Como seus amores são belos,minha irmã, noiva minha. Seus amores são melhores do que o vinho, e mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Por isso Eu quero consumir meus dias, no seu amor! ══════ ღೋ♡✿♡ღೋ═══════

Ani Ledodi Vedodi Li


Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual quero fazer deste blog um caminho para amarmos mais a Deus, por isso seu nome: “Ani Ledodi Vedodi Li”

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Deus o Abençõe !

E que possas crescer com nossas postagens.

É algo louvável esconder o segredo dos Reis; mas há glória em publicar as obras de Deus!

A Igreja não tem pressa, porque ela possui a Eternidade. E se todas as outras instituições morrem nesta Terra, a Santa Igreja continua no Céu.

Não existem nem tempos nem lugares sem escolhas.

E eu sei quanto resisto a escolher-te.

"Quando sacralizamos alguém essa pessoa permanece viva para sempre!"

Sacralize cada instante de tua vida amando o Amado e no Amado os amados de Deus !


Pe.Emílio Carlos

segunda-feira, 19 de julho de 2010

AS VIRTUDES MORAIS


Subsídios de Teologia Moral

A importância da virtude está em que ela torna bom aquele que a possui
e boa a obra que ele faz (Santo Tomás de Aquino)

As virtudes mo­rais se referem aos meios que conduzem o ser humano ao seu fim último sobrenatural. Elas se polarizam em torno das quatro “virtudes cardeais” que também são chamadas de virtudes axiais (eixos); apontam para as virtudes morais naturais, de cunho filosófico (cf. Sb 8, 7): a) prudência; b) justiça; c) temperança; d) coragem (fortaleza). Para os gregos (platonismo e estoicismo) ainda havia a moderação, a felicidade, a sensatez e a sabedoria.

As virtudes morais são conseqüência da vida, da experiência, do tempo e da idade. Na mitologia e nas tragédias gregas, especialmente em Sófocles, por exemplo, em “Antígona”, as virtudes morais encontram uma expressão dramática como nunca houve, onde o deslize moral recebe não apenas a sanção humana, mas também a divina. O conflito moral individual gera o desequilíbrio social.

Surge então a necessidade da “opção fundamental” que, na Teologia Moral é o compromisso com a ética, a justiça, a fraternidade, a pureza, o serviço, a paciência e outras virtudes morais, capazes de moldar evangelicamente o comportamento humano. A ética a partir das escolas gregas compreende duas categorias de virtudes (e vícios): as virtudes morais (calcadas na vontade) e as virtudes intelectuais (calcadas na razão).

Santo Tomás de Aquino, pensando mais como teólogo do que como filósofo, fundamenta o edifício das virtudes morais não nas virtudes cardeais, mas nas teologais infusas. Se o homem não orienta sua busca no itinerário do transcendente, ele não consegue sobreviver, pelo menos moralmente, considerando-se o pluralismo do mundo atual. Se a virtude não chega a formar o coração, ela se torna ineficaz, isto é, deixa de atingir seus objetivos.

Dentre as virtudes, uma das que mais nos fazem evitar o mal, e assim aspirar ao bem, é a prudência, a que os gregos chamavam de phrónessis. Trata-se daquela virtude moral de quem age com moderação, buscando evitar tudo o que acredita ser fonte de erro ou de dano. Prudência – segundo Aristóteles – é querer ser feliz e desenvolver a sabedoria necessária para calcular em que consiste a felicidade duradoura. É o único alvo valioso que podemos nos propor.

Ainda em Santo Tomás se encontram vigorosas insistências sobre a vigilância diante das exigências da graça. Ele sustenta que a gnôme (como chamava a virtude da prudência) tem prioritariamente um sentido de sensibilidade para com a situação. No Catecismo lê-se que a prudência “é a virtude que dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso bem e os meios adequados para realizá-lo” (1806). O caráter especificamente teológico da prudência está diretamente ligado aos dons do Espírito Santo.

