"FORMAÇÃO O VENTRE QUE GERA O CARISMA, AÇÃO DE DEUS NA VIDA DO HOMEM, ONDE ELE TOCA O PRÓPRIO MISTÉRIO QUE ELE É".“PARA QUÊ” A FORMAÇÃO?
*Todo e qualquer método formativo só tem razão de ser, estando a serviço do Carisma que recebemos e que nos leva a descobrir a identidade profunda que Deus nos deu e a penetrar neste mistério que nos envolve e que somos.
“Para manter nossa identidade e responder ás exigências da Igreja e aos sinais dos tempos, nos empenhamos individual e comunitariamente em uma contínua renovação. Portanto, usaremos de todos os auxílios espirituais, doutrinais e apostólicos que a Igreja e a Comunidade nos oferecem, e valorizaremos tempos e meios para eles destinados para nossa formação pessoal e conjunta” (CONSTITUIÇÕES Alpha e Ômega. Nº 70).
“... A formação é o “Ventre” que gera o Carisma naqueles a quem Deus escolheu para esta fundação” (CONSTITUIÇÕES. Alpha e Ômega Nº 72).
É um misterioso Caminho do Espírito de Deus com o homem, para plasmar nele a maturidade de Cristo. Encontro sempre intimo e, mais apaixonante.
A formação irá até a morte conosco , quando o pai olhará para nós e encontrar o Filho em nós.
Só faz este caminho de formação humana cristã aquele que quer consagrar-se a Deus.
OBJETIVO DO CAMINHO DA FORMAÇÃO:
“A formação deverá, pois, atingir em profundidade a própria pessoa, de tal modo que cada uma das suas atitudes ou gestos, tanto nos momentos importantes como nas circunstancias ordinárias da vida, possa revelar a sua pertença total e feliz a Deus. Uma vez que o fim da vida consagrada consiste na configuração com o Senhor Jesus e com sua oblação total, para isso, sobretudo é que deve apontar a formação. Trata-se de um itinerário de progressiva assimilação dos sentimentos de Cristo para com o Pai” (Doc. Vita Consecrata)
Se o objetivo central da formação é a imitação de Cristo, a resposta é pessoal. Cada pessoa deve assumir a sua responsabilidade quanto á escolha que quer fazer.
Poder escolher é um Dom. Saber escolher é uma graça.
Está em nossas mãos a liberdade de escolha.
Assumir a escolha é abrir-se para a ação do Espírito Santo. Aquele que teceu Jesus no ventre de Maria, também tem a missão de tecê-lo em nossos corações. Por isso, a formação por excelência não é em si um conteúdo, mas é, antes de tudo, uma resposta livre do homem ao Espírito Santo, que age através dos meios propostos: literaturas apropriadas aos assuntos formativos, oração pessoal, intimidade constante com Deus, convivência fraterna e serviço.
Ser livre é poder decidir por si próprio aquilo que se quer ser ou fazer. Isto vai tão longe que, para alguns, Deus seria mesmo um inimigo do homem porque teria a pretensão de ditar o seu comportamento.
Para se ter uma visão integral da liberdade, é necessário distinguir dois níveis. Num primeiro nível, a liberdade acarreta escolhas que não são determinadas por constrangimentos exteriores. Deus, ao criar o ser humano à sua imagem, deu-lhe o dom dessa capacidade de escolher. Em nós, não está tudo programado à partida. Para crescermos, temos de dar passos que ninguém pode dar por nós. E, como foi já dito muitas vezes, até o fato de não escolher é uma escolha!
Essa capacidade de escolher, que em si é boa e necessária, não é suficiente para alcançar a liberdade verdadeira. Temos de fazer escolhas em função de qualquer coisa, os nossos percursos orientam-se em direção a uma finalidade. Para nos tornarmos verdadeiramente livres, essa finalidade não pode ser outra senão a de nos tornarmos a pessoa que somos verdadeiramente, deixar desabrochar plenamente a nossa identidade.
Percebe-se que uma concepção de liberdade que nos encorajaria a fazer não importa o quê é defeituosa, mesmo no plano humano.
Há escolhas que nos tornam menos nós próprios.
A resposta de cada um é inteiramente específica, pessoal, única.
