O Espírito abre aos fiéis o acesso à ação salvadora de Deus em Cristo. Ele é o “Vigário do Senhor” em frase de Tertuliano: “O que lhe faz as vezes e o presencializa, o que unifica a todos os que crêem, esperam e amam em seu nome. Ele enriquece a Igreja e guia-a com diversos dons hierárquicos institucionais e Carismáticos e adorna-a com os seus frutos”.(L.G 4 Constituição dogmática sobre a Igreja: Luz dos Povos).
Este mesmo Espírito Santo é que vai suscitando na Igreja uma série de homens e mulheres – Bento – Francisco – Domingos – Inácio – Teresa – Afonso de Ligório – Claret – Bosco – Foucault – Teresa de Calcutá e imensos outros que procuram viver o projeto existencial de Jesus, conforme vão captando e buscando interpretá-lo na vida.
O documento Paerfectae Caritatis – P.C nº 1217-1217a diz que: "Daqui proveio, por desígnio de Deus, uma variedade admirável de famílias religiosas ou Comunidades religiosas, que muito contribui para que a Igreja não só esteja preparada para toda a obra boa e para o ministério da edificação do Corpo de Cristo, mas ainda - aformoseada – ornada – com a variedade dos dons dos seus filhos – se apresente como esposa ornada ao seu Esposo e por ela brilhe a multiforme sabedoria de Deus."
Esta variedade de famílias consagradas, arranca, assim, da própria natureza da Igreja, Corpo e Esposa de Cristo a vitalidade para fazer o Reino de Deus acontecer.
No corpo, os membros, isto é, os órgãos têm de ser diversos, para lhe assegurarem a plenitude de funções.O “corpo” de Cristo, a Igreja, desenvolve-se graças à união dos seus diversos membros com o Corpo ressuscitado e glorioso do Senhor. Na diversidade de “carismas” graças, tal união diversifica-se de numerosas maneiras trazendo as riquezas desta união. Isto vale tanto para as famílias espirituais como as comunidades como para as pessoas.
A Igreja é Esposa cujo adorno implica a roupagem multiforme dos dons dos seus filhos. Desta maneira, resplandece a sabedoria de Deus e a potência infinita com que o Espírito Santo atua maravilhosamente. (L. G. 44).A variedade das comunidades religiosas contribui, assim para a edificação do corpo e para o embelezamento da Esposa de Cristo.
Por isso, “a Igreja defende e favorece a índole própria dos vários Institutos com todas as forças mas “segundo a forma da vocação específica e intenção e espírito dos chamados fundadores”.
Vamos definir um pouco:
-O que é Carisma?
-O que é Carisma do Fundador e de Fundador?
-Carisma e missão? Carisma comunitário?
-Transmissão do Carisma?
- Interpretação do Carisma fundacional?
1.1- CARISMA
A palavra “carisma” aparece no Novo Testamento dezessetes vezes, dezesseis das quais em S. Paulo – (textos mais importantes 1Cor 12,13;14; Rom 12,4-8; Ef 4,1-6; 10,16) e uma vez S. Pedro (1Pd 4,10).
Podemos sintetizar a doutrina sobre os carismas nestes pontos:
I – O carisma é um dom do Espírito Santo, procede do Espírito Santo. O vocábulo eqüivale etimológicamente à palavra graça = significa um favor gratuito. Designa especificamente um dom concedido pelo Espírito Santo a um cristão. É o Espírito Santo que distribui. O Carisma é um presente para enriquecimento do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja.
Não é uma qualidade do Cristão que o recebe. Atua nela, na pessoa, mas sem perder a sua vinculação dá fonte de onde emana.
II – Desenvolve-se na Igreja, Corpo do Senhor, e ordena-se à sua edificação. Por isso o Carisma implica estabilidade e continuidade – é duradouro – e por isso podemos falar em estrutura carismática da Igreja.
