Hoje 10 de agosto celebramos a memória de São Lourenço, que foi diácono e é mártir da Igreja.
Foi sinal do Reino de Deus no trabalho em favor dos pobres. Suportou com muita firmeza a dor atroz numa grelha, depois de distribuir os bens da comunidade aos pobres, por ele chamados de verdadeiros tesouros da Igreja.
São Lourenço viveu a Palavra de Deus – e nós somos chamados a viver o seu exemplo no que se refere ao morrer pela causa do Reino – morreu como o grão de trigo que cai na terra, para que pudesse ter a vida em Deus.
Quem não entrega a sua vida pela causa do Reino, este sim morre de verdade; o grão quando cai na terra morre produzindo vida; quando não cai na terra permanece somente grão.
Como podemos entender isso partindo do pressuposto do batismo que recebemos, no qual fomos convidados a morrer com Cristo, para que pudéssemos ressurgir como filhos de Deus?
Uma vida surge, acontece, passa a existir, quando o espermatozóide do pai se une com o óvulo da mãe; neste instante acontece a vida, já naquela realidade chamada embrião.
No nosso batismo acontece a mesma coisa, ou seja, surge uma vida: já não somos mais simplesmente algo criado, como um espermatozóide e um óvulo, mas somos uma pessoa, filho, filha de Deus.
O útero onde passamos a ser formados – a partir da realidade do nosso batismo – chama-se Igreja.
Na Igreja surge, acontece esta nova vida – cada um de nós – e vamos nos desenvolvendo para um dia morrer, morte esta que é nascimento para a vida eterna.
Conforme vamos nos desenvolvendo no útero materno – na Igreja – cujo cordão umbilical, realidade esta de onde provém o alimento, nada mais é que a caridade, a Eucaristia e a Palavra de Deus são nossos alimentos por excelência. Conforme nos desenvolvemos – e isso leva toda a vida – vamos nos preparando para a morte, momento do nascimento para Deus, para a eternidade.
No momento do nascimento para a eternidade – o término da nossa existência neste mundo – temos como o grande Médico, para o parto, o Cordeiro de Deus, o Filho de Deus; sairemos com muita força deste útero chamado Igreja, para nascer para Deus.
Não devemos nos preocupar, pois no momento do nascimento não cairemos no chão, o Cordeiro – Médico dos médicos – nos segurará com muito amor, pois Ele não perdeu nenhum daqueles que o Pai confiou a Ele.
Ao nos acolher, ensanguentados, sujos, de nossas misérias e pecados, o Cordeiro de Deus nos levará – como o médico leva a criança ao peito da mãe assim que nasce – para o colo de Deus Pai e o Pai dirá: “Filho! Este é o meu filho, Filho…! Filho, ele é teu filho, porque tu és o meu Filho…!
Ele é filho em você, meu Filho…! É preciso festejar, pois o anfitrião da festa chegou: o meu filho, Filho.” Neste instante, o Pai não vê o sangue e a sujeira que trazemos, fruto de nossas misérias e pecados, mas só percebe o Sangue do Cordeiro, que se misturou ao nosso e tomou conta de nós, que acabamos de nascer para Deus.
É exatamente isso que aconteceu com São Lourenço e acontecerá com cada um de nós; para dizer que morrer como um grão de trigo significa morrer para tudo aquilo que não contribui para esta gestação que estamos vivendo no útero da Santa Mãe Igreja e conservar a vi
da, sem morrer, significa ficarmos presos em nós, nos abortando.
Este ventre não aborta seus filhos; são os filhos que se abortam.
Diante de tamanho amor, devemos fazer uma pergunta muito séria: como temos coragem de perseguir, caluniar, não defender e não amar esta mãe, chamada Igreja, onde somos gestados para Deus?
Tomemos consciência e não nos abortemos, pois somos filhos no Filho; grão de trigo na terra fértil, que é a Igreja.
Padre Pacheco
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