Amar a própria vida é perdê-la. Doar-se é passar pela morte para ressurgir em vida plena.
Beber de seu cálice de amor é perder-se N'Ele, por Ele e para Ele!
Se me perguntarem qual foi o dia que me senti chamado ao sacerdócio, não tenho, pois, creio eu que desde o ventre de minha mãe o Senhor já me havia consagrado como relata o profeta Jeremias. Este chamado foi sendo descoberto e amadurecido em meu coração ao longo dos anos e cada dia o Senhor me chama, portanto preciso corresponder ao Seu chamado.
Encantei-me por esse Ministério, e este encanto traduziu-se em amor e dedicação a esta obra do Pai. Sei que não fiz muito, mas Deus sabe o amor que tenho por esse ministério. Recordo o ardor missionário que brotava em cada coração dos meus amigos de seminário , na faculdade, mesmo nos anos de tanto estudo e renúncias para alcançar uma meta nossos objetivos e ideal.
Lembro-me das intercessões em nossos recreios, após as aulas, da adoração ao Santíssimo Sacramento, das Orações, das nossas fugidas a casa de Maria Gabriela nossa “mãe” querida que rezava conosco e que nos aconselhava em meio as dificuldades.
Foram anos onde muitos de nós dissemos "SIM" ao Pai e foi no ano de 1987 que o Senhor aceitava minha entrega e me ungia com seu santo óleo. Que bênção!
Dentro do Ministério pude construir grandes e verdadeiras amizades que fizeram compreender que a amizade quando provém do Cristo, é mais que amizade, é fraternidade, é família!
Portanto, quero expressar nessas poucas e simples palavras, porque não dá pra descrever tudo, o quanto sou grato a Deus por me ter dado a graça deste santo Ministério e a ter vocês como grandes amigos e irmãos na fé.
A messe é grande e poucos são os operários, conto com vossas orações, pois vocês são co-responsáveis pela minha vocação. Sei que não é fácil, mas na força de Deus e pelo poder do Espírito Santo, respondo: “ Eis-me aqui Senhor Jesus”! Sou muito grato a Ele. Estou feliz! Agradeço este tão sagrado presente.
Como disse Santa Teresinha: "Devo florescer onde Deus me plantou" Pois bem! Floresça neste Ministério a serviço do bom Deus no meio do povo santo que ele congregou.
Neste meu aniversário de 23 anos de Ordenação Sacerdotal ( 20 de 12.1987/20.12-2010) ganhei este cálice no sábado quando celebrava 23 anos de minha primeira missa que foi no dia 24 de dezembro de 1987 santa Vígilia do Natal, da minha comunidade Paroquial e fiquei a refletir: Jesus beber do teu cálice e assim brotou-me nos lábios esta oração que elevei ao Senhor no ínicio destas breves linhas.
Mas não vou mentir que após proferí-las bateu-me um grande medo interior, o que pode Ele pedir para mim?
E logo fiquei pensando em tantas coisas.
No que interiormente escutei como que lá no mais profundo de minha alma: "Que mais poderia eu te pedir senão: "Ame...Ame como eu vos amei!"
Então supliquei a Ele como fazer isto para atingir a plenitude do Amor em minha vida e refletir a minha vida em Deus.
Então como pensar em seu Amor refletido na minha vida, senão elevar minha alma até o Getsemani, ao Calvário.
O Getsemani revela a mim o que aconteceu entre o Pai e o Filho, o preço que o Filho teve que pagar e o que deu a Seu sacrifício dignidade infinita.
No âmago de tudo isto está a expressão: “Não a minha vontade!”
Aquieta minh’alma; pondere e ore enquanto observa o que aconteceu quando Ele mesmo, o seu Salvador, aprendeu a dizer estas palavras a fim de ensiná-las a você.
Aqui quatro grandiosas maravilhas de toda a eternidade.
A primeira é: O Pai oferece a Seu Filho o cálice da ira para que beba. É surpreendente notar que a Bíblia fala em apenas dois cálices. Há o cálice de benção ou de ações de graças (Sl 15,5, 22,5, 115,13, I Co 10,16) e há o cálice do tremor ou desolação (Sl 10,6, Is 51,17, 22, Ez 23,33).
A vontade do Pai era que o Filho bebesse este cálice para que pudesse fazer a reconciliação dos nossos pecados. O Pai coloca o cálice da Sua ira contra o pecado nas mãos do Seu Filho.
