos pensavam que ele fosse um catequista.
Ele definitivamente deixou seu vilarejo natal porque nenhum de seus companheiros eram seguidores de Cristo lá.
Numa outra colônia, começou a trabalhar para um agente de uma companhia belga que controlava a produção de borracha na região.
Foi contratado para fazer serviços domésticos. Muitos dos agentes belgas se declavam ateus e detestavam os missionários.
A causa desse ódio é que nas missões eles defendiam os direitos dos nativos e denunciavam as injustiças que os admistradores faziam contra seus empregados. “Mon pere” era o nome pejorativo que era dado aos padres e para todos os conectados com a religião.
Isidoro logo experienciou o ódio dos agentes pelo catolicismo. Ele pediu para deixá-lo voltar para casa: a permissão foi negada. Foi-lhe pedido para que parasse de ensinar seus companheiros de trabalho como rezar. “Você vai ter uma vila toda rezando e ninguém para trabalhar” gritou um dos agentes para Isidoro.
Foi dito para Isidoro deixar de usar seu escapulário. Como ele não o fez, foi chicoteado duas vezes.
Na segunda vez, o agente estava realmente furioso. Atirou-se sobre Isidoro, arrancou o escapulário de seu pescoço e empurrou o jovem fazendo-o cair no chão.
O malvado administrador tinha três outros empregados, dois para segurar Isidoro pelas suas mãos e pés e o terceiro para chicoteá-lo. O chicote era feito de couro de elefante com pregos pendurados na ponta. O indefeso Isidoro pedia por compaixão. “Meu Deus, estou morrendo!” – exclamava ele gemendo. Mas o administrador continuava dando pontapés na cabeça e no pescoço de Isidoro e ordenando aos outros empregados para açoitá-lo ainda mais forte. Depois de cem, seus serventes perderam a conta do número das chicotadas. Uma grande lesão foi formada nas costas de Isidoro; alguns de seus ossos ficaram expostos. Depois da tortura, suas pernas foram acorrentadas e ele foi jogado numa cabana de processamento de borracha. Ele não podia nem ao menos se movimentar, tamanha a dor.
Uma vez que um inspetor da Bélgica estava de visita às colônias, Isidoro foi obrigado a dirigir-se para outro povoado. Entretanto, como ele mal podia andar, acabou caindo à beira da estrada e se escondeu numa floresta. Quando avistou o inspetor, arrastou-se diante dele. Ele ficou horrizado ao ver a condição desse Jó dos tempos modernos.
O próprio inspetor escreveu sobre sua impressão diante da situação: “Eu vi um homem vindo da floresta com suas costas profundamente dilaceradas, putrificando, cheirando mal, imundo, com moscas voando sobre ele. Ele apoiava-se em dois pedaços de madeira para tentar se aproximar de mim – ele não estava caminhando, ele estava se arrastando”.
O administrador insolente ainda apareceu no lugar e tentou matar Isidoro, “esse animal dos mon pere”, mas o inspetor, mesmo fisicamente, o impediu. Ele levou Isidoro para sua própria colônia com esperança de ajudá-lo na recuperação.
Mas jovem rapaz já sentia que a morte se aproximava. Ele disse a um de seus visitantes que o olhava com clemência: “Se você encontrar minha mãe, ou se você procurar o juiz, ou encontrar algum padre, diga-lhes que eu estou morrendo porque eu sou cristão”.
Dois missionários passaram muitos dias com ele. O jovem mártir devotamente recebeu a unção dos enfermos. Ele os disse a razão pela qual apanhou: “o homem branco não gosta dos cristãos... Ele não queria que eu usasse o escapulário... Ele brigava comigo quando eu fazia minhas orações”. Os missionários orientaram Isidoro para perdoar o agente.
Ele, porém, os assegurava que já o tinha feito e que não nutria nenhum ódio contra ele. Esse “animal dos mon pere,” esse recém-convertido de dois anos e meio provou que sabia o que significava seguir Jesus – mesmo ao extremo de ser flagelado como Ele, mesmo ao extremo de carregar a cruz, mesmo ao extremo de morrer.
Quando os missionários pediam que ele rezasse pelo agente, ele dizia: “certamente eu irei rezar por ele. Quando eu estiver no céu rezarei bastante por ele”.
Sua agonia durou seis meses.
Ele morreu entre oito e quinze de agosto de 1909. O terço estava na mão e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo no seu pescoço.
O mártir Isidoro Bakanja foi beatificado pelo papa João Paulo II como leigo Carmelita no dia 24 de 1994. Sua memoria é celebrada no dia 12 de agosto.
Estamos trabalhando pela causa da canonização de Isidoro. Se você souber de qualquer milagre por meio de sua intecessão, não deixe de nos contactar.
Beato Isidoro Bakanja: Rogai por nós!
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