Como fruto da sabedoria, ela dá à pessoa, além do gosto pelas coisas celestes, o desejo de fugir do mal e de toda a situação característica da des-graça. Nesse conjunto de dons, encontramos também a ciência moral infusa, um dos chamados “dons preternaturais” (imortalidade, impassibilidade, integridade e ciência moral infusa), que nada mais é do que aquela aptidão vinda de um direito natural, para testemunhar a Deus, assumindo responsabilidades diante dele.

Nessas águas, deparamo-nos também com as virtudes cardeais, de influência estóica, quando Zenon de Citio afirmou, no século III a.C. que o bem não está nos objetos externos e, sim, na sabedoria e domínio que permitem afastarmo-nos das paixões. Para ele e para toda a ética estóica, as “virtudes cardeais” são quatro: sabedoria, valor, justiça e temperança. O verbete cardo, no latim (de onde vem cardeal) significa eixo, ponto básico, princípio organizador. Posteriormente, graças às formulações aristotélico-tomistas, as “virtudes cardeais” passaram a ser: a prudência, a justiça, a temperança e a coragem (fortaleza), que formam o eixo central, a espinha dorsal da pessoa virtuosa.

Só compreendendo e exercendo a virtude da prudência, onde se insere, vigorosamente, a vigilância, é possível formar uma reta-consciência. Uma prudência vigilante confere à consciência aquela “sintonia fina”, o tato delicado a cada situação. A vigilância aparece, biblicamente, como uma das mais notáveis virtudes escatológicas. Ela conduz o indivíduo a dois caminhos, ambos positivos: primeiro, avaliar as realidades objetivas de forma consciente e sistêmica; depois, ordenar e articular as ações necessárias, como resposta ao dom de Deus e às expectativas humanas. A prudência tem duas faces: uma voltada para o que é objetivamente real, e a outra para o bem que deve tornar-se real. Para um adequado uso da consciência, com prudência e liberdade, ela precisa ser elaborada de forma reta, certa e verdadeira. Vamos às exigências fundamentais para esse uso e formação:

RETA
exigências
deve seguir a lógica da lei natural

CERTA
fundamentos
estabelece pressupostos que visem evitar e excluir qualquer dúvida razoável

VERDADEIRA
objetivo
as premissas devem ocorrer de acordo com a ordem objetiva.

Será que todo mundo sabe o que é virtude? Diz-se que a natureza é o princípio radical das operações; a natureza, pois, não é operativa enquanto tal, mas o faz mediante as potências ou órgãos quando é natureza corpórea: vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, conhecemos com a inteligência. Se exercitadas, as potências e órgãos adquirem formas estáveis de atuação, ou hábitos operativos, que, se são bons, são chamados de virtudes; se maus, vícios. A virtude, portanto, é uma qualidade boa, que aperfeiçoa de modo habitual as potências individuais, inclinando o ser humano a fazer o bem.

As virtudes mais excelentes são as teologais (fé, esperança e amor, ou caridade) que se referem diretamente a Deus; mas também são importantes as virtudes morais, que aperfeiçoam o comportamento do individuo nos meios que conduzem a Deus. Se pensamos no modo de adquiri-las, umas são virtudes naturais ou adquiridas, pois são conseguidas com as forças da natureza; outras, sobrenaturais (dons), concedidas por Deus, de modo gratuito. As virtudes teologais sempre são sobrenaturais ou infusas.

Já as virtudes essencialmente morais podem ser adquiridas pelo homem ou infundidas por Deus. O ser humano pode realizar atos bons com as forças naturais, adquirindo virtudes. Por exemplo: a sinceridade, a laboriosidade, a discrição, a lealdade. As principais virtudes morais, porque são como a dobradiça, o fundamento das demais virtudes, são a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.

A prudência é a virtude que dispõe a razão prática para discernir – em todas as circunstâncias – nosso verdadeiro bem, escolhendo os meios justos para realizá-lo.

A justiça é a virtude que nos inclina a dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido, tanto individual como socialmente. A fortaleza é a virtude que no meio das dificuldades assegura a firmeza e a constância para praticar o bem.

A fortaleza é o dom por excelência do Espírito Santo. Como virtude ela nos reveste de uma capacidade ímpar para resistir aos assédios do Maligno, e aos males do corpo e da alma.

A temperança é a virtude que refreia o apetite dos prazeres sensíveis e impõe a moderação no uso dos bens criados.

