Viver o deserto
Se a Igreja não nos pede para partir para o deserto como Cristo, podemos no entanto, no meio dos homens, permanecendo em contato com eles, procurar também nós, viver o “deserto”, na oração, solidão, e fazer silêncio de realidades inúteis ou secundárias.
Jesus é o melhor exemplo para viver tudo isso. Muitas vezes, procurou a solidão e o silêncio, afastando-se dos amigos e das multidões, para poder falar a sós com o Pai, e pediu aos seus discípulos para também fazê-lo…”quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta”. (Lc 6,6)
Viver o espírito do “deserto”, pode ser uma maneira de voltar a dar um caráter sério e Sagrado à palavra. É bom fazer ascese de palavras, disciplinar aquilo que proferimos, para conseguir a harmonia pessoal, com Deus e o próximo, que procuramos alcançar neste tempo tão especial que este mês nos proporciona com um contato mais íntimo com a Palavra de Deus.
A nossa palavra inconsciente ou falsa pode ter consequências desastrosas, mas se ela for verdadeira, coerente com aquilo que acreditamos, ela pode transformar-se num testemunho vivo, numa semente de algo para descobrir para quem a ouvir.
Afinal, “o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que vem da boca de Deus”. (Mt 4,4)
Na nossa cultura moderna, a beleza da interioridade, que a solidão, o silêncio e a oração constroem, desaparece facilmente.
É-nos imposto uma necessidade constante de ruído. Quantas pessoas não ligam a televisão ou o rádio para não se sentirem só.
O silêncio é visto como algo negativo, como ausência de algo, e não como algo para saborear, uma presença, condição para qualquer presença verdadeira.
O mundo silencioso não é um mundo vazio, mas oferece-nos a possibilidade de nos concentrar e ter uma vida interior…uma vida de intimidade que nos abra para Deus.
Meditemos nestas palavras : “A solidão proporciona um encontro com o eu, com a Palavra meditada, com a análise serena dos acontecimentos da vida, com a companhia de um bom livro…
Sugiro por isso, um espaço maior com a Palavra de Deus, de espaços de deserto onde se deixam as preocupações quotidianas e, com mais ou menos tempo, me encontro comigo ouvindo o silêncio interior.”
E ouviremos assim o Deus que em nós habita e fala e se revela no interior de nossos corações e nos fala pelo seu espirito através da Palavra revelada que recebemos e deixamos incutir em nós.
Com minha benção
Pe. Emílio Carlos+
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