«As pessoas não necessitam de refletir tanto sobre o que deveriam fazer; elas deveriam, pelo contrário, refletir sobre aquilo que elas são.»
Ora, se as pessoas e os seus modos fossem bons, então as suas obras poderiam refulgir limpidamente.
Se tu fores justo, então as tuas obras também serão justas.
Não se pode pensar a santidade com fundamento numa ação; deve-se, pelo contrário, fundamentar a santidade em um ser, pois as obras não nos santificam, senão que nós devemos santificar as obras.
O fundamento para que a essência e o fundamento do ser do homem, de onde as obras humanas recebem a sua benignidade, seja inteiramente bom, é o seguinte: que o caráter do homem esteja totalmente virado para Deus.
O andar com Cristo é um caminhar “De Glória em Glória”. Renovando-se a cada dia. Se transformando pela renovação do entendimento, experimentando a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Isto é andar com Cristo. Isto é se santificar: admitir que nunca deixará de ser um pecador, mas andar em constante renovo com Cristo através da transformação da Graça.
No entanto, ao entender que não faço as coisas simplesmente por que não posso (invés de não querer, ou desejar não querer) coloco no meu subconsciente de que estou ileso da culpa de querer por não fazer. Pior, como homem, cheio de falhas, me coloca como superior aos que não deveriam fazer, mas fazem.
A graça não é a graça do “não posso”. A graça é a graça do “não quero”.
Se quero, entendo esse desejo como uma lembrança de que ainda sou humano e pecador.
E, lembrando disso, me lembro que não tenho que me conformar com este mundo.
Lembre-se, o cristão, ainda que transformado pela graça, ainda é um homem. Ainda é pecaminoso.
E precisa ser, para que em seu pecado ele se lembre de que a salvação não vem pelas obras, mas pela fé.
Se eu tenho o desejo de fazer coisas que não deveria querer, não significa que tenho licensa para fazê-las (ainda que me sejam lícitas).
Significa, sim, que como transformado eu preciso admitir que ainda sou pecado e que sempre vou precisar da Graça de Cristo, que me perdoa e continua me transformando.
Não que a transformação do salvo seja incompleta… mas o andar com Cristo é um caminhar “De Glória em Glória”.
Ser ou não ser, eis a questão...
É preciso celebrar a liturgia da vida e saber que o verdadeiro religioso não é o que faz e sim o que é em seu viver cristão .
Religião sem vida é oca, é vazia, é nula, é nada, é somente rito e devocionalismo que não nos leva a nada.
Eis porque o que necesitamos não é aceitar a Cristo, mas conhecê-lo.
Não obstante, o próprio Jesus disse que só o conhecem aqueles a quem o próprio Deus o revela.
Conhecimento intelectual muitos têm. Os fariseus, por exemplo, criam na ressurreição de Cristo, mas nem por isso experimentavam o efeito dela em suas vidas, porque não criam na necessidade, nem sentiam a necessidade de ressurreição em Cristo.
Paulo, que antes de regenerado perseguia a igreja de Cristo e recalcitrava contra os aguilhões de Deus, deu testemunho da graça que lhe foi outorgada dizendo: "Mas quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei carne nem sangue..." (Gálatas 1, 15-16).
Deus é quem revela o Seu Filho em nós. Eis aí um mistério que esteve oculto durante séculos e gerações, e que nos últimos tempos, desde a ressurreição de Cristo, tem sido revelado aos santos (Colossenses 1, 26 - 28; Colossenses 2, 2 - 3; I Pedro 1,3).
Conhecer a Cristo, portanto, não é simplesmente confessá-lo, nem admitir que o aceitamos.
Conhecer a Cristo é viver a vida dEle, o que só se torna realidade quando cremos que morremos com Ele e com Ele ressuscitamos.
A troca do "eu" por Cristo é obra de fé realizada pelo próprio Deus, após a manifestação de sua Palavra e a vivificação por Seu Espírito.
Desse modo, somos incapazes de dar vida a nós mesmos, muito menos aos outros.
Coloca todos os teus esforços em que Deus seja grandioso para ti e que toda a tua ambição e devoção se dirijam para Ele em todo o teu atuar.
Uma coisa está bem clara: não conseguimos efetuar essa mudança gigantesca por nós mesmos.
Não depende de nós. Não temos força ou poder para tanto.
Podemos mudar os nossos pecados, mas não podemos mudar os nossos corações.
Podemos assumir um novo caminho, mas não uma nova natureza.
Podemos fazer reformas e alterações consideráveis. Podemos deixar de lado muitos maus hábitos e começar a assumir deveres externos diversos; mas não podemos criar um novo princípio dentro de nós.
Não podemos fazer algo a partir do nada.
O etíope não pode mudar a sua pele, nem o leopardo as suas manchas, e nem nós podemos dar vida às nossas próprias almas (Jer. 13,23). Quem, então, pode tornar viva uma alma morta? Onde se vive apenas sobre a aparência de vida cristã, mas vivemos de mero verniz de cristão?
Ninguém, a não ser Deus. Só Aquele que do nada formou o mundo no dia da criação pode fazer de alguém uma nova criatura.
Só quem formou o homem do pó da terra, dando vida ao seu corpo, poderá dar vida à sua alma.
É ofício especial de Deus fazer isso pelo Seu Espírito Santo, e só Ele tem poder para realizar tal coisa se assim o quissermos e nos deixarmos por Ele ser conduzido.
Em verdade, quanto mais assim fizeres, tanto melhores serão as tuas obras, não importa de que gênero elas sejam.
Mas não esqueçamos o que nos diz Jesus em MATEUS 7,21-23; lemos que "nem todo o que confessa "Senhor, Senhor" entrará no reino dos céus".
Nem mesmo os pretensos profetas, operadores de milagres, e exorcistas, aos quais Jesus mesmo dirá: "Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade". Essa palavra deve ser frustrante para muitos que estão em busca de sinais e prodígios. Como disse Jesus, "Bem-aventurados os que não viram e creram" (João 20,29).
Hoje em dia, as pessoas estão em busca de evidências do poder de Deus, esquecendo-se de que "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hebreus 11,6), e de que o maior milagre que Deus poderia realizar ao homem já foi realizado na cruz e na ressurreição de Jesus.
E o maior milagre que se realiza todos os dias é Ele vivo sendo entregue a nós na Eucaristia para que assim como o Verbo se fez carne , a carne se transubstancie no Verbo .
Pe. Emílio Carlos
Com minha benção+
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