Muitos confundem fé e religião.
No entanto, não são a mesma realidade.
A fé é o comportamento do homem para com Deus.
O comportamento de fé exige o comprometimento do homem todo na sua totalidade. Exige o assentimento da razão, a confiança do coração e a obediência da vontade.
Quando uma pessoa tem fé acolhe Deus com sua inteligência, com o seu coração e com a sua vontade livre. Podemos apresentar essa experiência por meio de um versículo bíblico do Antigo Testamento: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua inteligência e com todas as tuas forças” (Dt 6,5).
A religião por sua vez pode ser institucional ou não. É a expressão vivida da fé no dia-a-dia com seus ritos, normas e mandamentos.
A cultura atual mesmo se profundamente religiosa é simultaneamente descrente. Mas não se trata de uma oposição à fé, ou seja, negar Deus do seu dia-a-dia, mas de um relativismo que conduz à indiferença.
O relativismo religioso é o mal do nosso tempo.
É como se as pessoas dissessem: “Deus existe, está aí, mas não nos interessamos por Ele”.
É o caso do Filho Pródigo (Lc 15,11-32). Trata-se de um jovem rapaz que desejando viver por conta própria pede a parte que lhe cabe na herança de seu pai. O pai, embora entristecido, porque ama seu filho dá o que lhe pertence. Com muito dinheiro no bolso parte para uma terra distante, onde esbanja os seus bens com festas e os prazeres do mundo. Quando o dinheiro se acaba, vão embora os amigos.
O jovem festeiro, agora solitário começa a passar necessidade. Vai cuidar de porcos. A fome era tão grande que queria comer a lavagem, mas nem isso lhe davam. Na penúria e na humilhação do chiqueiro dos porcos recorda-se da casa de seu pai.
Os empregados têm pão com fartura. Mas ele que é filho por conta do seu desejo de autonomia está morrendo de fome. Decide então retornar à casa de seu pai. Sabe que não tem mais direito à herança, pois esta já foi lhe dada, por isso decide ser empregado do seu pai.
Essa é a parábola dos nossos tempos.
Tal como o jovem rapaz nós também desejamos ser autônomos, ou seja, senhores de nós mesmos, queremos viver sem Deus.
Isso acontece cada vez que nós pecamos. Quando pecamos repetimos as palavras do filho pródigo: “dá-me a parte da herança que me cabe”. A herança nós só recebemos quando o pai morre. Assim quando pecamos nós dizemos a Deus: “Pra mim o Senhor morreu. O Senhor não tem nada a ver com a minha vida.”
Deixe-me ser autônomo. Eu quero ser senhor de mim mesmo”.
Eis a nossa história. Eis o nosso drama. Queremos viver por conta própria, achando assim que encontraremos a felicidade.
A felicidade, no entanto, só podemos encontrar junto de Deus.
Não se trata apenas de uma realidade espiritual, mas humana no sentido mais pleno da palavra. O homem não pode viver como uma planta nem como um animal como se fosse dotado apenas de sensação e instinto.
O que torna o homem diferente de todos os outros animais é a sua capacidade de razão. Aprendemos na escola que o ser humano é um animal racional.
Ele é muito mais que isso.
Ele é capaz de Deus.
Se ainda não descobrimos a diferença entre nós e os animais e preferimos viver como os porcos renunciando à herança que o Pai nos dá, voltemos nosso olhar pra Ele.
A conversão é isso: desviar o nosso olhar do que nos torna porcos para ver e desejar o que nos torna filhos.
com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
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