S. João 15,1-8.
«Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem. Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá. Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.»
Reflexão:
«Feliz do homem que [...] medita na Lei dia e noite.
É como uma árvore plantada à beira das correntes, que dá o seu fruto na estação própria» (Sl 1, 1-3).
Meu Deus, vós dizeis-me que eu serei feliz, feliz com a verdadeira felicidade, feliz no último dia [...], que, por mais miserável que seja, sou uma palmeira plantada à beira das águas vivas, das águas vivas da vontade divina, do amor divino, da graça [...], e que darei o meu fruto há seu tempo.
Dignai-Vos consolar-me; sinto-me sem fruto, sinto-me sem boas obras, digo a mim próprio: converti-me há ......... anos, e que tenho feito? O que foram as obras dos santos e quais são as minhas? Vejo-me de mãos vazias de bens.
Dignai-Vos consolar-me: «Tu darás fruto no teu tempo», dizeis-me. [...] Qual é esse tempo? O tempo de todos nós é o dia do juízo final; e Vós prometeis-me que, se persistir na boa vontade e no combate, por mais pobre que me veja, terei frutos nessa hora derradeira.Para o cristão, a fé não é simples adesão às fórmulas de um credo, mas deve abraçar a própria vida e transformá-la.
"Obras", entendidas como "atividades que se baseiam na fé", de modo particular a caridade para com os necessitados. O próximo mais próximo de mim, onde na carta aos Gálatas Paulo nos adverte: “Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”( Gal 6,9-10)Se Fé sem obras é morta, Obras sem Fé é vã!
A vida cristã age em dupla dimensão: vertical e horizontal.
A primeira dimensão nos faz tomar consciência do amor infinito do Pai que "mandou seu Filho como salvador do mundo" (versículo 14) e quer viver em nós (versículo 16).
A perfeita união realiza-se particularmente na comunhão eucarística: nossa carne, nosso sangue misturam-se à carne e ao sangue de Deus; somos transformados e divinizados. "Não somos nós que transformamos Deus em nós - afirma Santo Agostinho - mas somos transformados nele".
A segunda dimensão do amor fraterno, o amor aos irmãos, é uma conseqüência e um sinal do amor de Deus (versículo 12). Também este aspecto da caridade fraterna tem sua plena realização na Eucaristia: "Participando realmente do corpo do Senhor ao romper do pão eucarístico, somos elevados à comunhão com ele e entre nós". Este amor torna-se no cristão força transformadora e operativa, capaz de afugentar todo temor (versículo 18). (I Jo 4, 11-18)O amor do cristão para com os irmãos, que chega ao heroísmo de perdoar e fazer o bem mesmo àqueles que nos fazem mal, a ponto de dar por eles a vida como fez Jesus por nós, não pode provir da natureza humana, repleta de egoísmo, que tende à afirmação do próprio eu e à defesa dos próprios direitos.
Tal amor encontra em Deus sua fonte fecunda e inexaurível.
O nosso seguimento de Jesus deve ultrapassar o que é natural. Devemos nos entregar a atitudes místicas.
O homem místico é aquele que sobrepõe o natural, que vive uma intimidade profunda com o Senhor.A Igreja precisa de corações místicos, corações adoradores e profundamente unidos ao Senhor Jesus Cristo, principalmente, o viver diário depois da celebração da Santa Missa. Quando falo que a Igreja precisa de corações místicos, também afirmo com isso que não podemos ser católicos que apenas amam a Jesus por aquilo que Ele nos dá.
Precisamos ser não apenas profetas, mas as profecias vivas e autênticas do reino de Deus.“Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanece na videira, assim também vós se não permanecerdes em mim.
Eu sou a videira, vós os ramos; o que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. A união com Cristo é condição inevitável para dar fruto como cristão, porque n’Ele, que é a cepa, vem a seiva para os ramos.Ser cristão, ser discípulo de Cristo, não será uma questão somente de aceitar e professar uma doutrina, de respeitar certas normas de moral e de agir em conseqüência. Não;veja o que diz Jesus: “Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.” trata-se sobretudo de permanecer unido a Jesus pelo amor e a obediência da fé que dá vida. Por isso Jesus repete insistentemente: permanecei no meu amor, porque sem mim nada podeis fazer.Assim então guardemos esta palavra: “Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos”(Rom 8,25) e “Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”( Gal 6,9-10)
Partilha:
1)O que significa concretamente para você hoje, «caminhar seguindo Cristo»?
2)Em que circunstâncias nos tornamos, na nossa sociedade, um «sinal de contradição»?
3)Consigo falar sem vergonha da minha fé?
4)Como tenho expressado minha fé através das obras, principalmente com os próprios irmãos de fé? Na minha Comunidade, família e aqueles que se apresentam diante de meu dia-a-dia?
5)O que o texto me interpelou ? O que falou mais forte e me chama a viver?
Pe.Emílio Carlos +
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