Sente-se o ar puro e seco. O céu, sereno; porém, em tudo, existe a aparência precisa dos dias de inverno. O campo, despojado de seus verdes, parece mais vasto. Os pastos apresentam ervas ralas, queimadas pelos ventos do inverno. Sobre as pastagens, os rebanhos buscam um pouco de alimento e esperam o nascer do sol que surge, lentamente. Eles se aconchegam uns contra os outros porque também sentem frio. (...)
Maria está sobre um burrinho cinza, bem agasalhada, envolta em denso manto (...)
José caminha ao seu lado, com a rédea na mão. De quando em vez, pergunta: “- Estás cansada?”
Maria olha para ele, e responde, sorrindo: “ - Não”. Na terceira vez, ela acrescenta: “- Acho que deves estar cansado, José, pois estás caminhando, há bastante tempo.”
Os dois seguem, silenciosos.
Dir-se-ia que a Virgem, quando em silêncio, recolhe-se em oração interior. Sorri, suavemente, a um de seus pensamentos e mesmo tendo os olhos pousados sobre a multidão, parece não ver ninguém: nem homens, nem mulheres, idosos ou pastores, ricos ou pobres. O que ela vê diante de si é algo só dela.
“- Tens frio?” pergunta José, preocupado com o vento que se intensifica.
“- Não, obrigada.”
Mas José sabe que ela não quer incomodá-lo.
Toca, então, os pés de Maria, que se estendem sobre o flanco do animal.
As sandálias, aparecem sob a longa veste. Ele percebe que os pés de Maria estão frios, porque sacode a cabeça e se ampara de uma coberta que estava na sacola a tiracolo, estendendo-a sobre Maria, cobrindo-a até os ombros, para aquecer-lhe as mãos, sob a manta e sob a coberta.
Maria Valtorta,
O Evangelho como me foi revelado, Volume I
www.maria-valtorta.org/Publication/TOME 01/01-046.htm
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