Além das virtudes cardeais, o ser humano deve praticar as outras virtudes morais, especialmente a da religião, a humildade, a obediência, a alegria, a paciência, a penitência e a castidade. As virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade que regulam nossos atos, ordenando as nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Propiciam assim facilidade, domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa. Pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o bem. As virtudes morais são adquiridas humanamente. São os frutos e os germes de atos moralmente bons; dispõem todas as forças do ser humano para comungar do amor divino.

O ser humano possui capacidades naturais para pautar-se por um procedimento moral habitual sadio, mesmo sem virtudes infusas. A semelhança natural de sua alma com Deus proporciona-lhe o instinto do bem. Mas, sem a informação interior do Espírito Santo, ele só adquirirá mediante o empenho de grandes esforços, uma virtude meramente moral, jamais uma virtude sobrenatural. As virtudes morais ou cardeais se referem diretamente às criaturas. Guiam a conduta do ser humano em relação aos bens deste mundo

A pessoa verdadeiramente virtuosa não fica satisfeita com a virtude que já adquiriu, mas continua na busca do Bem em todas as situações. Neste mundo, a virtude humana nunca chega a ser totalmente perfeita. Jamais atinge o seu termo. E raramente fica isenta de combates. Mas em meio à luta, ela se sente forte, porque a fonte de sua energia não se encontra no homem e, sim, em Deus. A energia que anima o cristão dimana do dom da fortaleza. É por causa disto que o apóstolo afirmou:

Tudo posso naquele que me dá forças (Fl. 4,31).

É fundamental saber que são as virtudes que norteiam o código de ética de qualquer nação. A nação nasce dentro de casa, se estende pela rua, bairro, cidade, estado, país, continente e planeta. São as virtudes nascidas desde o berço que fazem um grande povo. Somos nós que carregamos a nação dentro de nós e jamais o contrário. Um povo virtuoso, não necessita de leis escritas em demasia.

O cristão fiel, o cidadão de bem é aquele que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a sua consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejaria que lhe fizessem. O homem de bem, fiel às virtudes morais autênticas, deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria. Sabe que sem a permissão divina nada acontece, e bem algum ocorre se o homem não submete sua vontade a Deus, em todas as coisas.

Quem está envolto pela Graça encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer feliz os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Por onde ele passa todos reconhecem a presença de um homem de Deus. É assim que age um ser fiel à moral preconizada por Deus.

Em todas as circunstâncias, o ser moral toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Ele não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado."

O ser humano, homem ou mulher, que medita a lei de Deus e é fiel à moral preconizada pelo evangelho, nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços ele emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. O homem de bem não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
Nunca se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Não se alegra com os elogios e os louvores mundanos. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.

Para compreender como deve ser o funcionamento do organismo espiritual, é importante saber distinguir, sob as virtudes teologais, as virtudes morais adquiridas, já descritas pelos moralistas da Antigüidade pagã e que podem existir sem o estado de graça, das virtudes morais infusas, ignoradas dos moralistas pagãos e descritas no evangelho. As primeiras, como seu nome indica, adquirem-se pela repetição dos atos sob a direção da razão natural mais ou menos desenvolvida.
As segundas são ditas infusas, porque somente Deus pode produzi-las em nós; não são o resultado da repetição de nossos atos: recebemo-las no batismo, como partes do organismo espiritual e, se tivermos a infelicidade de perdê-las, a absolvição no-las restitui.

As virtudes morais adquiridas, conhecidas dos pagãos, possuem um objeto acessível à razão natural; as virtudes morais infusas possuem um objeto essencialmente sobrenatural, proporcionado ao nosso fim sobrenatural, que seria inacessível sem a fé infusa na vida eterna, na gravidade do pecado, no valor redentor da Paixão do Salvador, no penhor da graça e dos sacramentos. Com relação à vida interior, falaremos primeiramente das virtudes morais adquiridas, depois das virtudes morais infusas e, enfim, das relações de umas com outras.