III – Não é propriamente um serviço, mas a graça com que o Espírito Santo torna uma pessoa apta para o dito serviço ou obra. Porém, em razão de o carisma se conhecer apenas por meio da atividade da ação geradora do serviço prestado, tende a identificar-se com ela, e, a partir daqui também com uma vocação um chamado a desempenhar. (cfr I Cor 7,7).
IV- Todo Carisma desempenha na Igreja uma função social – São Paulo demarca que são manifestações do Espírito Santo dadas a cada um para o bem comum (I Cor 14,12).
Portanto o Carisma é, no sentido mais amplo, o chamamento de Deus a uma pessoa (ou grupo) que simultaneamente torna-a apta para desempenhar este ou aquele serviço ou obra.
Carisma, vocação, serviço, obras, estão intimamente conexos terminologicamente invadem parcialmente os campos um do outro.
Em I Cor 12,4 -11, os carismas trocam-se com os serviços; em Rom 11,29 e I Cor 7,7-17 - com a vocação. Condição prévia para os serviços, obras, é o Carisma, é a Vocação.
O Concílio Vaticano II esclarece a natureza dos Carismas, sobretudo em dois textos fundamentais da constituição dogmática sobre a Igreja – L.G.
O primeiro (L.G 7) = oferece-nos a imagem da Igreja como “Corpo de Cristo” animado e guiado pelo Espirito o qual distribui os seus dons segundo os ministérios (serviços) necessários ao desenvolvimento orgânico do Corpo na caridade. (cfr I Cor 12; Ef 4,7-16).
O segundo (L.G 12) = fala da missão profética de todo o povo de Deus ao apresentar-vos os Carismas como graças especiais, que o Espírito dispensa a toda a classe de fiéis, em ordem a torná-los aptos para assumirem várias obras e ministérios úteis à expansão e renovação da Igreja.
Aparecem assim três componentes:
a) dom concedido pelo Espírito aos fiéis;
b) em ordem a torná-los aptos (capacidades, habilitação) e prontos (docilidade, disponibilidade).
c) Para levarem a cabo, uma missão na Igreja, restaurando-a, vivificando-a, relembrando-a de um aspecto a ser vivido do Evangelho.
Portanto a Vida Comunitária Religiosa – os votos de consagração evangélicos tem origem carismática.
Pois emana de um impulso vigoroso e estável do Espírito Santo. Por isso, mostra se operante, perante todos os homens a potência infinita do Espírito Santo, que opera maravilhas na Igreja. (L.G. 44).
Por conseguinte, a vida Comunitária mesmo precisando do aval, da oficialidade da Instituição da Igreja hierarquia deve conservar sua índole carismática, não se deixando submergir pela institucionalização.
Nada pode aprisionar o Carisma, mas dar-lhe amplo caminho à sua ação. Deverá ajudar na dimensão de expansão e crescimento da graça.
Por isso a Igreja instituição como hierarquia esta para discernir o Carisma – (ver doc. L.G nº 12). Mas sempre manter uma certa dose de espontaneidade e iniciativa criadora.
A regulamentação excessiva entra em conflito com a natureza carismática da vida religiosa.
Todo Carisma admite-se evolução, não é algo estaguinado, é dinâmico e criativo. Não é estático. A legítima evolução é sempre enriquecedora, nunca é claro perdendo o seu “que” de originalidade, contradição, mas aproveitar para maior profundidade e um explícito evoluir na mesma linha do pensamento original.
A vivência comunitária do Carisma inicial chama-se tradição. Por isso a tradição é fidelidade, supondo um engrandecimento do Carisma original.
1.2 CARISMA E MISSÃO DOS FUNDADORES
Se o Carisma é um dom do Espírito Santo ligado com uma vocação a uma forma de vida existencial cristã ou a um serviço na Igreja e para a Igreja, estamos no bom caminho ao referir o termo às graças do Espírito Santo que caracterizam as varias formas e maneiras de ser de uma Comunidade Religiosa. Trata-se de dons concedidos para o bem de toda a Igreja e que determinam a situação existencial de um membro ou um grupo no Corpo Místico de Cristo.
