Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

Para você entrar em nossos artigos click nas imagens nas laterais e encontrarás os lincks dos artigos postados.

Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

sábado, 4 de setembro de 2010

A Palavra veio morar entre nós


Deus deixou a Palavra e o homem criou o palavrório.

Há um complô contra o silêncio: ruas, casas, lojas, clínicas estão povoadas por sistemas de som com música, anúncios, vantagens.
O lar está tomado pelo barulho da TV, do rádio, celular, telefone, aparelho de som.

Há barulhos nas imagens, anúncios nas estradas e vias públicas, sites de internet que também rompem o silêncio, às vezes com efeitos mais desastrosos ainda.
Por que temos tanta dificuldade em parar, fechar os olhos, permanecer silenciosos ou, silenciosamente, contemplar as pessoas que nos cercam, a paisagem oferecida gratuitamente?

É o medo de nós. Medo da vida que levamos e fingimos que não levamos.

Fugimos da palavra verdadeira, autêntica, que nasce do silêncio e por ele é guardada.
O silêncio é a embalagem mais preciosa para a palavra legítima que nos orienta.

Uma embalagem frágil, diga-se, e se prefere esmagá-la quando nos fala palavras que nos machucam por dizerem a verdade.

Mas, vida sólida não combina com barulho, pois, sem o silêncio, não é possível uma vida de combate à dispersão, à ânsia, à distração, ao vazio interior.
A solidão, o silêncio e a ascese permitem olhar face a face os pensamentos-tentações que nos afligem: não crer em Deus nem em nada, a conclusão de que tudo se acaba em nada, o peso dos pecados que leva a duvidar do perdão, a capacidade de ver o bem no ser humano.

O silêncio e a solidão nos obrigam a dar uma resposta a esses verdadeiros problemas, tão ocultos na vida social, mas tão exigentes para que possamos existir com sentido.
Ouvir o silêncio que fala, ouvir a Palavra de Deus exige que se calem as outras palavras, que se escute o outro, o irmão e a irmã que batem à nossa porta a fim de escutarmos seus problemas, sofrimentos, a palavra de sua vida.

Foi no silêncio eterno que a criação ainda informe e vazia ouviu a primeira Palavra do Criador: “Faça-se a luz!” (Gn 1,3). Essa Palavra continua a ecoar pela história daqueles que decidem tornar suas existências luminosas mas, somente é ouvida no silêncio.

E, sem a luz, a palavra não discerne o belo e o mau.

O barulho nos faz escutar o nada, leva-nos ao esvaziamento das profundezas de nosso coração, chegando a impedir-nos o grande grito silencioso e necessário “Das profundezas, Senhor, a vós eu clamo!” (Sl 129,1).

Silêncio – a Palavra veio morar entre nós

O silêncio é um caminho que se percorre no exercício perseverante e até árduo do encontro conosco.
Às vezes o silêncio espanta e vem a tentação de retornar ao barulho, ao palavrório vazio.
Prefere-se o sonambulismo espiritual, o não se conhecer em profundidade e se cai na alienação.

Numa espiritualidade movida a vácuo multiplicamos a ação, nos embebedamos para gritar falsas alegrias, transformamos o louvor em algazarra, o ato penitencial em gemido narcisista, a Liturgia em espetáculo, gritamos para Deus a fim de que ele não possa ser ouvido. Permaneceremos como semente lançada em chão sem profundidade.

“E a Palavra se fez carne, e veio morar entre nós” (Jo 1,14).

O Filho Eterno do Pai não veio ao mundo com palavras, mas como Palavra feito carne, vida, encontro, misericórdia.

Não Palavra de ensino, legalista, mas Palavra encarnada que nos narra o Pai, possibilitando-nos o confronto com aquele que, único, pode dizer: “Faça-se a luz!”.

Cristo-Palavra é o Filho estampado no rosto humano e permite decifrar Deus em cada rosto de homem, onde o Deus pessoal o trata como um “tu” e com ele estabelece diálogo.

