"Se tem algum valor uma exortação em nome de Cristo, ou um conforto afectuoso, ou uma solidariedade no Espírito, ou algum afecto e compaixão, então fazei com que seja completa a minha alegria: procurai ter os mesmos sentimentos, assumindo o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento; nada façais por ambição, nem por vaidade; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, não tendo cada um em mira os próprios interesses, mas todos e cada um exactamente os interesses dos outros. Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus". (Filipenses 2,1-5)
Há momentos na nossa vida nos quais compreendemos o quanto a unidade é essencial. Pode ser durante uma refeição partilhada com amigos ou numa reunião de família, quando vemos que todos estão contentes por estarem juntos.
Pode acontecer que as diferenças e os mal-entendidos do passado não tenham desaparecido totalmente, mas perdem importância quando se celebram as relações de amizade.
Estas experiências são momentos privilegiados. A unidade torna-se numa realidade viva. E apercebemo-nos de que ela é um dom, talvez o maior dos dons, que desejamos profundamente e que traz uma alegria incomparável.
Na sua carta aos Filipenses, São Paulo, escrevendo da prisão e numa situação de perigo para a sua vida, fala longamente da unidade e da alegria.
Também fala do afeto que tem pelos Filipenses e da preocupação que eles têm em relação a ele. A sua relação iniciou-se quando Paulo começou a viajar na região. Eles tinham-no acolhido, a ele e ao seu Evangelho, e depois continuaram a apoiá-lo ao longo dos anos.
A carta tem um tom de familiaridade e de confiança, como entre pessoas que aprenderam a partilhar e a estimar-se mutuamente. Podemos compreender a forma como o Evangelho transformou pessoas estrangeiras entre si em amigos, poderíamos até dizer que os transformou numa família.
No entanto, Paulo está preocupado com as notícias que recebeu a propósito de conflitos no seio da jovem comunidade (1,27; 2,14; 4,2). Ele responde convidando-os a levarem mais a peito o dom que receberam.
As suas palavras parecem ter sido cuidadosamente escolhidas, certamente para deixar uma impressão duradoura aos seus leitores. Depois, ele evoca algumas das causas profundas da divisão e em seguida retoma a imagem de «ter os mesmos sentimentos». Mas agora não se trata dos seus sentimentos, mas dos de Cristo.
Paulo quer que eles saibam que há realidades com poder nas nossas vidas que podem destruir o dom da unidade.
Mas os cristãos devem ser conduzidos por algo de mais importante, pela vida do próprio Jesus.
Ao falar dos «sentimentos que estão em Cristo», Paulo não pensa em primeiro lugar nos sentimentos de Jesus no passado, mas sim no dinamismo da sua presença como Ressuscitado.
- Já alguma vez vimos como o Evangelho pode transformar estrangeiros em amigos, e até numa mesma família?
- Quais as causas profundas da divisão que eu devo conhecer? De que forma pode o dom de Cristo ajudar-me a avançar?
Pe.Emílio Carlos+
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