Costumamos pensar no sofrimento como algo que deve ser evitado a todo o custo.
E não há nada que irrite mais determinadas sociedades do que a ideia cristã de que se deveria suportar a dor e o sofrimento, e mesmo entregar-se a eles, a fim de superá-los.
Sofrer, dizia João Paulo II, é parte do mistério de ser homem.
Por que é assim? Hoje, o que se pretende é eliminar o sofrimento da face da terra. Para o indivíduo, isso significa evitar a todo o custo a dor.
No entanto, precisamos enxergar também que é precisamente dessa forma que o mundo se torna muito duro e muito frio.
A dor é parte do ser humano.
Quem quisesse realmente livrar-se do sofrimento, antes de mais nada teria que livrar-se do amor; não há amor sem sofrimento, pois o amor sempre exige certa dose de sacrifício: diante das diferenças de temperamento e dos dramas humanos, sempre trará consigo renúncia e dor.
Quando sabemos que o caminho do amor - esse êxodo, esse sair de si mesmo - é o verdadeiro caminho pelo qual o homem se torna humano, compreendemos também que o sofrimento é o processo pelo qual amadurecemos.
Quem aceita interiormente o sofrimento torna-se mais maduro e mais compreensivo com as fraquezas dos outros: mais humano.
Quem evita com pertinácia o sofrimento não é capaz de entender os outros: torna-se duro e egoísta.
O próprio amor é uma paixão, isto é, algo que acontece conosco.
No amor, a primeira experiência é uma alegria, um sentimento geral de alegria; mas, por outro lado, vejo-me arrancado à minha confortável tranquilidade e tenho que deixar-me reformular.
Se compreendermos que o sofrimento é o "lado de dentro" do amor, entenderemos também como é importante aprender a sofrer - e veremos por que, em sentido inverso, a fuga de todo o sofrimento torna a pessoa incapaz de lidar com a vida: cairia num estado de vazio existencial, que só pode estar associado à amargura, à rejeição, e já não permite nenhuma aceitação interior nem nenhum progresso na direção da maturidade.
Tenho passado por um cadinho duro, onde o sofrimento tem me apurado, as vezes penso que vou morrer e que não terei mais o gozo e a luz que me levam a enxergar o que de fato o Bom Deus tem preparado para minha vida.
Não posso lhes dizer qual dor e sofrimento são maiores, da alma , do espírito ou no corpo.
Pois ainda que tenha um problema de coração e agora Deus me proporcionou uma graça de comunhão a uma dor na coluna, ainda penso que o que estou passando e comungando na alma e no espírito é bem maior, unindo-me a tantos depressivos, angustiados, que sofrem sem ter mais uma razão de viver.
Uno-me aos sofrimentos das chagas amorosas do Senhor que se une a tantos chagados no mundo de hoje, a tantos crucificados.
Penso que a maior dor e sofrimento ainda é o exílio de nossa Pátria, de nosso lar. Ser desacreditado e mesmo rejeitado diante do que somos .
O verdadeiro amor nunca rejeita e nem impõe condições. Ama porque é Amor!
Este Amor como diz São Paulo é constrangedor pois bem sabemos que é imerecido, mas é o maior castigo e a maior dor e sofrimento que podemos desejar ou querer.
"O desejo de dar gosto a Jesus Cristo e de lhe testemunhar seu amor fez os Santos tão ávidos e sedentos não de honras e prazeres, mas de sofrimentos e humilhações.
Isso fazia dizer ao apóstolo: Longe de mim gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Feliz de estar unido a seu Deus Crucificado em seu Filho, o apóstolo não ambicionava outra glória que de se ver com Ele na cruz.
Isso também arrancava a Santa Teresa o grito tão conhecido: “Ou padecer ou morrer!” como se dissesse: Meu divino Esposo, se quereis chamar-me a vós, eis-me pronta a seguir-vos com ações de graças; mas se vos aprouver deixar-me mais tempo na terra, não posso resignar-me a ficar sem sofrer: ou padecer ou morrer!
S. Maria Madalena de Pazzi ia ainda mais longe: “Sofrer, dizia ela, e não morrer!” isto é: Meu Jesus, desejo o paraíso para vos amar com mais perfeição; porém desejo ainda mais sofrer para compensar em parte o amor que me demonstrastes padecendo tanto por mim!
A venerável irmã Maria Crucificada da Sicília amava igualmente os sofrimentos a tal ponto que costumava dizer: “É belo o paraíso; mas lá falta uma coisa: a dor”.
O exemplo de São João da Cruz não é menos admirável: Quando Jesus lhe pareceu com a cruz às costas e lhe disse: “João, pede-me o que quiseres”; o Santo só pediu sofrimentos e desprezos: “Senhor, respondeu ele, padecer e ser vilipendiado por vós!” ("Domine, pati et contemni pro te").
Se não temos coragem de desejar e pedir sofrimentos, procuremos ao menos aceitar com resignação os que Deus nos envia para o nosso bem: “Onde está Deus, diz Tertuliano, está também a paciência”.
Dai-me uma alma que sofre com resignação, que eu lá encontrarei certamente Deus.
O Salmista declarou que o Senhor se apraz em estar perto das almas aflitas; mas isso entende-se somente daquelas que suportam suas penas com paciência e sabem resignar-se à vontade divina.
E a essas almas que Deus faz gozar a verdadeira paz, que consiste unicamente, como ensina S. Leão, em unir a nossa vontade à de Deus.
A conformidade à vontade divina, observa S. Boaventura, é como o mel que torna doces e amáveis também as coisas amargas.
A razão disso é que, quem obtém tudo o que quer, nada mais tem a desejar, e por isso, diz S. Agostinho, deve ser feliz.
Assim, quem não quer senão o que Deus quer, está sempre contente, porque então obtém tudo o que deseja, pois que nada acontece que não seja querido por Deus.
E quando Deus nos envia cruzes devemos não só resignar-nos à vontade divina, mas também agradecer-lhe; pois é isso um sinal de que Ele nos quer perdoar os nossos pecados e salvar-nos do inferno que temos merecido." (Santo Afonso Maria Ligório)
Penso as vezes que a dor que tenho sofrido é comungar das dores de tantos que sofrem sem uma visão na fé. Ao menos eu quero crer que todo meu sofrimento não é vão e nem uma fé cega, mas que estou lançado nas mãos e no coração daquele que por mim sofreu e morreu .
Dizem que o sofrimento sabendo sofrer e não por masoquismo ou mesmo uma mera resignação é amadurecimento, se for creio que assim como crescer e amadurecer doi é precios saber sofrer.
Em oração um dia experimentei de um santo momento em que o Crucificado todo chagado como que em minha frente apresentava-se e dizia: "Chagas purulentas de minhas chagas, que se tornam chagas benditas em minhas chagas." Fiquei ali como que paralizado mas um dia Ele me respondeu apresentando neste crucificado que uma monja de clausura me trouxe para ver a inspiração que ela teve em oração para pintar o crucificado. (foto ao lado)
Assim Encontrei-me diante d'Ele mais uma vez, que na verdade entendi sou eu mesmo nesta chagas e nesta cruz .
Sofrimento humano é um mistério Divino do crucificado que veio para me redimir eu só preciso aprender a levar a minha cruz com dignidade e sofrer com Ele, por Ele e N'ele.
com minha benção
Padre Emílio Carlos+
Nenhum comentário:
Postar um comentário