As virtudes morais adquiridas

Elevemo-nos progressivamente dos graus inferiores da moralidade natural àqueles da moralidade sobrenatural. Notemos de início, com Santo Tomás, que no homem em estado de pecado mortal costumamos encontrar falsas virtudes, como a temperança no avaro; ele a pratica não por amor do bem honesto e razoável, não para viver segundo a reta razão, mas por amor deste bem útil que é o dinheiro. Do mesmo modo, se paga suas dívidas, é antes para evitar os aborrecimentos dum processo do que por amor à justiça.

Acima dessas falsas virtudes, não é impossível encontrar, mesmo no homem em estado de pecado mortal, verdadeiras virtudes morais adquiridas. Muitos praticam a sobriedade para viver razoavelmente e, pelo mesmo motivo, pagam suas dívidas e fornecem alguns bons princípios aos seus filhos.

Mas, enquanto o homem permanece em estado de pecado mortal, as verdadeiras virtudes se encontram em estado de disposição pouco estável (in statu dispositionis facile mobilis), não estão ainda em estado de sólida virtude (difficile mobilis). Por quê? Porque enquanto o homem estiver em estado de pecado mortal, sua vontade está habitualmente desviada de Deus; em vez de amá-lo acima de tudo, o pecador se ama a si mais que a Deus, de onde a grande fraqueza para realizar o bem moral, mesmo o de ordem natural.

A intemperança faz com que falte à prudência mesmo no domínio próprio da virtude da força. A prudência, que deve guiar todas as virtudes morais, supõe, com efeito, que nossa vontade e sensibilidade estejam habitualmente retificadas quanto ao fim dessas virtudes. Aquele que conduz vários cavalos atrelados a uma charrete necessita que cada um deles já esteja manso e adestrado. Ora, a prudência é um como condutor de todas as virtudes morais, auriga virtutum, devendo tê-las, por assim dizer, todas à mão. Uma não vai sem a outra: elas são conexas na prudência que as dirige.

Por conseguinte, para que as verdadeiras virtudes adquiridas não estejam tão-somente em estado de disposição pouco estável, mas em estado de virtude já sólida (in status virtutis), faz-se mistér que estejam conexas e, por isso, que o homem não mais esteja em estado de pecado mortal, mas que sua vontade esteja retificada quanto ao fim último. Convém que ame a Deus mais que a si, e isso não é possível sem o estado de graça e a caridade.

Mas, após a justificação ou conversão, essas verdadeiras virtudes adquiridas podem chegar a ser virtudes estáveis; podem tornar-se conexas, apoiar-se uma nas outras. Enfim, sob o influxo da caridade infusa, elas tornam-se o princípio de atos meritórios para a vida eterna. Alguns teólogos, como Duns Scoto, por causa disso, chegaram a pensar que não é necessário que haja em nós virtudes morais infusas.

As virtudes morais infusas

As virtudes morais adquiridas, das quais falamos, bastam, sob a influência da caridade, para constituir o organismo espiritual das virtudes nos cristãos? É necessário que recebamos virtudes morais infusas? O catecismo do Concílio de Trento, conformemente a Tradição e a decisão do papa Clemente V no Concílio de Vienne (França, 1312), a propósito do batismo e seus efeitos, responde: “A graça (santificante), que o batismo comunica, é acompanhada do glorioso cortejo de todas as virtudes que, por um dom especial de Deus, penetram na alma ao mesmo tempo que esta”. É um admirável efeito da Paixão do Salvador, que se nos aplica pelo sacramento da regeneração.

Nisso se manifesta grandíssima conveniência, destacada bem a propósito por Santo Tomás. É mistér, salienta ele, que os meios sejam proporcionados ao fim. Ora, pelas virtudes teologais infusas somos elevados e retificados quanto ao fim último sobrenatural. Convém, pois, grandemente que sejamos elevados e retificados pelas virtudes morais infusas quanto aos meios sobrenaturais capazes de nos conduzir ao fim sobrenatural. Às nossas necessidades, Deus não proveria menos na ordem da graça do que naquela da natureza. Se nessa última Ele nos deu a capacidade de vir a praticar as virtudes morais adquiridas, convém grandemente que, na ordem da graça, dê-nos as virtudes morais infusas.

