Não podemos fugir de suas leis e, se por um lado a transcendemos porque possuímos uma dimensão espiritual, própria do ser humano, por outro, não podemos fugir dela, porque somos seres naturais.
Sendo assim, precisamos de condições naturais para viver. Se nos falta o respiro, perecemos (cf. SI 103). Precisamos de luz, água, alimento, temperatura adequada e de abrigo para nos defender de situações adversas.
A natureza foi criada por Deus como ambiente próprio para a vida, e, é claro, qualquer mudança que ela sofra repercute no ser humano. Estamos presenciando manifestações na natureza indicativas da mudança que estamos atravessando, a qual ocorre naturalmente, mas é agravada pela ação humana.
Essa mudança tem afetado a vida no nosso planeta. Deus criou um paraíso que agora está se tornando hostil, de modo que cada vez menos podemos viver em condições naturais. Os raios solares são nocivos, as chuvas provocam constantes destruições, os vendavais são devastadores e as secas impiedosas.
Por isso, a vida é afrontada. O fenômeno migratório motivado por questões climáticas aumenta a cada dia.
As áreas de risco para a vida - na cidade e no campo - desencadeiam a morte prematura de muitas pessoas.
O ser humano procura evitar cada vez mais o contato com a natureza. Procura resguardar-se em ambientes fechados, climaticamente controlados, protege-se com cremes, filtros, óculos, guarda-sóis e outros aparatos que estiverem a seu alcance.
Ora, nossa fé nós diz que isso não é vontade de Deus, pois ele é o Deus da vida em abundância e quer a felicidade e o bem maior para os seus filhos e filhas.
Mudanças climáticas
O meio ambiente tem se tornado, aos poucos, uma das maiores preocupações da humanidade, senão a maior.
Vários elementos contribuem para isso - por exemplo, o número crescente de doenças causadas pelos mais diferentes tipos de poluição: do ar, da terra, da água, sonora ou visual.
Mas um dos elementos que mais têm chamado a atenção de todos é a questão das mudanças relacionadas com o clima. De fato, percebemos algo diferente desde finais da década de 60 do século passado. As estações do ano, antigamente bem definidas, passam a sofrer forte influência das assim chamadas frentes frias e ondas de calor.
O período, o ritmo e a quantidade de chuvas já não são os mesmos. Temos períodos de estiagem cada vez mais prolongados e chuvas ora muito violentas, ora em quantidade insuficiente. Cai granizo onde isso não acontecia. A velocidade dos ventos aumenta de forma considerável, gerando tornados e furacões, também no Brasil, o que é uma novidade.
As consequências dessas mudanças são vistas por todos: secas, inundações, deslizamentos, alagamentos — que ceifam vidas, deixam desabrigados, destroem a economia, trazem doenças, geram medo e apreensão.
É por isso que a Campanha da Fraternidade de 2011 tem como tema: "Fraternidade e a vida no planeta" è como lema: "A criação geme em dores de parto".
A questão das mudanças climáticas não pode ser vista simplesmente na perspectiva da meteorologia, da economia, da sociologia, da física ou da biologia. Tem de ser vista pelo cristão como um problema de fé. A fé deve iluminar esses fatos para transformá-los em sinais dos tempos e apelos à evangelização, gerando conversão e melhor configuração a Cristo.
Pe. José Adalberto Vanzella (Secretário-executivo do R. Nordeste 5)
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