CONSTRUIR A LIBERDADE RELIGIOSA
Toda vez que iniciamos um Novo Ano, sonhamos dias melhores, alimentamos novas expectativas, desejamos mais prosperidade, queremos ser mais felizes...
Um dos sonhos do Papa Bento XVI para 2011 é que a “liberdade religiosa” seja uma realidade em todos os recantos da terra.
Em sua rica Mensagem para o 44º Dia Mundial da Paz, celebrado no dia 1º de janeiro, o Santo Padre desenvolve o tema da “liberdade religiosa, caminho para a paz”.
A seguir, alguns tópicos da Mensagem. Para uma compreensão mais completa do texto, melhor seria percorrê-la por inteiro. Fica o convite!
Evocando a Declaração “Dignitatis Humanae” do Concílio Vaticano II sobre a liberdade religiosa, Bento XVI sublinha que o direito à liberdade religiosa está radicado na própria dignidade da pessoa humana. Sem a abertura ao transcendente, a pessoa humana não consegue encontrar resposta para as perguntas do seu coração sobre o sentido da vida e dotar-se de valores e princípios éticos duradouros (cf. Mensagem, n. 2).
Por isso, a dignidade transcendente da pessoa deve ser entendida como um bem universal, indispensável na construção de uma sociedade orientada para a realização e a plenitude do ser humano. Nesse sentido, o direito à vida e o direito à liberdade religiosa, é uma condição da legitimidade moral de toda norma social e jurídica (cf. ibidem).
O Papa afirma que “a liberdade religiosa está na origem da liberdade moral, assegurando à pessoa a organização das próprias opções segundo a verdade” (n. 3).
Também a família, insiste Bento XVI, é escola de liberdade e de paz. Com efeito, a família é a primeira escola de formação e de crescimento social, cultural, moral e espiritual dos filhos. Os próprios pais deveriam ser sempre livres para transmitir o próprio patrimônio de fé, de valores e de cultura aos filhos (n. 4).
Entre os direitos e as liberdades fundamentais da pessoa humana, sobressai a liberdade religiosa, porque a dignidade da pessoa humana é respeitada na sua raiz e reforça-se a índole e as instituições dos povos. Assim, todo ser humano pode exercer livremente o direito de professar e manifestar a própria religião (fé) em todas as dimensões e circunstâncias (n. 5).
Outro aspecto importante da liberdade religiosa é a sua dimensão pública, pois uma liberdade sem relação não é liberdade perfeita. Somos seres relacionais, também na prática da religião (n. 6).
Além desses aspectos evocados, Bento XVI toca outros temas não menos importantes sobre a liberdade religiosa: o fanatismo, o fundamentalismo, as práticas contrárias à dignidade humana não justificam, nem podem ser realizadas em nome da religião.
Todos devem ter presente que a liberdade religiosa é condição para a busca da verdade e que a verdade não se impõe pela violência, mas pela “força da própria verdade”. Assim a religião, como muitos querem, não é inimiga da pessoa humana, mas uma força positiva e propulsora na construção da sociedade civil e política (n. 7).
Entre outras coisas, o Papa afirma ainda que “o fundamentalismo e a hostilidade contra os crentes prejudicam a laicidade positiva dos Estados” (n. 8); que o diálogo sadio entre instituições civis e religiosas é fundamental para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da harmonia da sociedade (n. 9). O Santo Padre enfatiza igualmente a necessidade de viver no amor e na verdade (n. 10), de utilizar o diálogo entre os membros de diversas religiões para colaborar com todas as comunidades religiosas para o bem comum (n. 11), de valorizar a verdade moral na política e na diplomacia (12), de superar todo ódio e preconceito entre as diversas religiões (n. 13).
As orações e o coração do Papa estão voltados para os cristãos hostilizados, perseguidos e maltratados, para que não desanimem e sejam testemunhas do Evangelho.
A paz é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, um projeto a realizar, nunca totalmente cumprido... A paz é resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada.
Enfim, a liberdade religiosa é uma missão histórica e profética. Cada um de nós é convidado a ser protagonista da construção da liberdade religiosa, abrindo caminhos para a paz.
A todos os queridos leitores e queridas leitoras, votos de um Ano Novo repleto de saúde, prosperidade e serenidade do “Príncipe da Paz". Dom Nelson Westrupp, scj Bispo de Santo André - SP |
Nenhum comentário:
Postar um comentário