Pedimos a intercessão de Maria hoje:
- O Evangelista era médico, e assim sendo, ele ressalta alguns detalhes que os outros Evangelistas não narram. Ele sabia perfeitamente como se dava o parto de uma criança, como se dava a geração no claustro materno; como eram portanto as circunstâncias que cercavam um ato tão extraordinário que é o nascimento.
Cada uma das doze tribos hebraicas dividia-se e subdividia-se em famílias, e que guardavam uma relação muito marcante com o lugar do nascimento dos seus membros.
Havendo também uma ligação social muito grande com o lugar onde nascia cada família. E assim, o povo de Deus, se dividia em verdadeiras colméias humanas, tendo como cabeça o chefe de cada tribo; eles se dividiam em famílias, famílias, famílias... todas elas muito entrelaçadas entre si e ligadas ao local de origem.
E nós temos então José, que é descendente de Davi, e este como sua cidade de origem, Belém.
Quirino, governador da Síria, do Império Romano, resolve saber perfeitamente quem era quem dentro do povo judeu, e decreta o recenseamento do povo. Esse recenseamento era para tê-los todos bem conhecidos, muitos bem fichados segundo o sistema e método daquele tempo, onde não havia computadores, nem departamento de polícia federal para controlar todos as pessoas, e era então preciso que cada um se apresentasse à sua cidade de origem.
Temos então que essa contingência história, política e social, impõe que José deixe Nazaré e vá fazer uma viagem a Belém.
De Nazaré a Belém nós temos 150 km. Ele poderia ter deixado Maria em Nazaré, mas acontece que Ela já estava no nono mês, e deixá-La só, era complicado.
Não sabemos se Maria também tinha a obrigação de se apresentar em Belém por causa do recenseamento; esse é um dado histórico que nos escapa.
Mas o certo é que José não quis deixá-La só, certamente com vistas às revelações proféticas, claríssimas, do Antigo Testamento, que talvez tenha sido feita a Ela, que o Menino nasceria em Belém, e que ocuparia o trono de Seu pai Davi.
Ela evidentemente movida por essas razões e mais ainda, pelo próprio sopro do Espírito Santo, resolveu ir junto. A viagem deve ter sido muito incômoda, pois nas circunstâncias em que Ela se encontrava fazer uma viagem de três a quatro dias, não era fácil.
Ainda mais tendo que acompanhar uma caravana.... Hoje em dia 150 km nós fazemos em uma hora e meia, duas horas quando muito, mas naquele tempo era uma viagem longa, caminhos terríveis.
Os romanos, à medida que iam dominando este ou aquele povo, esta ou aquela região, eles iam pondo em prática todo o senso de organização que tinham e iam abrindo as estradas. Ainda hoje em certos lugares da Europa como por exemplo em Salamanca - os romanos faziam pontes que ainda hoje são superiores às modernas: Há em Salamanca duas pontes, uma feita recentemente e a outra feita pelos romanos há mais de dois mil anos.
Pois está dito que os caminhões devem passar pela ponte feita pelos romanos porque a ponte feita pelos homens atualmente, não agüenta o peso dos caminhões.
São Lucas que é muito delicado nos diz - está no texto do Evangelho que faz parte de nossa meditação - que Maria deu à luz e envolveu o Menino em panos e O colocou no Presépio.
Como?
A Alma de Nosso Senhor foi criada na Visão Beatífica.
Ela contemplava a divindade face a face. Nosso Senhor teve sua Alma desde o momento de sua criação, na Visão Beatífica.
Ora, nós sabemos pela teologia tão bem explicada, especialmente por Santo Tomás de Aquino, que uma alma na visão beatífica deve ter o seu corpo no estado de glória. É uma lei. Quem entende compreende perfeitamente isso, porque se a alma tem a Deus como visão, o corpo deve ser espiritualizado.
E o que vai acontecer no dia do Juízo, com todos aqueles que estiverem à direita de Deus quando retomarem seus corpos, estes estarão gloriosos e, sendo corpos gloriosos, se deslocarão com a velocidade de um pensamento, não sofrerão mais, vestir-se-ão como quiserem.
Não será preciso nem costureira, nem alfaiate, o próprio pensamento revestirá o corpo; cada um terá segundo a sua imaginação, sua veste instantânea, bastará somente imaginar a roupa com a qual quer aparecer...
E assim foi Nosso Senhor quando nasceu: Corpo Glorioso. E Ele entretanto, teve durante toda a sua vida o corpo padecente como o nosso, porque Ele queria sofrer como nós.
E nós temos diante de nós esta cena magnífica. Pobreza a mais não poder. O Menino Jesus com um trono que é uma manjedoura, umas roupas que são uns panos simples; os cortesãos que são Maria e José, que não têm teto, um boi e um burro; o incenso certamente é uma névoa fria que entra e penetra na gruta.
Palácio: uma gruta; teto, teias de aranhas. Há nove quilômetros dali estava um palácio onde havia ouro, onde havia superabundância, onde havia luxo, havia gozo de vida.
Na gruta temos alguém que é Mãe e é Virgem, e nisso temos uma lição que Deus nos dá: o quanto Ele ama a virgindade e o quanto Ele ama o matrimônio perfeito, o matrimônio bem levado.
Nós vemos uma Virgem, um pai que é pobre mas é inteiramente cumpridor da palavra de Deus e da vontade de Deus, e nós temos um Bebê que é a própria inocência.
Então nós temos a virgindade, o matrimônio, a inocência.
Há nove quilômetros dali nós temos a podridão moral, nós temos o incesto, nós temos...oh!... os horrores morais, nós temos o horror à virgindade, nós temos o horror à virtude, nós temos o que há de pior, e tudo isto encaixado dentro do Império Romano, Império que São Paulo recriminará em sua "Epístola aos Romanos" logo no capítulo primeiro.
Ó Virgem Santíssima, dai-nos a graça para que nosso coração, mais do que a gruta em Belém, mais do que a própria cidade de Belém, esteja preparado para receber o vosso Divino Filho.
Que Ele nasça não só na gruta, mas também no fundo de nossos corações. Que Vós, ó Mãe, com São José, esteja presente em nossos corações, para que assim, possamos ter no mais intimo de nosso ser, a Vossa presença, a de São José, e sobretudo, o nascimento do Menino Jesus.
Que a Inocência seja dentro de nossos corações uma tocha como eram as tochas na gruta em Belém para iluminar a Inocência-substancial.
Que nossos corações amem a virgindade, compreedam o verdadeiro sentido de matrimônio, que os nossos corações sejam verdadeiramente desprendos das riquezas e dos bens materiais.
Nós Vos pedimos, ó Mãe, que aceiteis esta meditação em desagravo ao Vosso Sapiencial e Imaculado Coração, neste nono dia de preparação para o nosso Natal. Queremos apresentar as faixas para que possas envolver o menino , mas muito mais atá-las em nossos corações e uni-las como em uma pacto de aliança eterno. Assim seja!
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
Nenhum comentário:
Postar um comentário