Hipocrisia pretende ser síntese das atitudes denunciadas; é dissimular o interior com o exterior, é inverter a escada de valores, é confundir ao invés de esclarecer.
Mais que um delito específico é o arbítrio, um fermento que penetra e corrompe toda a massa.
Diante da simulação e da hipocrisia, recomenda-se a sinceridade, tendo em conta o resultado.
É convite e advertência. Convite a partilhar o bem aprendido; advertência de que um dia serão arrancadas máscaras e disfarce.
A frase clássica de encorajamento “não temais” tem aqui uma explicação.
O fogo aniquila o que a morte deixa; mata-se e depois se queima totalmente: “mataram a fera, esquartejaram-na e a atiraram no fogo” (Is 66, 24; Dn 7, 11).
Correlativo de não temer e confiar. Curioso é que seja a mesma personagem a que pode ditar sentença de condenação e a que cuida dos desvalidos como de pássaros indefesos.
Do paradoxo segue-se que o que se deve realmente temer é fazer-se merecedor da condenação; em outras palavras, a pessoa teme a si mesma, não os outros, cujo poder alcança só esta vida, não a “segunda morte” (Ap 21,8).
Os discípulos corriam um duplo risco: deixar-se fascinar pela atitude hipócrita dos fariseus, e assumi-la como projeto de vida, bem como ter medo de fazer-lhes frente, como fez Jesus, agüentando as conseqüências.
Foi necessário que o Mestre os alertasse a ter uma corajosa liberdade diante de seus adversários. Mesmo diante da perspectiva de morte, não deviam recuar. O que tinham ouvido de Jesus, estando à sós, deveriam proclamar aos quatro ventos. O que escutaram ao pé do ouvido, teriam a tarefa de levar ao conhecimento de todos.
Nada de se intimidar com a perspectiva de morte. Os adversários só têm o poder de matar o corpo, e nada mais. Temor só se deve a Deus, que é Senhor da sorte eterna do ser humano. A ele, sim, deve-se temer, não aos hipócritas fariseus.
Em última análise, os discípulos tinham diante de si uma dupla possibilidade: seguir as insinuações dos fariseus, ou deixar-se guiar por Jesus, por meio do qual se chega a Deus. Quem escolhe colocar-se do lado dele pode estar seguro de ser objeto de contínua proteção. Seu amor e interesse pelos que optaram pelo Reino supera todo limite. Jesus ilustra esta atitude divina, afirmando que "até os cabelos da cabeça (dos discípulos do Reino) estão todos contados". Por conseguinte, não se justifica o medo diante da perspectiva sombria de perseguição e morte, por causa do Reino.
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
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