A história apresenta-nos os fundadores como inspirados, isto é, movidos e iluminados inicialmente pelo Espírito Santo. Ex: “Diz e escreve S. Francisco: E depois que o Senhor me deu frades, ninguém me ensinava o que devia fazer; mas o próprio Altíssimo revelou-me que devia viver segundo a forma do Santo Evangelho”.
Em alguns casos aparece de forma extraordinária a inspiração dos fundadores, mas ordinariamente Deus prepara-os e educa-os imprimindo gradualmente nos seus corações a idéia do futuro de uma nova família consagrada a Deus, uma nova comunidade para desenvolver uma “faceta” – um aspecto do Evangelho em suas próprias vidas, ajudando-os a descobrir na própria vida o que depois irão propor a outros.
A inspiração dos fundadores anda normalmente associada a dois fatos importantes:
a) aparece como fruto dum retorno à pureza do Evangelho;
b) como resposta às necessidades concretas da Igreja em seu contexto histórico do momento.
Numerosas Congregações modernas principiaram como associações piedosas dedicadas a certos ministérios – serviços e obras dedicados no seu dia-a-dia.
A partir daí em torno destes ministérios – serviços – obras foram forjadas as regras de vida, a espiritualidade, as estruturas necessárias, a formação etc...
Os elementos que podemos dizer constitucionais para a formação de uma nova Família Religiosa – uma nova comunidade muitas vezes vão aparecendo de forma paulatina e progressiva e não desde a primeira hora.
Podemos afirmar que a inspiração fundante compreende a resposta a uma dupla interrogação: “Porque e para que fomos fundados”?
Nisto vai também se percebendo os elementos ou dispositivos para esta vivência, este Carisma Fundacional que vai submergir de uma experiência, elementos como:
a) comunhão de bens, e de pensamento e sentimentos, união dos corações;
b) busca comum da vontade de Deus;c) fraternidade evangélica;
d) vida de oração e ação apostólica.
São os elementos básicos que irão dando corpo, ao Carisma que Deus comunicou aos fundadores para uma missão na Igreja e para a Igreja, não só para ser cumprida por ele mas também por um grupo de pessoas, que recebendo uma vocação semelhante, um chamado semelhante a ele, serão agraciados, ao longo da história com uma nova participação nesse carisma e no serviço que o mesmo implica.
1.3 CARISMA DO FUNDADOR E DE FUNDADOR
Há, pois, uma vocação, um chamado comum a todo o grupo, a toda comunidade, família religiosa, que primeiro descobriu para si o fundador. Ele foi chamado por primeiro. Foi ele que recebeu o que chamamos de inspiração inicial para levar a cabo uma missão, um serviço uma obra um determinado Carisma – dom do Espírito do qual participam os seus filhos espirituais que de certa maneira trazem no coração determinados aspectos de vida espiritual ou também ministério, serviço ou obra que serão pouco a pouco como que ajustados ou identificados com o chamado inicial do “fundador”.
Dom este que define a sua vocação em meio ao Povo de Deus, tanto no plano de vida, como no dos serviços eclesiais.
Note-se que o Carisma e a vocação são sempre dados pelo Espírito diretamente a uma pessoa ou duas ou mesmo um grupo inicial; é o Senhor, através das luzes e moções do seu Espírito, que distribui os carismas e chama a estados de vida e a diferentes ministérios no seu Corpo Místico, para o bem e a edificação deste corpo.
Ninguém tem autoridade, na Igreja, sobre Carisma e Vocações. Pertence à Igreja Hierárquica discerni-los e regulamentá-los no seu exercício, mas quem confere é o próprio Espírito Santo. (L.G. 12; 43; 45).