Então o homem mergulha no Absoluto e recupera sua imagem dialogal – somente se é pessoa diante de um tu – e emerge indo ao encontro do mistério do próximo, dando um significado infinito ao rosto do outro.

Na Palavra que se manifesta na Bíblia o homem se descobre vivendo o barulho angustiado, tomado pelo nihilismo, “eu não existo, não sou nada” para, em seguida, alimentado pelo silêncio, descobrir que existe, que necessita de salvação e que o Senhor é essa salvação.

A Bíblia é uma Palavra, a Palavra é Cristo, Deus é uma Palavra: Amor.

Para fugir do Amor criamos palavrórios sedutores envolvidos em embalagens de teologias prolixas, criamos igrejas movidas a curas e milagres, competições denominacionais, proferimos conferências e sermões gritantes, colocamos o demônio em todos os problemas, transformamos o Cristianismo em terapia.

Não é necessário tanto palavrório. Servem apenas para fugir da verdade que é mais simples: é Palavra-amor no qual Cristo nos revela quem é Deus e, ao mesmo tempo, quem é o homem.(* http://www.paroquiadatrindade.com/viewarticle.php?ident=290)

Silêncio não significa só exclusão de palavras e não pode ser considerado somente no seu aspecto negativo.

Silêncio não é um estado de esquecimento, de vazio, de “nada”; ao contrário, o silêncio ao qual nos referimos distingue-se pelo seu caráter positivo, é uma linguagem que transborda de uma presença impregnada de vida, de solicitude, de oblação.

O silêncio a que aludimos, “faz falar pouco para ouvir muito”. A necessidade de se derramar em palavras inúteis vai diminuindo progressivamente, porque existe uma vida interior cada vez mais intensa, que se vai impregnando da pura atenção ao OUTRO ou Totalmente Outro- O Absoluto- que é Deus...É o silencio do egoísmo, das susceptibilidades, das vontades e dos caprichos.

Este silêncio é o comportamento indispensável para escutar Deus e para acolher a sua comunicação, é a atmosfera VITAL da Oração, da Salmodia e de todo Culto Divino.

Este silêncio é progressivo, amassado primeiramente em muito domínio, quer da língua, quer da imaginação e da memória. É deixar-se avassalar por uma Presença que não é outra senão Deus e daqui radica o silêncio do coração.

A necessidade e o valor do silêncio da língua – que é o mais elementar - encontram na Sagrada Escritura um precioso testemunho. Nas suas numerosas passagens recomendam:

O reto uso da palavra – Prov.10; 6-32 / 12; 18-19,22 / 15, 1; Ecl 23; 7-12 / 20; 1-7,18 ss

- Convidam a evitar a inconstância da palavra Ecl. 5; 9-15
- E os pecados da língua Ecl 23; 7-15 / 28; 13-26 - Conhece-se o gesto simbólico de tapar a boca com a mão Jo 21; 5 - Prov. 30; 32 - Ecl. 5; 2
- Relaciona-se o silêncio com a fortaleza Is. 30; 15
- E com a Justiça (Vulgata) Is. 32; 7

Além do silêncio ascético, o AT. Fala também do silêncio reverencial nas relações do homem com Deus - Lam 3; 26 / Os 2; 16 / Zac 2; 17
Este silêncio, contudo, no AT, salienta-se mais pelo temor servil do que pelo Amor filial.

No Novo Testamento, o texto mais significativo do silêncio ascético é o de S. Tiago 3,1-10 sobre o domínio da língua. Também Jesus condena as palavras que, procedendo de um coração mau, malicioso.. saem pela boca Mt. 15;19; cf. 5;22 e põe de sobreaviso contra as palavras sem fundamento que constituirão matéria de juízo – Mt. 12; 36.

Jesus, ao calar-se diante de Pilatos, eleva o silêncio a uma virtude heróica.

Ele recorda com os seus ensinamentos a importância do silêncio.
Retira-se para lugares desérticos e silenciosos para passar a “noite em oração” Lc. 6;12 – cf 22;39.

