Túnicas eclesiásticas e macacões de neoprene ficam no mesmo armário.
Bíblia e parafina também dividem espaço no quarto do padre Luís Gonzaga Bolinelli, da Paróquia de Bertioga, na Baixada Santista.
Mas às vésperas de completar 25 anos de ordenação e 50 de idade, padre Luís conta que a descoberta das ondas veio bem depois da entrega à vocação: há dois anos ele pratica o surfe, sempre que pode, na praia da Enseada, que como ele mesmo diz é “o quintal da casa paroquial”.
“Mas eu ainda estou aprendendo a surfar, não faço aquelas manobras radicais, conseguir ficar em pé na prancha para mim já é um desafio, uma vitória”, conta o padre, que neste mês comemora o jubileu de ordenação e em outubro meio século de vida”.
“A minha prancha vai fazer um ano, foi praticamente um presente de aniversário”, lembra o padre, dizendo que a ajuda dos amigos e catequistas da diocese foi essencial na conquistada prancha”.
“Ela custou caro, foi R$1.500 só de material, pois a mão de obra eu também ganhei, daí como o pessoal via que eu estava economizando para isso, todo mundo deu um pouco no meu aniversário para ajudar.”
A longboard do padre Luís não tem quilhas e é macia nas laterais, com uma camada de poliuretano para evitar ferimentos no caso de acidentes.
Foi feita especialmente para ele por Homero Naldinho, de 65 anos, uma lenda do surfe nacional e que atualmente freqüenta a paróquia em Bertioga.
Além de shaper (fazedor de pranchas) e surfista, Homero assumiu o papel de professor e iniciou o padre no esporte.
“Uma vez eu comentei com ele da minha vontade de aprender a surfar,mas eu disse que meu tempo para isso já havia passado,mas ele disse que não havia idade para surfar e me ensinaria”, afirma o padre, que no primeiro ano de aulas utilizava a prancha de seu professor de surfe.
Foi em outubro de 2008 que o religioso, nascido em Catanduva, no interior de São Paulo, enfrentou suas primeiras ondas. “Eu já sabia nadar e não tinha medo do mar, mas dependendo do jeito que você cai da prancha e do ‘caldo’, como dizem os surfistas, a sensação é de estar dentro de uma máquina de lavar roupa”, afirma o padre, que já chegou a pegar onda três vezes na mesma semana e também a ficar duas semanas sem surfar.
“Tudo depende muito dos compromissos da Igreja”.
Além de dividir com outros dois párocos as tarefas nas 19 comunidades e sete igrejas de Bertioga, padre Luís ainda visita toda a Baixada Santista por causa do seu trabalho na comissão de catequista da diocese.
Mas de acordo com ele, o surfe trouxe muito mais disposição e ânimo para suas atividades diárias, além de saúde e alegria.
“É uma experiência apaixonante, desafiadora”, completando que não tem mais graça ir à praia sem a prancha.
Nela estão desenhadas duas figuras que remetem à Igreja: o brasão da Congregação dos Padres da Doutrina Cristãdo Brasil, da qual é integrante,e o símbolo do Ano Catequético, que foi 2009, quando a sua prancha ficou pronta.
Dedicado à catequese, padre Luís sonha em utilizar o surfe para trabalhar a doutrina católica e romper preconceitos.
“É uma meta: mostrar para os surfistas que a Igreja tem futuro, que a fé em Jesus Cristo tem futuro.”
Luís Gonzaga Bolinelli, além de se dedicar à catequese, pratica o surfe há dois anos.
PADRE LUÍS GONZAGA DA PARÓQUIA DE BERTIOGA.
J REJANELIMA
Bertioga
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