«Não é Ele Filho do carpinteiro?»
S. Marcos 6,1-6.
Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos seguiam-no.
Chegado o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes enchiam-se de espanto e diziam: «De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Como se operam tão grandes milagres por suas mãos?
Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?» E isto parecia-lhes escandaloso.
Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e em sua casa.»
E não pôde fazer ali milagre algum. Apenas curou alguns enfermos, impondo-lhes as mãos.
Estava admirado com a falta de fé daquela gente. Jesus percorria as aldeias vizinhas a ensinar.
Por isso, Jesus devia parecer-se com José no modo de trabalhar, nos traços do Seu carácter, na maneira de falar. No realismo de Jesus, no Seu espírito de observação, no Seu modo de se sentar à mesa e de partir o pão, no Seu gosto por falar dum modo concreto tomando como exemplo as coisas da vida corrente, reflecte-se o que foi a infância e a juventude de Jesus e, portanto, a Sua convivência com José. Não é possível desconhecer a sublimidade do mistério. Esse Jesus que é homem, que fala com o sotaque de uma determinada região de Israel, que Se parece com um artesão chamado José, é o Filho de Deus. E quem pode ensinar alguma coisa a Deus? Mas é realmente homem e vive normalmente: primeiro como menino; depois como rapaz que ajuda na oficina de José; finalmente, como homem maduro, na plenitude da idade. «Jesus crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens» (Lc 2,52).
José foi, no aspecto humano, mestre de Jesus; conviveu com Ele diariamente, com carinho delicado, e cuidou d'Ele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para considerarmos este varão justo, este Santo Patriarca no qual culmina a fé da Antiga Aliança, Mestre de vida interior?
São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador
Homilia «Na Oficina de José», de «Cristo que passa», §§ 55-56
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