Em Maria está "toda a plenitude da graça" .
Ela é a fonte constante da graça porque sua intimidade única com a Trindade faz dela uma fecundidade espiritual permanente.
Eva, com Adão, "quis ser como Deus". Nós somos Adão e Eva que nos perdemos nessa aventura porque rejeitamos Deus.
Maria tornou efetiva uma dimensão divina que já tínhamos uma vez que fomos criados "à imagem e semelhança de Deus", mas que, na prática, estava sem efeito pelo afastamento da soberania de Deus.
Maria não se tomou deusa.
Foram as suas atitudes de ser uma filha reconhecida do Pai, uma esposa consciente do Espírito Santo e a mãe concreta de Jesus que lhe deram a dimensão do divino que nos elevou a uma vida sobrenatural.
Dessa maneira,
ela manifestou a ternura de Deus em uma forma humana, permitindo que nela enxergassemos a ação do Espírito Santo.
Para Deus, Maria é o humano. Para nós, Maria é uma visão do divino.
Mas nela há um grande intercâmbio entre o divino e o humano.
Nossa Senhora demonstra como Deus é terno e amoroso.
Não muda Deus: muda nossa experiência de Deus.
Em geral, costumamos apresentar uma religião longínqua e muito intelectualizada. É preciso ter uma fundamentação solidamente doutrinal, mas uma comunicação bem fácil, alegre e concreta.
Sem fazer antropomorfias de Deus, temos que ver e demonstrar como nosso Deus, tão teórico e distante para muitos, pode ser humanizado.
Precisamos lembrar que as próprias palavras Javé, Jesus, Emanuel e Paráclito induzem a ver a presença de Deus no humano. Nossa Senhora deu a Jesus Cristo traços, gestos, atitudes, entonação ... deu-lhe uma natureza humana verdadeira.
É preciso lembrar que Nossa Senhora não acolheu apenas a semente do corpo de Jesus.
O Concílio Vaticano II ensinou, na Lumen Gentium, que Maria Santíssima recebeu o Verbo de Deus no coração e no corpo (LG 53). E abriu para nós - por obra de Deus, é claro - a possibilidade de continuar humanizando o divino e divinizando o humano.
A Lumen Gentium também ensina que Nossa Senhora não foi mãe e também virgem, mas foi uma Mãe virginal porque sua maternidade divina foi certamente de ordem física mas, antes de tudo, foi "uma concepção no coração pela fé" (LG 63).
A virgindade no corpo foi apenas um sinal, um sacramento da sua virgindade no coração.
Que é isso?
O fato de ser só de Deus, sem deixar de ser humana. Aliás, sendo até mais plenamente humana.
Quando São Francisco a saúda como "Virgem feita Igreja" mostra-nos que também nós temos essa virgindade na fé, que prestamos ao Esposo.
Imitando a Mãe de seu Senhor, pela virtude do Espírito Santo, a Igreja conserva virginalmente uma fé íntegra, uma sólida esperança e uma sincera caridade (LG 64).
"Como por ela era piedosamente movido para todas as criaturas, especialmente, porém para as almas remidas pelo precioso sangue de Cristo, quando as via manchadas por alguma sujeira de pecado, deplorava com tanta ternura de comiseração, que todos os dias dava-as à luz como uma mãe em Cristo" .
Nós temos o papel de ajudar as pessoas a serem mais humanas: é assim que Deus vai continuando a se encarnar.
Pe.Emílio Carlos +
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