Liberdade é uma faculdade onde cada um pode decidir e agir segundo sua própria determinação. Quando cada um faz o que quer, nos tornamos pessoas egoístas, auto-suficientes, donos de nós mesmos, e a liberdade cristã é totalmente diferente. A liberdade visa nos tornar semelhantes a Deus (não iguais, divinos), isto é capaz de refletir os atributos essenciais de uma vida conforme a vontade de Deus.
A liberdade visa nos levar ao propósito de nossa criação, sermos a imagem e semelhança de Cristo. “Como filhos da obediência, não vos amoldeis nas paixões que tínheis anteriormente... pelo contrário segundo é santo o que vos chamou, tornai-vos santos também,... em todo o vosso procedimento...”
“Não basta evangelizar, é preciso ser evangelizado”. A formação nos remete a um encontro com a Verdade, para sermos plasmados novamente pela sua Palavra de salvação.
“Em verdade, em verdade, te digo: se alguém não nascer de alto, não poderá ver o Reino de Deus. Quem pratica a verdade, se aproxima da luz, para que suas ações sejam manifestadas, já que não são praticadas em Deus” (Jo 3,3.21)
A Salvação de Jesus Cristo traz o ser humano para a verdade. Ele nos livra da mentira do demônio, referente ao pecado original: “sereis como deuses” (Gn 3,5).
A palavra nos ilumina diante do estado humano de pecador. Esclarece-nos quem somos e quem é Ele: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (Mt 16,16)
A formação tem por objetivo percorrer um caminho que atinja o passado, o presente e o futuro da pessoa e também da Comunidade. Acontece mediante uma intervenção de diferentes sujeitos: Deus e o Homem. É obra de Deus e do homem, de quem a propõe e de quem a “recebe”.
A formação é constituída da morte e da ressurreição. Morte do eu e renascimento de um homem novo. Um grande ofertório gerador de vida. Se não for assim, a renovação pessoal permanecerá um fingimento, algo virtual e incompleto.
Este é o caminho formativo do consagrado: a própria vida de Cristo que nos revela o Pai e o Espírito, é um processo contínuo e que o acompanha por toda vida.
“O PARA QUÊ” DO FORMADOR PESSOAL:
Será necessário prudência e sabedoria para trilhar esse caminho, e também humildade e discrição de quem sabe que está, em última análise, diante do mistério de Deus que cria e molda, e da criatura que livre e responsavelmente aceita, ou não, ser moldada por Ele.
Portanto, a missão dos formadores é ser mestre: Convidar o formando a fazer uma experiência apaixonante no seguimento a Jesus Cristo, conforme a experiência própria do Carisma.
A formação pessoal é um dom do Espírito Santo. É preciso compreender que Deus coloca em mãos frágeis grandes obras.
O formador pessoal lida com o mistério da pessoa humana, por isso tem consciência de que o formador por Excelência é o próprio Espírito Santo, que plasma no ser humano a pessoa de Cristo.
O formador é um pai (mãe) que gera para Cristo, e participa da paternidade de Deus.
É na formação pessoal que todas as situações da história passada presente, inclusive os medos e desejos futuros, devem vir para a luz do Espírito Santo através da partilha com o nosso formador pessoal, para que nada nos acuse. Sendo dócil as moções do Espírito, por meio da formação pessoal poderemos crescer na liberdade interior, tornando-nos mais próximos de Cristo.
Para que haja um transbordamento do que fundamenta nosso SER (Espiritualidade):
*ABANDONO A VONTADE DIVINA: Deus é meu centro - perder-nos na vontade divina, ver em tudo a mão de Deus, que guia e age.
*AMOR INFINITO: Amar somente amar - o que ama a Deus ame também seu irmão – O irmão está comigo, não está contra mim.
*CONFIANÇA NA MISERICORDIA DIVINA: Deus escolheu os fracos - para confundir os fortes...quem se gloria, glorie-se no Senhor.
A verdadeira experiência da Misericórdia é vida transformada pelo beijo do crucificado que morre a minha morte para viver a Sua vida..
É testemunhar na vida a Palavra de Apocalipse 21, 5-7: “Então o que está assentado no trono disse: Eis que renovo todas as coisas. Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Eu sou o Alfa e o Omega, o Começo e o Fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva. O vencedor herdará tudo isso e eu serei seu Deus, e ele será meu filho...”
Pe.Emílio Carlos Mancini.
Nenhum comentário:
Postar um comentário