A tradição muçulmana admite uma preparação mais próxima, partindo das alusões e das declarações contidas no Alcorão (3/41-49).
Quando Maria ia ao Templo buscar água, em companhia de José, os Anjos se postavam diante dela, na ida e na volta, dizendo-lhe: “Ó Maria, Deus te escolheu e purificou e te escolheu acima de todas as mulheres do mundo” (3/41).
Existe um parecer que afirma que Maria tinha o uso da razão e da palavra, desde o seu nascimento; neste conceito, a mensagem dos Anjos lhe fora dirigida naquele momento; o que não exclui que a mensagem tenha sido repetida outras vezes.
Em todo caso, esta magnífica proclamação da santidade e da dignidade supereminente de Maria é muito apreciada pelos muçulmanos.
No Alcorão a Anunciação é relatada nos versículos 15-21, do capítulo XIX, em prosa, rimada e cadenciada, sendo, provavelmente o texto mais antigo do Alcorão.
A cena é apresentada em três tempos: a aparição súbita e a mensagem do Espírito, a resposta tímida e receosa da Virgem, a declaração apaziguante do mensageiro, seguida da concepção.
Eis o texto na amostra de uma nova tradução: “Menciona o Livro que Maria, no momento em que se afasta dos seus, para o lado do Oriente, estabelece a separação.
‘Nós lhe enviamos o Nosso Espírito; ele lhe apareceu sob a forma de um homem’.
Ela disse: ‘Encontro o meu refúgio em Deus, longe de ti..., se tu o temes...’
Ele lhe disse: ‘Eu sou apenas o enviado do teu Senhor, para que possa dar-te um filho puro.’
Ela contestou: ‘De onde me virá um filho, se nenhum homem me tocou e eu não sou uma mulher dissoluta?’
Ele explicou: ‘Esta é a palavra do teu Senhor: isso, para mim, é fácil, para que façamos dele um sinal para os homens e a misericórdia de nossa parte.E isso é coisa decidida.’
Ela o concebeu e com ele se afastou para longe’.”
J-M. Abd-El-Jalil,
Marie et l´Islam (Maria e o Islã), p. 31
Ed. Beauchesne, 1950
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
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