21ºDomingo do Ano C- Tempo Comum
É preciso dar um salto na fé para O escutar, ter n’Ele confiança.
Eis uma questão que fez correr muita tinta ao longo da história da Igreja: “Senhor, são poucos os que se salvam?” Uma corrente como o jansenismo – que não é só do passado! – acreditava no pequeno número dos eleitos. Poderíamos encontrar sem dificuldade outros exemplos desta tentação. Sem dúvida, outras palavras de Jesus parecem ir no mesmo sentido: as que falam do largo e espaçoso caminho que leva à perdição, em que muitos se comprometem; as que falam da porta estreita que leva à Vida, em que poucos a encontram. Mas, em contraponto, Jesus declarou aos seus apóstolos: “Na casa de meu Pai, há muitas moradas”. Notemos primeiro, que São Lucas escreve o seu Evangelho quando os cristãos são já perseguidos e as tensões se tornam cada vez mais vivas entre as comunidades cristãs e o judaísmo.
A ruptura não está longe de ser dolorosamente consumada. O evangelista recorda-se aqui de um aspecto em que Jesus quer despertar a atenção dos seus compatriotas. Abraão, Isaac e Jaco e todos os profetas souberam escutar a palavra de Deus.
Os seus longínquos descendentes fecham-se à palavra de Deus.
Jesus não responde à questão do seu ouvinte sobre o número dos eleitos. Mas alarga o debate. É preciso dar um salto na fé para O escutar, ter n’Ele confiança. Isto, certamente, não é fácil, porque o caminho que Jesus deverá percorrer vai conduzi-l’O à cruz e os seus discípulos deverão tomar, por seu vez, esse caminho para ter lugar no festim do reino de Deus.
Jesus vê, então, a multidão dos pagãos que acolherão a sua palavra, que virão “do oriente e do ocidente, do norte e do sul”. A sua mensagem ultrapassa todas as fronteiras, a salvação não é reservada apenas a um só povo, mesmo sendo o da primeira Aliança.
“Os primeiros que serão os últimos” são os contemporâneos de Jesus que recusam escutá-lO. “Os últimos que serão os primeiros” são o povo da Nova Aliança selada no seu sangue. Então, a palavra de Jesus atinge-nos, ainda hoje. Não tenhamos a pretensão de acreditar que, por sermos cristãos, teremos “direito” à salvação.
Jesus é o Salvador de todos os homens. Haverá muitas surpresas “do outro lado”!
Tomar o Evangelho a sério… Corrida ao poder, às situações de privilégio, às relações de prestígio, às melhores aplicações bancárias, aos primeiros lugares de todos os gêneros… Estamos muito ocupados para conseguir os nossos negócios aqui na terra.
E eis uma página do Evangelho que vem alterar tudo. Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros.
Forte convite a tomar o Evangelho a sério e conformar com ele as nossas vidas… antes que a porta do Reino se feche!
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