Para minha surpresa, numa manhã fria e escura de sábado, enquanto saía para viajar, ao passar debaixo de uma árvore, ouvi mais uma vez aquele mesmo canto; e ao procurar o local de onde vinha o som, avistei o “pequeno autor” daquilo que, já alguns dias, trazia-me, sem eu saber o motivo, questionamentos, como também, mais alegria à minha alma. Com essa descoberta, duas coisas chamaram a minha atenção: a primeira é que, aquela ave, parecia “despertar”, primeiro que os bem-te-vis, os pardais, as maritacas e as outras as quais estou acostumado ouvir. A segunda coisa a interpelar-me foi a intensidade com a qual aquela minúscula ave entoava seu canto solitário…
Se a natureza é bela, mais belo e inteligente é seu autor.
Como Deus é “esperto” e insistente! Pensando e meditando sobre este fato, comecei a entender sobre o que Ele queria falar e alertar-me…
ESPERANÇA foi a primeira palavra que brotou no meu coração. Aquele pássaro não se importava com a noite. Ele, por sua natureza, sabia que o DIA iria fazer-se em breve, e que aquele FRIO e ESCURIDÃO logo desapareceriam com a chegada do SOL. Ele esperava e cantava! Ele cantava e esperava… Certamente nunca foi desapontado, porque todos os dias em que cantou e esperou, o sol raiou e um novo dia nasceu.
Entendi desta forma, que sempre há a necessidade de acreditar e confiar que sempre o dia vai nascer, que as coisas mudam e que nada continua como antes. Mesmo que a ‘noite esteja escura’ como diz o baluarte da nossa Comunidade, São João da Cruz.
Quantas são as situações em nossas vidas que parecem querer nos derrubar, ou nos fazer desacreditar que tudo pode e vai ser diferente?
Quem somos nós para negar estar verdade, se o nosso Mestre já nos disse através do Evangelho de São João 16,33: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo!”?.
Nosso Deus é singelo e seu amor perpassa toda a sua criação e todas suas criaturas, inclusive nós, seres humanos. Grande é a minha tendência em perder no dia-a-dia a presença do Sagrado; talvez pelos afazeres, trabalhos, compromissos, estudos e até mesmo pela lida com as próprias “coisas de Deus”…
Os Consagrados, “os homens de Deus” também não estão isentos de cuidar mais das coisas sagradas e, por fim, deixar que a presença do próprio Deus passe despercebidamente.
Todavia, sei que não é esta a vontade do nosso Deus! Ele deseja que percebamos a sua presença e, mais que isto, que percebamos o Seu Amor Misericordioso e Transformador.
Mesmo com os inúmeros acontecimentos diários, deve-se manter a atenção voltada para Aquele que pode tudo e de tudo sabe.
O homem que confia e espera, sempre espera e confia que tudo será diferente.
São poucos,ou melhor, ninguém quer ficar trocando “seis por meia dúzia”.
Por isso, compreendi neste episódio do pássaro, que quem vive com Deus e a ele se consagra, seja pelo Batismo ou numa ratificação deste, PRECISA ser sempre HOMEM DE ESPERANÇA.
Precisamos cantar e gritar com força e audácia para este mundo sombrio e frio. Precisamos proclamar que o sol está chegando e que tudo será diferente.
Os medos, as incertezas, as trevas, os pânicos e muitas outras coisas ruins desaparecerão quando nós, filhos de Deus, Consagrados ao Senhor, a plenos pulmões soltarmos as nossas vozes e abrirmos as “nossas asas” convidando e anunciando aos outros que a cada dia, TEMOS
A CERTEZA “da visita do Sol nascente” (Cfr. Lc 2,78).
Fomos despertados, por Jesus, antes de muitas outras pessoas.
Despertemos e levantemos em meio às trevas; e antes que outros pássaros cantem outras músicas, outros cantos, cantemos nós o nosso cântico de Esperança...
Pois, não é verdade, que fomos colocados em meio às escuridões da vida de muitas pessoas, as quais nem conhecíamos?
Fomos estrategicamente posicionados para anunciar-lhes a vida de um Deus Vivo, e também, um Deus que dá a Vida.
Assim, meus irmãos, PERCEBAMOS hoje, ou melhor, AGORA as NOVAS FLORES e componhamos NOVAS CANÇÕES como verdadeiros e legítimos “pássaros do Senhor” porque O CHAMADO DELE NÓS JÁ TEMOS, como confirma o autor do Cântico dos Cânticos no capítulo 2,10-12: “Meu bem-amado disse-me: Levanta-te, minha amiga, vem, formosa minha. Eis que o inverno passou, cessaram e desapareceram as chuvas. Apareceram as flores na nossa terra, voltou o tempo das canções. Em nossas terras já se ouve a voz da rola.”
Com saudade e carinho,
CAMPINAS, 20 de Setembro de 2010
Marcelo Francelin
Comunidade Alpha e Ômega
1º Ano de Teologia.
Somos chamados a ser Homens e cristãos da Esperança .
ResponderExcluir"Os cristãos devem aprender a oferecer sinais de esperança e a tornarem-se irmãos universais" (Bento XVI).
Os homens de nosso tempo, embora nem sempre conscientemente, pedem aos cristãos não apenas para 'falar' de Jesus, mas 'fazer ver' Jesus'.Não basta tomar a Eucaristia senão nos tornamos Eucaristia viva.
Os homens e mesmo os cristãos devem perceber que "os cristãos" carregam a palavra de Cristo porque Ele é a Verdade, porque encontraram n'Ele o sentido, a verdade para a própria vida.
A consciência do chamado a proclamar o Evangelho estimula não apenas o fiel individual, mas todas as comunidades e as pessoas a uma renovação integral e a se abrir cada vez mais à cooperação missionária entre as Igrejas, para promover o anúncio do Evangelho no coração de toda a pessoa, de todo o povo, cultura, raça, nacionalidade, em qualquer nível. Essa consciência se alimenta através do trabalho dos consagrados, dos catequistas, dos Leigos missionários, em uma busca constante de promover a comunhão eclesial, de modo que possa se integrar em um modelo de unidade, no qual o Evangelho seja fermento de liberdade e progresso, fonte de fraternidade, de humildade e de paz".
Marcelo, obrigado por sua contribuição,cristãos precisam cultivar os "grandes ideais que transformam a história e, sem falsas ilusões ou medos inúteis, comprometer-se a fazer o Evangelho vivo e vivido . Abraço fraterno.