O NT apresenta também como modelos de silêncio MARIA Lc. 2; 19-51 / JOSÉ Mt. 1;10, João Batista...

O silêncio da palavra e das manifestações exigentes (violentas) do egoísmo dá passo ao silêncio interior.

Segundo a Patrística citaremos apenas alguns padres da Igreja a saber:

1. S. Gregório de Nazianzo recorda o “ deserto como fonte de progresso para Deus, de Vida Divina” e chama ao Louvor a “ filha do Silêncio”.

2. S. Basílio recorda o valor purificador e a vantagem da “solidão silenciosa” para o encontro com Deus

3. S. João Clímaco insere o silêncio na “escala de perfeição” (10º, 11º e 12º)

4. S. Ambrósio fala da “taciturnidade como remédio da alma” e compara a “quem fala muito com uma vasilha furada incapaz de conservar os segredos do Rei”

5. Stº Agostinho fala da “alegria de escutar silenciosamente”

Na tradição Monástica o costume de retirar-se para o deserto para escutar Deus, praticado pelos primeiros eremitas e monges, já remonta aos tempos de Moisés, Elias e os demais profetas . Tanto na vida eremítica como na vida cenobítica e vidas mistas, o silêncio é um elemento fundamental para se criar um clima de atenção a Deus.

Na vida cenobítica, desde os primeiros séculos, o silêncio aparece como PRECEITO DE PERFEIÇÃO, moralmente indispensável. Cassiano prescreve observar o silêncio rigoroso durante a noite, à mesa, no Coro e em todo o tempo que se emprega a cantar o Ofício Divino.

No nosso tempo temos exemplos luminosos de uma atração particular pelo silêncio: Stª Teresinha do Mº Jesus, Charles de Folcaud, mas principalmente a B. Isabel( Elizabeth) da Trindade, que é chamada também a “Santa do Silêncio”, que sentiu em si a missão de atrair as almas ao silêncio e ao recolhimento interior.

Divisão do silêncio:

Os Padres do deserto falam muitas vezes no silêncio como tarefa pessoal que nos conduz a uma verdadeira mudança do coração.

O silêncio leva-nos a uma experiência de desprendimento de nós mesmos, porque o silêncio não é só estar calado...

Silêncio exterior Silêncio interior Silêncio Divino


SILÊNCIO EXTERIOR:

No fundo, não é mais do que a condição ambiental (exterior) do silêncio interior; este silêncio exterior é necessário, como é também o recolhimento e a solidão, mesmo sabendo que nem sempre é possível e, por outro lado, é insuficiente em si mesmo para o pleno desenvolvimento da vida espiritual

a)Silêncio da palavra : Falar pouco com as criaturas e muito com Deus.
A palavra exterioriza pensamentos e sentimentos, esvaziando a alma do que lhe é mais íntimo e pessoal, e, quando a quantidade de palavras é elevada – o que supõe sempre palavras inúteis – tornam-na superficial e enfraquecem a sua capacidade de aperfeiçoamento.

Para evitar as palavras inúteis, pois elas são sempre indício de superficialidade – aconselha-se o uso de sinais convencionais. Recomenda-se, além disso, vigiar o tom de voz e servir-se, com calma, da palavra.

Um meio ótimo de auto-controle é o exame quotidiano, perguntando-se: quantas vezes falei, durante quanto tempo, qual o motivo que me levou a falar e com que intenção o fiz, etc.

É escusado dizer que, se não houve verdadeira necessidade para tomar a palavra e usá-la, provavelmente pronunciei palavras inúteis que me tornaram superficial.

b)Silêncio no trabalho e nos movimentos: Há que evitar uma atividade demasiado ruidosa, principalmente quando depende de nós o muito ou o pouco ruído, (os movimentos agitados, estrépitos), assim como uma atividade agitada ou exagerada, porque perturba a paz da alma, fazendo-a perder a sensibilidade no contato com Deus e tornando-a incapaz para escutar a Sua Voz.

O barulho, a agitação, a velocidade de movimentos, as correrias, fazem-nos entrar num círculo frenético e vicioso do chamado “ativismo”, onde o ser humano se deixa enrolar pela atividade impedindo a ação de Deus.

SILÊNCIO INTERIOR:

O silêncio interior, como se depreende da palavra que o classifica, é aquele que diz respeito ao nosso mundo interior, íntimo, que pode ser ajudado, só minimamente, pelo silêncio exterior.

Apesar daquele não poder, de modo algum depender deste, acontece muitas vezes que se desencadeia o crescimento do silêncio Interior a partir do exterior, porque o exterior criou um certo ambiente que propiciou a atração da alma para o interior.

Mas prestemos atenção ao reino interior, que há que pacificar e silenciar:

a)Silêncio da Imaginação e da memória: Enquanto o ser humano tem poder para “implantar” o silêncio nos seus movimentos exteriores, nos ruídos que a sua atividade pode suscitar, aqui, no ‘reino interior, tem pouco poder.

É todo um mundo em que só à força de paciência, perseverança e constantes esforços, poderá conseguir alguma coisa.

À partida, temos de saber que o verdadeiro silêncio só pode ser outorgado por Deus, e normalmente isto acontece só depois de muitos esforços da nossa parte.

Ele é um dom para a Contemplação.

O encontro com Deus exige a exclusão das dissipações da atividade interior, exercendo sobre a mesma um controle efetivo.

O homem, em primeiro lugar, tem de criar o ‘vazio’ nas suas ‘potências’ interiores desocupar a alma de uma forma muito ativa, esforçar-se constantemente por dominar – quanto dele possa depender - pensamentos, desejos...que normalmente se vão fixar naquilo que ama ou teme.

É o “desocupar o Palácio da alma” de Stª Teresa, nossa Santa Madre de recordações interiores que perturbam a paz, empregando todas as suas forças para entrar no recolhimento ativo.

Todo este trabalho de ‘silenciamento’ das nossas faculdades ‘sensíveis’ é muito necessário e até imprescindível para que o homem se encontre nas condições mínimas da verdadeira escuta.

Quando, por exemplo, o homem não é senhor de tudo o que a memória lhe quer apresentar, é óbvio que a dissipação o impeça de estar livre, e portanto está alheio a qualquer escuta.

Toda esta luta é progressiva, tudo é lento, mas, se houver a perseverança na luta de todos os dias, luta essa que deverá ser sempre decidida mas suave, chegará um dia em que tudo se simplificará.

Santa Teresa ao falar do recolhimento ativo, diz que a alma que se esforça todos os dias, ao fim de alguns meses – talvez perto de um ano – verá um grande proveito em si, e que chegará a não ter ‘trabalho’ para se recolher. Esta certeza – que pode oscilar entre mais ou menos tempo – dada por uma doutora da Igreja, Mestra de espirituais, e experimentada praticamente em todas as vias do espírito, deve ser um grande incentivo para nós.

b)Silêncio com as criaturas e Silencio do coração: Este silêncio é um dos mais necessários para aquele que procura “ver” a Deus, i.e., possuir o coração puro requerido para a pura contemplação.

É também chamado o silêncio do amor vigilante, que consiste em reagir, vigorosa e energicamente, contra todo o afeto puramente natural que se manifesta em pensamentos, conversas “interiores”, desejos demasiado ardentes, porque demasiado sensíveis, ‘à flor da pele’, como se costuma dizer, para se dirigir, com um movimento de fé e amor, para Deus.

O homem deve vigiar o desejo de satisfações contrárias à Vontade de Deus : prazeres, gostos, preferências, simpatias absorventes, etc , .tudo aquilo que dificulta a adesão total ao Senhor.

É necessário fazer calar estes desejos que dividem o coração humano através do exercício do ‘amor virginal’, desinteressado e disposto a renunciar a esses ‘objetos’ ‘amados’, i.e., desejados, sacrificando as próprias exigências egoístas pelo bem alheio, através do dom generoso de si mesmo.

Ao nível sobrenatural, há que mortificar a devoção demasiado ardente, sensível, simplificar a sua relação com Deus (não multiplicar as orações, as penitências) e aceitar em paz as purificações que se manifestam de mil e uma maneiras no dia-a-dia, e tudo aquilo que, na Providência de Deus, Ele permite para nos livrar cada vez mais dos nossos apegos e maus hábitos a fim de estarmos livres para o Amor.

Necessitamos, pois, para avançar nesta linha, de um grande espírito de fé para lermos tudo o que nos dói, tudo o que nos alegra ou entristece, à LUZ purificadora de Deus.

c) Silêncio do espírito e do juízo: A vida contemplativa do homem, quando chega a um certo nível de perfeição, pode resumir-se num só ato: abrir-se e escutar Deus, para receber a irradiação da Sua Luz, que só será possível se a inteligência permanecer livre e vazia de raciocínios, “razões” e juízos naturais, de investigações intelectuais e de intenções alheias a Deus .

Este silêncio de que nos fala S.João da Cruz na Noite do Espírito significa o despojamento total do intelecto, é o "nescivi" (nada sei) de S.Paulo e o “apagar qualquer outra luz” de Isabel da Trindade. Antes que Deus intervenha poderosamente com as suas purificações, o homem tem que fazer todo o possível por se purificar ativamente, só assim é que ELE poderá agir, numa alma que se dispôs com o seu próprio trabalho.

SILÊNCIO DIVINO:

Este silencio é o silêncio mais precioso que o homem pode alcançar; ele brota de uma vontade já totalmente decidida a estar sempre unida com Deus, na mais completa abnegação pessoal, é um dom oferecido pelo próprio Deus a todo aquele que se deixou trabalhar pelo seu FOGO (grandes ou pequenas purificações; aquelas descritas por João da Cruz ou aquelas de que o Santo não fala...tudo o que faz parte da nossa vida pode transformar-se em momento privilegiado de purificação = santificação)

O grande teólogo – P. Lacordaire Lagrange, deixou escrito que "este silêncio representa o supremo esforço da alma que sai de si mesma, sem saber nem poder já expressar-se. A pessoa, para atingir este nível que lhe é oferecido por Deus, deverá antes ter-se abeirado do último e supremo esforço humano na colaboração com o trabalho de Deus, só depois é que as ‘núpcias’ acontecem..."(Leitura recomendada: "AS EXIGÊNCIAS DO SILÊNCIO» - Anselm Grun- Ed. Vozes)

O Silêncio do Carmelo- ESPIRITUALIDADE CARMELITANA TERESIANA

Silêncio, solidão, Oração contínua, obediência e abnegação evangélica as 5 irmãs inseparáveis do Deserto carmelitano

- Tendo em conta tudo o que foi dito, podemos concluir que o Carmelo, para levar minimamente a cabo o seu “programa interior de silêncio” necessita de normas exteriores que o facilitem. Este programa, obviamente, só quer referir-se ao silêncio que abarca o da palavra e o da ação. Contudo, não queremos deixar de referir muito brevemente que o silêncio, no Carmelo, tem marca esponsal, e por isso, qualquer que seja o esforço por silenciar todo o bulício interior e exterior faz referencia a toda uma atividade amorosa e por conseguinte cheia de suavidade.

- Aqueles que entram no Carmelo, homens ou mulheres trazem consigo todo o mundo em que viveu: ruídos, recordações muito vivas, etc... o progresso no verdadeiro silêncio no deserto, identifica-se a 100% com o progresso na União com Deus, e é de prever que, por isso, a sua aprendizagem leve toda uma vida.

Silenciar todos os níveis do nosso ser, é uma tarefa de anos. O nosso Deserto é exigente, porque são as exigências do AMOR que estão em causa.

A meta do estilo de vida carmelitano -teresiano é «diretamente» Deus e isso implica a obrigatoriedade de um clima que lhe seja propício.

- Quem entra no Carmelo, depara com um reduzido número de normas que vai introduzindo pouco a pouco no âmago da vida de deserto e silêncio.

Ora, a atração que o Carmelo-Teresiano exerce normalmente tem muito a ver com a qualidade do silêncio reinante no Mosteiro, pois este silêncio não deve ser um silêncio qualquer, mas um silencio amoroso, porque relacionado diretamente com a Pessoa Divina.

- Acolhem-se as normas que ajudam a este silêncio, não como algo que impede a ‘minha liberdade em falar’, mas como expressões necessárias para a expansão da linguagem secreta do Amor.

- Quando a intimidade divina é profunda, o silêncio distingue-se pela sua “pureza”, onde os ídolos e os desejos alheios a Deus começam a estar ausentes.

O silencio do coração torna-se em ‘puro desejo de Deus’, ' saudades de Deus ', reflexo de um coração não dividido, nostalgia do Paraíso-Eden-Céu -Deus de onde viemos .

- O silêncio que se vai alastrando a todo o ser da pessoa, é o aliado mais eficaz de Deus! É o próprio Deus que avança na posse da pessoa e nada Lhe fica oculto, nada Lhe passa despercebido. Isto traz sofrimento. É a purificação dos ídolos pessoais, que em ambiente de deserto são postos em evidencia.

- A vida Carmelitana-Teresiana necessita de orientações concretas para silenciar os seus próprios quereres e desejos, a sua vontade. Ela necessita de ajuda!.

O silêncio interior é imprescindível à nossa peculiar vocação esponsal, e as normas que regem o silêncio exterior ajudam-no muito eficazmente.

Podemos distinguir, no Carmelo, dois tempos neste silêncio exterior, a saber

- GRANDE SILÊNCIO - PEQUENO SILÊNCIO

A Denominação ‘GRANDE’ ou ‘PEQUENO’ não se refere a que um seja maior do que o outro, mas tem a ver unicamente com que um deles seja mais rigoroso (o grande) do que o outro (o pequeno).

A norma de vida carmelitana-Teresiana diz expressamente sobre o grande silêncio: “ORDENAMOS QUE GUARDEIS SILÊNCIO DESDE COMPLETAS ATÉ DEPOIS DE PRIMA...”(hoje em dia não existe a Hora de Prime, implicitamente interpreta-se «...depois de Laudes»).

Importa realçar, por isso, o seu caráter rigoroso e estritamente obrigatório, porque imprescindível para haver «deserto» e «escutar» Deus. Esta exigência existe por causa do objetivo a atingir. Segundo seja o objetivo, assim lhe devem ser proporcionados os meios para o alcançar.

Não estranhemos, portanto, a radicalidade da vida carmelitana-teresiana perante um ideal tão elevado. No silêncio da noite ....a união com Deus torna-se mais profunda.( Faço esta experiência em minha vida a um longo tempo )
Este grande silêncio é de tal importância que não basta uma causa razoável para quebrá-lo, i.e., o Superior não pode conceder uma licença segundo o seu arbítrio, senão só quando há verdadeira e suficiente necessidade.

Inteiramente contrário ao espírito do estilo de vida carmelitano-teresiano, seria olhar este aspecto com certa “vista grossa”. Aqui, só uma verdadeira necessidade pode legitimar a ruptura do grande silêncio. Eis porque, para evitar quebrá-lo, no nosso deserto usa-se alguns “sinais” e “pequenos papeis” onde se escreve o que há que comunicar.

Descuidar este ponto, que a Vida Contemplativa introduziu precisamente para salvaguardar o silêncio, restaurado por Santa Teresa, expor-nos-íamos seriamente a destruir a realidade ambiental imprescindível para o deserto carmelitano-Teresiano e escutar a Deus.