As virtudes morais adquiridas não bastam ao cristão para que ele queira, como convém, os meios sobrenaturais ordenados à vida eterna. Há, de fato, diz Santo Tomás, uma diferença essencial entre a temperança adquirida, já descrita pelos moralistas pagãos, e a temperança cristã, da qual fala o evangelho. Aqui existe uma diferença análoga àquela duma oitava, entre duas notas musicais de mesmo nome, separadas por um intervalo completo.

Como destaca Santo Tomás, na Summa Theologiæ, a temperança adquirida possui uma regra e um objeto formal diferentes daqueles da temperança infusa. Ela guarda o justo meio no alimento para que se viva razoavelmente, para que se não lese a saúde nem o exercício de nossa razão. A temperança infusa, pelo contrário, guarda o justo meio superior no uso dos alimentos, para que se viva cristãmente, como filho de Deus, caminhando em direção à vida sobrenatural da eternidade. A segunda também implica uma mortificação mais severa que a primeira, pois exige, como diz São Paulo, que o homem aborreça seu corpo e o reduza à servidão, para tornar-se não apenas cidadão virtuoso na vida social daqui debaixo, mas “concidadão dos santos, e membro da família de Deus”. Em pecado o homem perde o estado de graça.

De fato, quem está em pecado mortal está afastado (sünde, no alemão) de Deus, tendendo, por egoísmo, a faltar até com seus deveres na ordem natural. Há que se conhecer as relações entre as virtudes morais infusas e as virtudes morais adquiridas. Antes de qualquer coisa, a facilidade dos atos virtuosos não é garantida do mesmo modo pelas virtudes morais infusas e pelas virtudes morais adquiridas. As infusas fornecem uma facilidade intrínseca, sem que se exclua os obstáculos extrínsecos, os quais são afastados pela repetição dos atos que engendram as virtudes adquiridas.

Inteiramo-nos disso facilmente quando, pela absolvição, as virtudes morais infusas, unidas à graça santificante e à caridade, são recebidas por um penitente que, apesar de ter atrição de suas faltas, não possui as virtudes morais adquiridas. É o que acontece, por exemplo, no caso dos que têm o hábito de irritar-se e que vêm confessar-se, com a atrição (no sentido de arrependimento) suficiente, para a Páscoa. Pela absolvição recebe, junto com a caridade, as virtudes morais infusas, dentre as quais a temperança.

Contudo, não possui a temperança adquirida. A virtude infusa que ele recebe dá-lhe uma como facilidade intrínseca para exercer os atos obrigatórios de sobriedade; mas essa virtude infusa não exclui os obstáculos extrínsecos, que seriam eliminados pela repetição dos atos que engendram a temperança adquirida. Assim, o penitente deve vigiar-se cuidadosamente para evitar as ocasiões que o fariam recair em seu pecado habitual. Daí temos que a virtude adquirida da temperança facilita muito o exercício da virtude infusa de mesmo nome. Como isso se dá? Elas operam simultaneamente, de tal modo que a virtude adquirida está subordinada à virtude infusa, como uma disposição favorável.

Da mesma forma, num outro domínio, para o artista que toca harpa ou piano, a agilidade dos dedos, adquirida pela repetição dos atos, favorece o exercício da arte musical que está, não só nos dedos, mas na inteligência do artista. Se lhe sobrevier uma paralisia, ele perde toda agilidade dos dedos, não podendo mais exercer sua arte, devido a um obstáculo extrínseco. Todavia, sua arte permanece em sua inteligência prática, tal como a vemos num músico de gênio vítima de paralisia. Normalmente, ele a possui como duas funções subordinadas que se exercem conjuntamente. O mesmo vale para a virtude adquirida e para a virtude infusa do mesmo nome. Porém, entre os cristãos mais espiritualizados, o motivo explícito de ação que mais se manifesta é o sobrenatural; nos demais, o motivo é racional, ficando o sobrenatural um pouco latente (remissus). Da mesma forma, num pianista notamos mais a técnica, mas pouquíssima inspiração; num outro, o inverso se dá. ― Os motivos de razão inferior, que dizem respeito ao nosso bem estar, são mais ou menos explícitos, conforme sejamos mais ou menos desapegados dessas preocupações; ou se, por sentirmo-nos saudáveis, não temos porque ter tais preocupações.