Carisma do Fundador: esta expressão designa, em seu significado geral, aquele dom do Espírito oferecido benevolamente por Deus a alguns fundadores, homens e mulheres a fim de produzir neles determinadas capacidades ou qualidades e virtudes que os fazem aptos para dar à luz novas comunidades de vida religiosa ou consagradas na Igreja.
A definição mais completa oferece-o o Mutual Relationes (14 de março de 1978) n º 11: “O Carisma próprio dos fundadores se revela como experiência do Espírito Santo, Transmitida aos próprios discípulos para ser por eles vivida, custodiada, guardada, aprofundada e desenvolvida constantemente em sintonia com o corpo de Cristo em crescimento perene. Por disso, a igreja sustenta, defende, a índole própria dos diversos institutos, comunidades e famílias religiosas. (L.G 44; E.T 11.).
Este dom é, em primeiro lugar Pessoal, no sentido que a pessoa do fundador vai experimentando e se transformando paulatinamente, descobrindo como que a força motriz e dinâmica para sua vida... preparando-o para uma Vocação, um chamado específico e uma missão particular na Igreja.
Em segundo lugar, é coletivo – comunitário pelo fato de implicar outras pessoas a fim de que realizem o mesmo projeto divino.
Assim outros entram no grupo, na comunidade, na família religiosa, porque se dão conta que a sua vocação seu chamado coincide basicamente com a do fundador e com os fins que se almeja a viver. Aderi-se a Ele, também porque se sentem atraídos pela figura espiritual do fundador, embora tal aspecto seja descoberto apenas num segundo momento, e de forma paulatina na medida da inserção que se dá no caminhar da chamada a resposta.
Nota-se uma coincidência entre os dons próprios e particulares que nos orientam para uma missão ou determinado estilo de vida e os que recebeu quem foi instrumento do Espírito Santo para gerar essa nova família religiosa.
Isto sucede na primeira geração de discípulos ou companheiros, que se reúnem em torno do fundador, porque participam do seu chamamento. E esta vocação implica determinadas graças que dispõem a realizar essa missão na Igreja. Mais tarde, quando o grupo se estabelece se institucionaliza-se com regras, estatutos de vida, constituições e a Igreja hierárquica põe o selo à institucionalização do Carisma.
Assim toda a igreja, como unidade de união orgânica, é chamada a acolher os frutos deste carisma particular. Terá caráter permanente de permanência ou de provisoriedade segundo os desígnios e forças do Espírito.
Assim o Carisma na realidade, longe de ser um impulso originado na carne e no sangue, ou proveniente de mentalidade conformada ao mundo presente, é o fruto do Espírito Santo, que sempre vivifica a Igreja. (E.T 11).
O Espírito Santo sendo o principio inspirador e vital provoca na Igreja e para a Igreja o que é necessário para a continuidade da missão de Cristo.
Para tanto, utiliza-se dos fundadores, fazendo-os viver uma experiência humana e sobrenatural. Comunica-lhes uma participação do espírito profético de Cristo. Por uma intuição sobrenatural, conseqüência dos seus dons, e abertura do coração, fá-los compreender uma determinada necessidade apostólica na Igreja e como responder concreta e eficazmente.
Assim também todo Carisma leva consigo sempre um sentido social. Mais ainda, é um dom social. Não visa o enriquecimento da pessoa que o recebe, senão para o beneficio de toda a Igreja. Por isso, contém sempre uma missão, um afazer apostólico dentro da Igreja e isto é transmitido ao grupo, instituto, família ou comunidade religiosa.
Logo pode definir que Carisma do fundador é uma especial oferta da graça conferida por Deus a um fundador homem ou mulher para o bem de toda a Igreja. É um dom do Espírito Santo para utilidade comum da Igreja.
O respeito é a maneira de ser – modo de traduzir o dom, o Carisma que será vivido pelo grupo.
1.3.1- CARISMA DE FUNDADOR
Ao falar de “carisma dos fundadores” é mister distinguir o “carisma de fundador” do Carisma do Fundador”.
