Deus fez surgir para Israel um Salvador que é Jesus
Atos (At 13, 13-25)
O cristianismo não é uma ideologia, nem uma doutrina; é uma história de salvação, que tem em Jesus seu cumprimento.
Por isso os acontecimentos do passado serão lidos como algo que compromete o presente, porque também nós nos tornamos protagonistas.
Quando se fala de Abraão, Moisés, Samuel..., na realidade se fala de cada um de nós. Sua fé é nossa fé, sua história se entrelaça com a nossa vida.
Estudar a Bíblia não significa, pois, comentar este livro como se pertencesse ao passado; o verdadeiro modo de ler a Bíblia, especialmente o evangelho, é torná-lo continuamente "novo", redescobrindo a atualidade de Cristo ressuscitado.
Descobre-se a atualidade do mistério de Cristo a partir da situação concreta do mundo de hoje, dos problemas que agitam o homem moderno.
Quem recebe aquele que eu enviar, me recebe a, mim
João (Jo 13, 16-20)
Os discípulos relutavam em aceitar que o Mestre Jesus lhes lavasse os pés. Este gesto foi interpretado como uma quebra de hierarquia e esvaziamento da autoridade.
É que eles pensavam a sociedade organizada em camadas sociais, sobrepostas segundo a importância de cada uma, num sistema de precedências e privilégios.
Jesus recusou-se a pactuar com esta mentalidade, oferecendo-lhes pistas para compreenderem a realidade de maneira diferente. Ele parte do princípio que "o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou". Isto vale tanto para o Mestre quanto para os discípulos.
Entretanto, trata-se de saber que senhor é aquele que enviou Jesus, segundo a afirmação do Mestre.
Sem dúvida, ele está falando do Pai, que fez de Jesus servo e enviado, e que acolhe também os discípulos do Filho como servos e os envia em missão.
Se é possível falar em hierarquia, convém saber que só existe uma: a que sobrepõe Deus ao ser humano, o Criador à sua criatura.
Além desta, qualquer tentativa de classificar as pessoas em mais ou em menos importantes será sem cabimento. Quem se imagina superior aos demais está usurpando o lugar de Deus. Só ele é o Senhor; todos nós somos irmãos e irmãs.
Nesta perspectiva, o gesto de humildade de Jesus é perfeitamente compreensível. Ele agiu como servo, por ser servo.
E, como ele, todos devem agir, pois também são servos. Portanto, o gesto de Jesus só é incompreensível para quem não pensa como Deus.
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