Essas virtudes morais consistem num justo meio entre dois extremos, um por excesso, outro por falta. Deste modo, a virtude da força leva-nos a guardar o justo meio entre o medo, que nos faz fugir do perigo sem motivo razoável, e a temeridade, que nos leva a correr perigo sem razão suficiente. Mal escutam falar deste justo meio, os epicuristas e os tíbios crêem-se possuidores dele, mas não por amor à virtude, mas por comodidade, para fugir dos inconvenientes dos vícios contrários.

Confundem o justo meio e a mediocridade, que se encontra não precisamente entre dois males contrários, mas no meio do caminho entre o bem e o mal. A mediocridade ou a tibieza foge do bem superior como a um extremo a se evitar; esconde sua preguiça sob o princípio: “o melhor é às vezes inimigo do bom”, e termina por dizer: “o melhor é freqüentemente, se não sempre, o inimigo do bom”. Assim, termina por confundir o bem com a mediocridade.

Notemos enfim que os autores espirituais insistem particularmente, como o evangelho, em certas virtudes morais que têm ligação mais especial para com Deus, uma afinidade com as virtudes teologais. Ei-las: a religião ou a piedade sólida; a penitência, que presta a Deus o culto e a reparação que lhe são devidas; a mansidão, unida à paciência; a castidade perfeita, a virgindade e a humildade, virtude fundamental que afasta o orgulho, princípio de todo pecado.

Essas são as virtudes morais (infusas e adquiridas) que, com as virtudes teologais às quais se subordinam, constituem nosso organismo espiritual. É um conjunto de funções de grande harmonia, ainda que o pecado venial venha meter-lhe, com maior ou menor freqüência, falsas notas. Todas as partes de tal organismo espiritual crescem juntas, diz Santo Tomás, como os cinco dedos da mão.

É o que prova que não podemos ter uma grande caridade sem possuirmos uma profunda humildade, assim como o galho mais alto duma árvore se eleva ao céu à medida que sua raiz aprofunda-se cada vez mais no solo. Na vida interior, é preciso garantir que nada venha perturbar a harmonia desse organismo espiritual, como ocorre, infelizmente, com aqueles que, mesmo vivendo em estado de graça, parecem mais ocupados das ciências humanas ou das relações exteriores que do crescimento na fé, na confiança e no amor de Deus.

As Virtudes

No sacramento do batismo, Deus infunde na alma, sem nenhum mérito nosso, as virtudes, que são disposições habituais e firmes para fazer o bem. As virtudes infusas são teologais e morais. As teologais têm como objeto a Deus; as morais têm como objeto os bons atos humanos. As teologais são três: fé, esperança e caridade. As morais, que se chamam também virtudes humanas ou cardeais, são quatro: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Conta também o cristão com os dons do Espírito Santo, que facilitam o exercício mais perfeito das virtudes.

Com relação à virtude teologal da caridade, ou seja, do amor, deve-se ter em conta que o amor a Deus e o amor ao próximo são uma mesma e única coisa, de modo que um depende do outro; por isto, tanto mais poderemos amar ao próximo quanto mais amemos a Deus; e, por sua vez, tanto mais amaremos a Deus quanto mais de verdade amemos ao próximo.

O que é a virtude?
A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem.

Quantas classes de virtudes existem?
Existem duas classes de virtudes: as teologais e as humanas ou morais.

Quantas são as virtudes teologais?
As virtudes teologais – como já vimos – são três: a fé, a esperança e o amor (ou a caridade).

O que é a fé?
A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus, em tudo o que Ele nos revelou e que a Santa Igreja nos ensina como objeto de fé.

O que é a esperança?
A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos e esperamos de Deus, com uma firme confiança, a vida eterna e as graças para merecê-la, porque Deus nos prometeu.

O que é a caridade?
A caridade é a virtude teologal mais importante. Por ela amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor a Deus, com o amor filial e fraterno que Cristo nos mandou.

Por que devemos amar a Deus sobre todas as coisas?
Devemos amar a Deus sobre todas as coisas porque somente Deus é infinitamente amável e porque nos criou para o Céu.

