5º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Salmo 146 (147) 1-2.3-4.5-6 (R/cf.3a);
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 9, 16-19.22-23;
Marcos 1, 29-39 (curas na Galileia).
COR LITÚRGICA: VERDE
Que o Espírito Santo nos ilumine e fortaleça, para que nada, nem a dor, nem o sofrimento, abalem nossa fé.
1. Situando- nos brevemente
Nestes primeiros domingos do Tempo Comum, somos convidados a contemplar Jesus anunciando o Reinado de Deus mediante palavras e sinais de salvação. A Liturgia relaciona, então, sua Páscoa com o pleno desenvolvimento humano, ao qual Jesus ordena seu ministério.
Para ele, a glória de Deus é, de fato, “o ser humano de pé” (Célebre expressão de Irineu Leão).
A Liturgia da Palavra e a eucologia deste domingo conduzem o olhar dos fiéis para reconhecer em Jesus o auxílio do Pai. Emblemático, neste sentido, é o prefácio da Oração Eucarística para as diversas circunstâncias VI-D: “com a vida e a palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidais de todos como filhos e filhas”.
2. Recordando a Palavra
a autoridade da Palavra de Deus ele faz calar a maldade que habitava um homem presente à reunião da comunidade, agora seu ministério se dá em clima doméstico. Numa breve retrospectiva destes três domingos, somos testemunhas do trabalho de Jesus em três ambientes
diferentes: à beira do mar da Galileia (lugar de trabalho); na sinagoga de Cafarnaum (lugar de culto e estudo da Palavra de Deus) e na casa da sogra de Pedro (lugar de convivência familiar).
Salta à vista o fato de estes dados sobre a abrangência da atividade de Jesus serem apresentados em um único capítulo do Evangelho de Marcos, lido de maneira contínua nestes três domingos (a conclusão do capitulo será lida no sexto domingo do tempo comum Ano B). Num único capítulo, portanto, já reconhecemos a intensidade e amplitude de seu ministério: ele entra na Galileia, vindo da região do Jordão, vai a Cafarnaum, sai em segredo e percorre “toda” a Galileia.
As demais leituras da Liturgia da Palavra nos dão a “moldura” para compreender esta intensa e
ampla atividade de Jesus. A primeira leitura e o Salmo responsorial, lidos numa perspectiva antitética nos dão uma linha de compreensão quanto ao ministério de Jesus. Enquanto Jó apresenta uma perspectiva realista e crua da existência humana, caracterizando-a como uma “luta” comparada à vida sofrida de um mercenário (Mercenário, aquele que ganha a vida por jornada diária de trabalho) que vive na instabilidade, o Salmo 146 vai noutra direção confessando
a bondade de Deus que reconstruiu Jerusalém e juntou os dispersos.
Angústia e dissabor estão lado a lado com o contentamento e o prazer de ser cuidado por Deus.
É exatamente neste ponto que encontramos a síntese oferecida pela Aclamação ao Evangelho: “o
Cristo tomou sobre si nossas dores, carregou em seu corpo as nossas fraquezas”.
O ministério de Jesus é a resposta fiel e confortadora de Deus à dimensão mais sofrida da existência. Por meio de palavras e sinais, se ocupa de expandir o Reinado daquele que o enviou, conforme escutamos no terceiro Domingo do Tempo Comum.
Assim, Jesus não se contenta nem com o ambiente sinagogal ou familiar, mas dilata seus cuidados, assumindo-os sob o aspecto da missionariedade: “’Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim’. E andava por toda a Galileia...”. Aonde houver “Jó’s”, é para lá que Jesus se dirigirá, proporcionando-lhes entoar a benignidade e o conforto que vêm de seu Pai, do qual é sinal eficaz.
3. Atualizando a Palavra
contraditório, mas não é. Sua liberdade consta de abraçar o encargo sem pretender honras, porque, como ele próprio afirma “por causa do Evangelho faço tudo, para ter parte nele”.
A comunidade cristã – a Igreja – existe para dilatar o trabalho de Cristo Jesus. Como Ele, não mede distâncias para transmitir a Boa Nova. Quem vive num país de dimensões continentais como o nosso, consegue compreender o esforço e a dedicação de milhares de homens e mulheres para fazer notável a páscoa de Cristo, mediante seu apostolado.
Gente anônima, oculta da mídia, mas que – ao exemplo do Senhor – carrega sobre si as dores dos irmãos, para que respirem aliviados. A Igreja, preconizada pelo Concílio Vaticano II, entendedesta forma sua atuação no mundo contemporâneo.
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (Guadium et Spes. Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo de Hoje. Concilio Vaticano II)
Como não sentir-se acariciado por Deus ao habitar um lugar no qual predomina a visão daquele que “tomou sobre si nossas dores” (Aclamação ao Evangelho) e que “deu de beber aos que tinham sede e alimentou os que tinham fome?” (Antífona da Comunhão). Afinal, foi Ele quem percorreu longas distâncias para pregar nas sinagogas e expulsar os demônios. Mas não só por toda a Galileia (Cf. Mc 1,39), sobretudo superou a distância ente o céu e a terra, a fim de promover sua comunhão.
O fiel que toma parte na celebração da Igreja, passa da condição de Jó, testificada pela I Leitura
para a condição do Salmista, que reconhece nele (Jesus) a ação maravilhosa de quem “conforta os corações despedaçados (...) e chama a cada um por seu nome” (Sl 146, 3a.4b).
Noutras palavras, faz experiência da Páscoa. Contempla-se, como parte do Evangelho, como augura Paulo acerca de si mesmo. Como dissera uma senhora muito sofrida e já anciã ao adentrar a Basílica Nacional de Aparecida do Norte: “Quando eu entro aqui, me sinto embelezada(Testemunho de Claudio Pastro, artista plástico responsável pela iconografia do Santuário Nacional de Aparecida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário