Esse tipo de conhecimento nos torna sensíveis à presença de Deus em todos os nossos ambientes.
Pela única maneira segura, pela experiência, a meditação nos ensina que a presença de Deus não está fora de nós.
Ela é interior porque é a presença que constitui e integra os mais profundos fundamentos de nosso ser.
Ao sentirmos isso, não mais buscamos a presença de Deus apenas nas externalidades de nossa vida, ou em maneira transcendente. . . .[Não] mais procuramos possuir ou manipular Deus.
Em vez disso a presença dele nos apreende, interna e externamente, porque sabemos que a presença permeia todas as coisas, e é o fundamento de tudo o que é.
Ser possuído por Deus, dessa maneira, é a única liberdade verdadeira.
A tirania do amor é o único verdadeiro relacionamento.
É inevitável termos medo disso, à medida que isso se desenvolve e aparece durante nossa peregrinação, porque nosso entendimento inicial da liberdade é tão diferente.
Ingenuamente, imaginamos que seja a liberdade de escolha do que fazer, em vez de ser.
Todavia, caso tenhamos a coragem de ser suficientemente simples e humildes para entrar para a liberdade real, descobrimos, em nosso interior, o poder da fé que é inquebrantável.
A confiança cristã é a descoberta dessa inquebrantabilidade, e essa confiança confere poder à dádiva do ser e, portanto, também fundamenta a compaixão, a tolerância e a aceitação.
Essa descoberta nos torna maravilhosamente seguros em nossa própria existência, e nessa segurança ganhamos o poder de baixar as nossas defesas, e de nos tornarmos disponíveis para os outros. Nossa fé é inquebrantável, e não rígida, porque ela é una com o sempiterno fundamento do ser.[...]
A maior dificuldade é a de começar, dar o primeiro passo, e se lançar para as profundezas da realidade de Deus que se revela em Cristo.
Uma vez que tenhamos deixado para trás as praias da nossa identidade, logo aproveitamos as correntezas que nos conferem movimento e direção.
Quanto maior a nossa quietude e atenção, tanto mais sensível será nossa reação a essas correntezas.
Assim, também, nossa fé se torna mais absoluta e verdadeiramente espiritual. Por meio da quietude no espírito, nos lançamos ao oceano de Deus.
Caso tenhamos a coragem de sair da praia, não fracassaremos em encontrar essa direção e energia.
Quanto mais nos afastamos, mais forte torna-se a correnteza, e mais profunda nossa fé. Por algum tempo, o paradoxo de que o horizonte parece estar sempre se afastando, desafia a fé.
Para onde estamos indo com essa fé mais profunda?
Quando é que chegaremos?
Então, gradativamente, reconhecemos o significado da correnteza que nos dirige, e compreendemos que o oceano é infinito.
D. John Main, OSB
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