“Não tem compaixão para com o homem, seu semelhante,
e ousa pedir o perdão de seus pecados?” (Eclo 28,4).
O que é perdoar? É admitir que a fraqueza humana está sempre presente, mesmo na pessoa que vive na mais reta intenção e que o erro de hoje necessariamente não se repetirá amanhã. Assim, perdoar é oferecer à pessoa um crédito de confiança: “Você errou. Eu o perdôo, ofereço-lhe uma nova oportunidade. Aquilo que você fez, não existe mais. Você é uma nova criatura, com nova chance“.
Como é bom, num momento de fraqueza, receber uma nova oportunidade! Ter gente que acredita em nossa recuperação! Quando um pai perdoa ao filho o erro cometido, lhe está dizendo exatamente isso: “Meu filho, você errou. Mas você pode ser diferente. Conte comigo“. Por outro lado, não perdoando, estará dizendo: “Meu filho, você não tem jeito mesmo. Não conte mais comigo“. É o caminho mais fácil para fazer com que o filho não lute mais para superar as próprias limitações. É condená-lo a repetir o erro.
Todos nós, praticamente, já vivemos esta gratificante experiência de termos sido perdoados em momentos de fraqueza. Foi esse perdão fraterno que nos deu ânimo para reiniciar o caminho. Por outro lado, também já passamos pela dolorosa experiência de termos errado e não recebido o perdão reanimador. Foi muito difícil, então, recolher forças para recomeçar! Pareceu até que os outros tinham prazer em que permanecêssemos no erro, em nos ver atolando sempre mais.
Perdoar é reconhecer a quase infinita capacidade do ser humano de se regenerar. Por pior que alguém seja, não está apagada nele a chama da bondade. Basta um pequeno sopro, e a chama brilha com força. Transforma-se em labareda.
Perdoar é participar da misericórdia divina, que faz o sol brilhar sobre justos e injustos. Quanto maior o pecado, mais intensa a presença amorosa de Deus. Saber perdoar é ser capaz de realizar o mais divino dos gestos para com o ser humano: o gesto do perdão.
Pe. José Artulino Besen
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