Com a expressão “Carisma de fundador” indica-se o dom, em que habilita uma pessoa para iniciar uma nova fundação, prescindindo das modalidades históricas e espirituais que está vivendo o fundador.
O Carisma do fundador é intransferível, porque corresponde somente ao fundador enquanto ser inspirado a criar o particular estilo de vida espiritual que outros poderão se ajustar.
Ao carisma do fundador, enquanto fundador, pertencem aquelas característica únicas e ir repetíveis e que se não podem imitar. É próprio do fundador.
Ao contrário, é transmissível à comunidade, dos discípulos, os membros, à assimilação e interiorização do espírito do fundador, do jeito, modo, vivência, que permite à comunidade assimilar e assumir o que comporta com efeito, profunda interação com o carisma de fundador, o carisma e o espírito do fundador e do discípulo que na verdade poderíamos dizer “coração com coração”.
1.3.2- TRANSMISSÃO DO CARISMA
Assim, para descobrirem o seu carisma comunitário e serem fieis a ele, os membros devem inspirar-se no Carisma pessoal do Fundador. Mas não só. Pois pode-se afirmar que o Carisma passa de Pai ou da Mãe para os filhos ou filhas, estes “fazem-no próprio, ou herdam-no.
Assim sendo o Carisma do fundador e de fundador enquanto dom é em si intransferível, não o sendo, entretanto o “espírito” do fundador, que muito especialmente durante o tempo de
fundação e durante toda a sua vida, deverá ser assimilado, interiorizado pelos seus discípulos e tornado seu suas convicções.
Proprium é um termo importante que refere-se ao cerne, ao coração, a acolhida, a convicção, àquilo que é principal e imprescindível em um determinado fundador se ele quiser o Carisma despertado pelo Espírito Santo.
É evidente que os Fundadores, como pessoas concretas, têm os seus aspectos pessoais que não são transmissíveis a Comunidade: o grau de santidade, certas graças místicas, o carisma de doutor que adorna alguns que também o chamamos de “modum proprium”.
Mas podemos enumerar alguns elementos que uma família religiosa tem em comum com o seu Fundador:-
- Uma vocação a um gênero de existência cristã, no seguimento de Cristo obediente, virgem (casto) e pobre;
- Certa Espiritualidade, enraizada nos elementos comuns de uma vida de Consagrados
- O fim específico pelo qual será desenvolvido o Carisma, uma atividade, mistério, serviço ou obra na vida da Comunidade no qual ele se sente inserido.
- A graça divina do “Carisma Fundante ou Fundacional é sempre dado a uma pessoa real, feita de temperamento e qualidade, formada através duma gama de experiências concretas e condicionadas pela sociedade e pelo tempo em que viveu”.
- Por isso, uma Comunidade Religiosa, para chegar a uma compreensão clara da sua missão própria na Igreja, o serviço para qual tal Carisma foi dado, constituído e desenvolvido e assim dar-se o crescimento, tem que interpretar continuamente o carisma do Fundador.
Esta interpretação desenrola-se por assim dizer, em três fases ou momentos:
Consideram-se primeiramente, os fatos materiais, as iniciativas do Fundador. Esses fatos são colocados depois no contexto social a que deram respostas. E, finalmente, reformula-se o Carisma, tendo em conta o contexto histórico presente.
Quer dizer: o que realmente importa não é o que fez o fundador ou o que ele é... mas suas intenções. Não é a carne, mas o espírito. Não são as tradições... mas o sentido da busca em viver uma determinada inspiração.
Carisma e espírito:- aqui é necessário sublinhar a distinção essencial existente entre um e outro.
O Carisma se situa exclusivamente no plano teologal manifestação de Deus – uma teofania, isto é, uma ação gratuita de Deus que não pode ser adquirida por si só e nem transmitida.