A segunda maravilha: O Filho, embora sempre obediente, deve em seguida provar e esvaziar o cálice da morte amaldiçoada de homens pecadores. Ele roga para que possa ser poupado de beber este cálice. Ele experimenta a repulsão da Sua vontade humana e sente que sua vontade não é a vontade do Pai. Ele teme a morte. Mas Ele teme mais ainda ser desobediente, e mesmo enquanto Ele diz: “Não a minha vontade”, a luta O faz suar grandes gotas de sangue.
A terceira maravilha: O Filho aceita o cálice, tão repugnante para a Sua alma perfeita.
Ele sacrifica Sua própria vontade. Ele se levanta e vai no Seu caminho para fazer a vontade do Pai, para beber o cálice até a última gota, até mesmo para ser desamparado por Deus.
Todas estas maravilhas: “Não a minha vontade”. Isto era o que o Pai desejava do Filho. Isto é o que tornou o Filho tão glorioso aos olhos de Deus.
A vontade própria foi à única raiz de todo o pecado e somente “Não a minha vontade” poderia vencer e triunfar sobre o pecado. Somente isso poderia abrir o caminho e nos mostrar o retorno para Deus: que sem levar em conta o custo, o homem pudesse ao final dizer: “Não a minha vontade”. Jesus disse isto por toda a Sua vida, dia após dia. E graças a Deus Ele triunfou no exame final no Getsemani e assim assegurou-nos a salvação.
“Não a minha vontade!” Estas palavras são o segredo, a chave de nossa salvação.
Através dessas palavras a obediência de Jesus se tornou o poder para a expiação dos nossos pecados. Por causa destas palavras, todos os pecados de nossa vontade própria podem ser perdoados para sempre; pesadas na balança elas excedem em muito toda a vontade própria com as quais nós havíamos deixado Deus irado.
E agora, aquelas mesmas palavras se tornaram vida para nossas almas. Aquilo que constituiu o poder da redenção em Cristo é também a nossa fonte de poder.
Fomos crucificados com Cristo, compartilhamos da Sua disposição no levar a cruz. Com Ele, através d’Ele e n’Ele também dizemos até mesmo à morte: “Não a minha vontade!”.
Devemos compreender que sem o Espírito Santo “não a minha vontade” parece um peso insuportável. Mas Deus não nos pede que digamos isto na nossa própria força.
A alegria no Espírito Santo o faz possível e fácil. Da mesma maneira que com estas palavras o Filho se ofereceu a Deus como sacrifício agradável, possa eu usá-las para oferecer a minha vida no altar, oferta santa agradável a Deus.
Ó Espírito de Deus, Espírito do Getsemani e do Gólgota, sopre sobre mim para que a minha oferta seja “Não a minha vontade”.
Cristãos, permita-me perguntar-lhe: este Cristo, para quem “Não a minha vontade” era vida e alegria, é Ele o seu Cristo?
É Ele o Cristo a quem você ofereceu a sua vida para que possa fazer de “Não a minha vontade” o seu voto também?
Estas palavras de Jesus glorificaram-No aos olhos de Deus; será que elas o Glorificaram aos seus olhos enquanto Ele o chama e o fortalece para o mesmo ideal?
Rogo-lhe que se você deseja ardentemente experimentar a benção do amor de Deus, permita a este Cristo, o Cristo de “Não a minha vontade”, viver em seu coração.
Em coisas grandes e pequenas, em seu relacionamento com Deus e com os homens, possa “não a minha vontade” ser sempre o seu amor e a sua vida, dia após dia, em Cristo, pelo poder do Espírito Santo.
Ajoelho-me diante do seu precioso Sim e de seu Cálice de amor agora e digo a Ele que pela fé em Seu triunfo no Getsêmani assim será! “Não a minha vontade!”
Diante deste cálice que ganhei rezo como o salmista: “Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido. É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos. Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, vosso servo que nasceu de vossa serva; mas me quebrastes os grilhões da escravidão! Por isso oferto um sacrifício de louvor, invocando o nome santo do Senhor”. (Salmo: 115 (116B), 12-13. 14-15. 16-17)
Ele tem cuidado de nós! Não é pouca coisa ser cuidado pelo Senhor! Nem é pouca coisa ser, sem nenhum merecimento escolhido por Deus!
Eu peço a Deus que nesse aniversário me dê forças novas, pra prosseguir até o fim mesmo sem entender muitas vezes, mas dizer sempre ainda que relutante: Não a minha vontade!
E que minha vida possa ser reflexo de Deus!
Com minha pobre benção
Pe.Emílio Carlos+
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