as profundas cavernas do sentido...,
Ó chama de amor viva,
que ternamente feres
dessa minha alma o mais profundo centro!
15 DE DEZ. – O FOGO
Seja grato(a) a Deus pelo amor que Ele nos mostrou em Se tornar homem.
Seja grato(a) para com os seus pais e parentes.
- Como posso ser grato(a) para convosco?
que ternamente feres
dessa minha alma o mais profundo centro!
Se já não és esquiva,
acaba já, se queres,
ah! Rompe a tela desse doce encontro!
Ó cautério suave!,
ó regalada chaga!,
ó mão tão leve, ó toque delicado!,
que a vida eterna sabe,
a dívida selada!
Matando, a morte em vida transformada.
A queimadura suave de amor produz “a chaga de amor suave e assim, será regalada suavemente” .
O cautério (fogo) é o Espírito Santo, a mão é o que o Pai, é o toque delicado com que me tocaste e me chagaste na força de teu mistério” (2 livro da Chama viva de amor, 16).
No livro “Cântico Espiritual”, São João da Cruz afirma que ” o Verbo Filho de Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, essencial e presencialmente escondido no íntimo ser da alma. Para achá-lo deve, portanto, sair de todas as coisas segundo a inclinação e a vontade e entrar em sumo recolhimento dentro de si mesma” (Cântico Espiritual 1,6).
Em tudo encontramos a marca da presença trinitária.
O Pai criador de todas as coisas e mantém a essência e existência de todo o criado.
O Verbo, Filho de Deus, modelo do homem novo, novo Adão, o Unigênito de nova humanidade, espiritualmente recriada, ressuscitada. O Espírito Santo é o Artífice do Reino, o Santificador, o fogo que ilumina, aquece e transforma tudo segundo o Eterno desígnio do Pai.
Há três espécies da presença de Deus na alma, segundo São João da Cruz, ou seja, “a primeira (presença natural) é por essência: desta maneira Ele está presente não só nas almas boas e santas, mas também nas más e pecadoras, assim como e todas as criaturas.
A Segunda (presença espiritual) é pela graça, em que Deus habita na lama, satisfeito e contente com ela; nem toda gozam desta espécie de presença, pois as que estão em pecado mortal perdem-na; e a alma não pode saber naturalmente se a possui.
A Terceira (presença afetiva) é por afeição espiritual, e em muitas almas piedosas, costuma Deus conceder algumas manifestações espirituais de sua presença por diversos meios, a fim de proporcionar-lhes consolação, deleite e alegria.
Essas presenças são também, como todas as outras, encobertas; nelas Deus não se mostra tal qual é…” (Cântico 11,3).
Podemos, analogicamente, atribuir ao Pai a presença natural, ao Filho a presença espiritual, sobretudo, através do seu Corpo místico que é a Igreja, sacramento de salvação e ao Espírito santo a presença afetiva, que nos faz saborear interiormente a ação de Deus.
Podemos vislumbrar as conseqüências destas modalidades de presença de Deus na vida da Igreja, por exemplo, na liturgia, nas atividades pastorais, na reflexão teológica, na família, nas relações sociais, além, obviamente, de percebê-la na nossa vida pessoal.
Que os escritos de São João da Cruz nos ajudem a entrar ciranda da trindade Santa e cantar eternamente a formosura do nosso Deus sumamente amado.
um no outro residia,
e esse amor que os une,
no mesmo coincidia
com o de um e com o de outro
em igualdade e valia.
três pessoas e uma amado
entre todos três havia;
e um amor em todas elas
e um só amante as fazia,
e o amante é o amado
em que cada qual vivia;
que o ser que os três possuem,
Cada qual deles o possuía,
e cada qual deles ama
à que este ser recebia.
Este ser é cada uma
e este só as unia
num inefável abraço
que se dizer não podia.
pelo qual era infinito
o amor que os unia,
porque o mesmo amor três têm,
e sua essência se dizia;
que o amor quanto mais uno,
tanto mais amor fazia
Ó lâmpadas de fogo,
em cujos resplendores
as profundas cavernas do sentido,
que estava escuro e cego,
com estranhos primores
calor e luz dão juntos ao seu Querido!
Quão manso e amoroso
despertas em meu seio,
lá onde tu secretamente moras,
nesse aspirar gostoso
de bem e glória cheio,
quão delicadamente me enamoras! [São João da Cruz]
«Esta chama de amor é o Espírito Santo que a alma sente em si, não só como um fogo que a transforma em suave amor mas como fogo que, além disso, arde dentro de si e lança chamas que banham a alma em glória e a refrescam inundando-a da vida divina.
De tal maneira o Espírito Santo atua na alma transformada em amor que ela ama subidissimamente e a vontade da alma, um só amor faz com aquela chama.
Assim, todos os atos de amor feitos pela alma são preciosíssimos e num só ato de amor a alma merece mais e vale mais que em tudo quanto fez em toda a sua vida.
Neste estado, estando a alma transformada em amor, já não pode fazer nada de seu, pois o Espírito Santo que está nela como o fogo num madeiro em brasa, é quem faz todas as ações pela alma assim chegada a este grau de união divina.»
Que durante este dia o Espírito Santo, «chama viva de Amor», nos ajude, nos guie e nos faça merecedores da Sua graça.
Que a alegria da nossa vocação nos leve a voar mais alto pelas sendas do Amor de Deus.
Qualquer que seja o contexto de vida em que vivemos, deixemo-nos seduzir com Deus, pelo Seu terno Amor!
Pois, «De Deus não se alcança nada, se não é por amor!». O Amor, merece ser amado!
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
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