O espírito nos coloca na vertente antropológica: enfatiza a ação de resposta do homem à iniciativa divina do Espírito Santo; é consequentemente, uma realidade que pode ser transmitida e assimilada, porque depende sobre tudo, da cooperação humana.
Resumindo para esclarecer e não nos perdermos no significado dos termos:
Carisma:- é um dom, uma graça, infundida – dada gratuitamente pela ação de Deus (teologal). Não se adquire ou até é transmitido.
Espírito do Fundador:- situa-se no plano do homem (antropológico) e se refere à resposta do homem à graça de Deus não em sua plenitude... Pois na verdade só o Fundador terá a graça de ir vislumbrando o Carisma em sua totalidade.
CONCLUSÃO
É importante mantermos o Carisma e o Espírito dos fundadores.
Por isso é preciso que:
- O carisma tem de ser para nós todos uma realidade viva e muito, amada.
- O Carisma deve transparecer vivo, em nosso relacionamento com Deus, com os irmãos e com a vocação, isto é o chamado. Portanto evitar de transformá-lo em mera teoria e sim vivenciá-lo sempre na medida de tudo abarcá-lo.
- Todos devem zelar para que o Carisma seja vivido na sua integridade, não esperar só do Fundador ou grupo fundante.
- Peçamos ao Senhor o “espírito de Fundação” que é transmitido como vimos, por graça de assimilação com a nossa colaboração; mas é preciso sempre suplicar e abrir-se.
- É necessário grande humildade e esforço de autocompreensão e adesão à experiência fundante e originante do Carisma. Isto é, busca de compreensão da experiência vivida do fundador.
- Pois aí, no mesmo coração inflamado de amor que inspirou ao fundador o nosso Carisma, encontraremos o espírito do Carisma que devemos todos beber, viver e transmitir ao preço de nossa própria vida.
É preciso que algo fique bem claro:-
O Carisma, o dom não é nem do fundador como sua propriedade e nem de ninguém, é graça do Espírito Santo e propriedade unicamente Dele.
Assim percebemos o quanto o Carisma é nosso e ao mesmo tempo não é. Nosso enquanto graça recebida e que deve ser respeitada salvaguardada; Não é nosso enquanto ser de fato presente de Deus.
O Carisma não é posse de ninguém, nem do fundador, nem de cada membro da comunidade. Pois ele pertence a todos e não pertence a ninguém. O fundador, naturalmente tem a visão mais profunda e agraciada do Carisma, pelo qual é o principal responsável. Na realidade como tudo o mais que temos e somos pertence a Deus.
Um Carisma não é um conjunto de regras, mandamentos ou posturas espirituais e eclesiais que qualquer um possa ou deva seguir, desde que os obedeça. Este tipo de relacionamento seria aceitável para um clube de serviço, para uma associação de classe, mas nunca para um Carisma.
O Carisma é constitutivo, é parte do ser mais profundo de cada vocacionado.
O Carisma é como o cristal muito fino, muito forte, porém muito frágil que deve ser manuseado com uma delicadeza e respeito indivisível, numa aventura de irmãos que buscam a Vontade de Deus para as suas vidas e que encontram dentro de si o eco da graça para cumpri-la.
O Carisma, de fato, não é só um evento “espiritual”, algo de muito piedoso e interessante ou bonito que se acrescenta a partir de fora, como se fosse um acessório, ele é a revelação da própria identidade de Deus que espera de meu próprio eu pela realização.
O Carisma, cada Carisma, é teofania e contemplação de um aspecto particular da realidade de Deus ou da vida de Cristo, e é também descoberta do eu “escondido com Cristo em Deus”.
É o Carisma esta Teofania, isto é, uma manifestação de Deus para o mundo, tanto comunitária e eclesialmente como pessoalmente.
Deus se revela em cada um e em todos que formam a mesma comunidade.
Com minha benção
Deus, somente Deus, em tudo e sempre!
Pe.Emílio Carlos+
Nenhum comentário:
Postar um comentário