Na Comunidade Alpha e Ômega este silêncio das primeiras horas ajudam preparar o coração para a escuta de Deus na oração, na formação e no dia a dia, no cotidiano do nosso viver em Deus em querer proclamá-lo : Deus somente Deus em tudo e sempre!

É de notar que a vida eremítica carmelitana tem uma feição diferente do das outras famílias de vida contemplativa, pois, das muitas que existem, poucas têm o predomínio da solidão purificadora que o Carmelo tem por patrimônio. Sem querermos cair nas ‘comparações’, devemos contudo ser fiéis no que nos caracteriza e distingue de tantas outras que, sendo igualmente um dom na Igreja, diferem do estilo carmelitano.

Há quem pense que todos os Contemplativos ‘tem uma vida similar’ e não é bem assim. Quando alguém vem pedir esclarecimento sobre o nosso estilo, devemos dar-lho com toda a clareza e convicção, sabendo indicar as diferenças entre o Carmelo e as outras famílias religiosas contemplativas (Cistercienses, Cartuxa, Clarissas, etc, etc.). É precisamente nesta diferença que a nossa vocação é peculiar na Igreja, que cada um tem o seu lugar na Igreja.

A nossa espiritualidade radica do eremitismo (= deserto) e aponta para uma vocação esponsal, de pura união com Deus, apesar da nossa organização exterior cenobítica.

O Silêncio é como o nosso ‘oxigênio’.

O Carmelo necessita de silêncio para ser o que é.

Para o pequeno silêncio que se há-de observar durante o dia, temos um preceito geral, cujo alcance há que compreender bem. De fato diz: «Guardar-se-á o silêncio com todo o cuidado a não ser que devam falar por coisas necessárias ou do próprio ofício e (...) para comunicar-se com as irmãs com prévia licença da Prioresa».

Estas são as duas únicas exceções que o carmelo tem.

É necessário especificar: Quanto à 1ª exceção - dizer coisas supérfluas, mesmo relacionadas com o ofício, ou perguntar coisas que podem ser feitas noutra ocasião (durante o Recreio teresiano) seria igualmente faltar ao silêncio, assim como dar muitas explicações inúteis. Nestes casos não seria respeitada a própria solidão do deserto.

O mesmo se diga para as relações de assistência fraterna que a Prioresa pode ou não permitir, segundo a prudência.

Perante a possibilidade de uma Regra ‘mitigada’ (Eugénio IV), Stª Teresa de Jesus quis renunciar a ela em favor desta restauração integral, daí que tudo o que seja sair deste deserto, será tido como exceção, sendo a Prioresa quem tem o dever de discernir se convém ou não permitir tal exceção.

A legislação teresiana restaurou a observância do silêncio em todo o seu rigor primitivo; a mesma solicitude estende-se a uma restauração integral do deserto.

Neste ponto há reforma e retorno à Regra Primitiva - a Regra de Stº Alberto - daí que o silêncio e a solidão constituam dois elementos primordiais que, de forma alguma, devemos separar.

A Espiritualidade Carmelitana -Teresiana ( o Carmelo) sem o silêncio e a solidão que lhe é específica assim como a oração contínua (desejo de Deus) não seria Teresiano e nem o Carmelo.

Deserto e Silêncio dois elementos fundamentais em equilibrio!

Desejo de coração que possas permitir o Verbo Palavra que se comunicoue se fez carne em nós , se torne em Ti o Comunicação do Verbo Eterno e do Amor por excelência.

Por isso busque o silêncio para não somente escutar a Deus mas para se escutar!

Deus o abençõe!
Pe.Emílio Carlos+

Ps: Este artigo ofereço as monjas do carmelo de Pouso Alegre, Sete Lagoas e Franca por onde estive pregando o retiro e aprendi muito mais com eleas do que as ensinei ...
Obrigado filhas de Santa Teresa .

Ps2:(*) indicação do link primeira parte deste artigo: http://www.paroquiadatrindade.com/viewarticle.php?ident=290 / http://pebesen.wordpress.com/

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