Jesus encontra-se com o Pai em profunda intimidade com Ele. Aliás, Cristo nos mostra que viemos, somos, e nossa vida, enquanto felicidade, sempre consistirá em Deus.
Às três horas da manhã Jesus vai ao encontro dos Seus discípulos, pois eles estão perecendo, estão em dificuldades, necessitam d’Aquele, que é a Verdade, a Vida, o Caminho.
Precisamos, para mergulhar neste Evangelho de hoje, analisar com carinho este horário – três horas da manhã – em que Jesus Cristo vai ao encontro daqueles que estão padecendo. Três horas da manhã é a hora contrária da salvação. É a hora em que o demônio tenta sempre nos joeirar. É a hora do demônio-diabo= divisor ...
Na Sagrada Escritura, três horas da manhã é tida como “hora quarta”. Foi nesse horário [hora quarta] que o povo, no deserto, atravessa o Mar Vermelho a pé enxuto.
Pois bem, “hora quarta” nos remete a um tempo favorável, o qual na Bíblia é tido pelo número “quarenta” – daí quaresma, por exemplo. Objetivamente, esta hora quarta nos remete àquela fase da nossa vida em que somos convidados a nos questionar sobre o sentido da vida.
Este tempo, na nossa existência, é quando chegamos à metade da nossa vida, em torno dos quarenta anos de idade.
Este é um período em nossa vida que independe do tempo em cada um de nós, cronologicamente falando, quando muitas coisas nos assaltam e nos colocam na parede, sobre – objetivamente falando – o sentido concreto da vida; é o momento da crise.
Crise, em si, não é algo ruim; pelo contrário, crise é, nada mais e nada menos, do que purificação; purificação da nossa maneira de ver e de viver tudo aquilo que nos circunda, principalmente nossas relações com Deus, com o outro e com nós mesmos.
Este período em nossa existência, este momento de crise, faz algo muito interessante acontecer conosco: vamos perdendo o chão, parecendo que estamos caminhando sobre águas – realidades não consistentes e sólidas em nossa vida; aquilo que achávamos que era tão seguro em nossa vida – o ter, o poder e o prazer -, vamos percebendo que essas “barquinhas” não são seguras e confiáveis, a ponto de afundarem a qualquer momento; e que aquelas pessoas que acreditávamos ser a razão da nossa vida, no momento mais profundo da vida, não podem lutar as nossas lutas, mas somente nós mesmos podemos fazer isso.
E agora, o que fazer? Você já passou por isso? Se você ainda não passou, não se preocupe: vai chegar esta hora, a hora quarta! Com certeza!Primeira coisa que precisamos tomar consciência para vencermos e amadurecermos neste tempo favorável – apesar de doloroso em nossa vida: Jesus vem, como já veio, se preciso for, do Pai, ao encontro de cada um de nós.
Ele é fiel e não nos deixa sós.
Ele, movido pelo Espírito Santo, vem ao encontro da nossa fraqueza, pois Ele é o nosso Salvador. É preciso, neste momento da vida, não olharmos para as tempestades que dão contra a “barca” da nossa vida – pois vemos que tudo está dando contra…
É a crise, nessa hora devemos olhar para Jesus; olhos fixos somente n’Ele, numa profunda confiança. Devemos entender que, nesta vida, tudo passa; somente Deus permanece. Depois da tempestade sempre vem a bonança? Depende! Se na tempestade me fixo nela, nos problemas, vou com ela e não saboreio nunca a bonança.
Às vezes nós sofremos mais a morte de uma ilusão, do que a perda de uma realidade. Quando se olha muito tempo para dentro do abismo, o abismo olha para dentro de nós e nos engoli...
Agora, se na tempestade, me fixo em Jesus, então sim, saborearei a bonança, ou seja, o amadurecimento após a crise.
Não adiantará nos desesperarmos e brigarmos contra a crise, a tempestade. Bobagem! Não gastemos forças e energias com isso; mas foquemos nosso olhar para o Senhor e busquemos aprender tudo o que este tempo favorável – hora quarta – tem a nos ensinar.
Quando Pedro, cheio de audácia, avança sobre o mar, os seus passos vacilam, mas o seu amor reforça-se ; afundam-se-lhe os pés, mas ele agarra-se à mão de Cristo. A fé apoia-o quando sente as ondas abrirem-se; perturbado pela tempestade, tranquiliza-se no seu amor pelo Salvador. Pedro anda sobre o mar levado mais pelo amor que pelos pés. Não olha para onde põe os pés; vê apenas o vestígio dos passos d’Aquele que ama.
Do barco, onde estava seguro, viu o Mestre e, guiado pelo amor que Lhe tem, entra no mar. Já não vê o mar, mas apenas Jesus.Mas, logo que é perturbado pela força do vento, aturdido pela tempestade, o temor começa a encobrir-lhe a fé, a água abre-se-lhe sob os passos. A fé enfraquece, e a água enfraquece como ela.
Grita então: «Salva-me Senhor!» Imediatamente, Jesus estende a mão e, segurando-o, diz-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste? Tens assim tão pouca fé, que não pudeste continuar e chegar até a mim?
Porque não tiveste a fé necessária para chegar ao objetivo apoiando-te nela? Fica doravante, a saber, que somente esta fé te pode sustentar sobre as ondas. »
Assim, meus irmãos, Pedro duvida um momento, está prestes a perecer, mas salva-se invocando o Senhor.
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