«Hoje vimos maravilhas!»
Um dia, quando Jesus ensinava, estavam ali sentados alguns fariseus e doutores da Lei, que tinham vindo de todas as localidades da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e o poder do Senhor levava-o a realizar curas.
Apareceram uns homens que traziam um paralítico num catre e procuravam fazê-lo entrar e colocá-lo diante dele.
Não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao tecto e, através das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus.
Vendo a fé daqueles homens, disse: «Homem, os teus pecados estão perdoados.»
Os doutores da Lei e os fariseus começaram a murmurar, dizendo: «Quem é este que profere blasfémias? Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?»
Mas Jesus, penetrando nos seus pensamentos, tomou a palavra e disse-lhes: «Que estais a pensar em vossos corações?
Que é mais fácil dizer: 'Os teus pecados estão perdoados', ou dizer: 'Levanta-te e anda'?
Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, o poder de perdoar pecados, ordeno-te disse ao paralítico: Levanta-te, pega na enxerga e vai para tua casa.»
No mesmo instante, ergueu-se à vista deles, pegou na enxerga em que jazia e foi para a sua casa, glorificando a Deus.
Todos ficaram estupefactos e glorificaram a Deus, dizendo cheios de temor: «Hoje vimos maravilhas!»
A luz é suave e é bom contemplar o sol com os nossos olhos de carne [...]; é por isso que já Moisés dizia: «Deus viu que a luz era boa» (Gn 1,4). [...]
Como é bom para nós pensar na grande, verdadeira e indefectível luz «que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1,9), isto é, Cristo, o Salvador do mundo e seu libertador. Depois de Se ter revelado ao olhar dos profetas, fez-Se homem e penetrou até às últimas profundezas da condição humana. É d'Ele que fala o profeta David: «Louvai a Deus, cantai salmos ao Seu nome, abri caminho Àquele que cavalga sobre as nuvens; o Seu nome é Senhor! Exultai na Sua presença»! (Sl 68,5) E ainda Isaías, falando bem alto: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles» (Is 9,1). [...]
Assim, portanto, a luz do sol, vista pelos nossos olhos de carne, anuncia o Sol espiritual da justiça (cf Ml 3,20), o mais suave que alguma vez Se elevou, para aqueles que tiveram a felicidade de ser instruídos por Ele e de O ver com os olhos de carne, enquanto Ele permanecia entre os homens, como um homem vulgar. E, no entanto, Ele não era apenas um homem vulgar, uma vez que tinha nascido verdadeiro Deus, capaz de dar a vista aos cegos, de fazer caminhar os coxos, de fazer ouvir os surdos, de purificar os leprosos e de trazer os mortos à vida com uma simples palavra (cf Lc 7,22).
Sobre o Eclesiastes, livro 10, 2; PG 98, 1138
A†Ω
Nenhum comentário:
Postar um comentário