Por que devemos amar ao próximo?
Devemos amar ao próximo porque todos os homens são irmãos, filhos do mesmo Pai celestial, redimidos com o Sangue de Jesus Cristo e destinados ao Céu. Além disto, amar a Deus e ao próximo é uma exigência do decálogo ético.

O que são as virtudes humanas?
As virtudes humanas, chamadas também de virtudes morais, são disposições estáveis do entendimento e da vontade que regulam nossas ações, ordenam nossas paixões e guiam nossa conduta segundo a razão e a fé.

Quantas são as virtudes humanas?
As virtudes humanas ou morais são muitas, mas podem ser agrupadas em torno a quatro principais, chamadas virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e temperança.

O que é a prudência?
A prudência é a virtude que dispõe da razão prática para discernir, em toda circunstância, nosso verdadeiro bem e escolher os meios justos para realizá-lo.

O que é a justiça?
A justiça é a virtude que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido.

O que é a fortaleza?
A fortaleza é a virtude que assegura a firmeza e a constância na prática do bem, até mesmo nas dificuldades. É um dom do Espírito Santo.

O que é a temperança?
A temperança é virtude que modera a atração para os prazeres sensíveis e procura a moderação no uso dos bens criados.

As virtudes mais excelentes, nunca é demais frisar, são as virtudes teologais (fé, esperança e o amor) que se referem diretamente a Deus; mas também são importantes as virtudes morais, que aperfeiçoam o comportamento do individuo nos meios que conduzem a Deus. Se pensamos no modo de adquiri-las, umas são virtudes naturais ou adquiridas, pois são conseguidas com as forças da natureza; outras, sobrenaturais, que são concedidas por Deus, de modo gratuito. As virtudes teologais sempre são sobrenaturais ou infusas; mas virtudes morais podem ser adquiridas ou infundidas por Deus. O ser humano pode realizar atos bons com as forças naturais, adquirindo virtudes. Por exemplo: a sinceridade, a laboriosidade, a discrição, a lealdade.

Além das virtudes cardeais, o ser humano deve praticar as outras virtudes morais, especialmente a da religião, a humildade, a obediência, a alegria, a paciência, a penitência e a castidade.

Os dons do Espírito Santo

O edifício sobrenatural é coroado com os dons e os frutos do Espírito Santo. Os dons são perfeições sobrenaturais que Deus infunde para facilitar o exercício das virtudes, fazendo-nos dóceis aos impulsos do Espírito Santo. São sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Além dos dons – e como antecipação da glória do céu – são enumerados doze frutos do Espírito Santo: caridade, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade, mansidão, fé, modéstia, continência e castidade.


Crescer nas virtudes

O cristão que intenta viver uma vida segundo Deus, conta com a graça divina e as virtudes, quer dizer, com todos os meios para conseguir o fim a que Deus o chama. Em conseqüência, com a ajuda de Deus e o esforço próprio, há de ir crescendo na virtude. Deus nunca abandona, e basta que lutemos para fazer o bem e viver a caridade – sobretudo – que, como temos dito, consiste em amar a Deus com toda a alma a nós e ao próximo por amor a Deus.
Propósitos de vida cristã:

Exercitar as virtudes morais na vida de cada dia: estudo, trabalho, vida de família, amizades.

Pedir a Deus que aumente em nós as virtudes teologais. Pedir isto especialmente na Santa Missa, dizendo: “Senhor, aumenta em mim a fé, a esperança e a caridade”.

A virtude aperfeiçoa quem a possui: De qualquer maneira, é mais fácil adquirir um hábito bom do que remover um hábito mau, justamente por causa da influência das paixões sobre o voluntário; e isso se confirma ao constatarmos que as paixões são iminentes e muito dependentes frente àquilo que as experiências sensíveis, rotineiramente, nelas causam inclinação ou aversão. São propriedades das virtudes: (1) ser o justo meio termo entre o excesso e a deficiência; (2) tornar a ação fácil e deleitável; (3) relacionar-se com outras virtudes e com o fim último e (4) não se verter em mal. As virtudes morais são adquiridas pela repetição dos atos.
Regra que, também, vale e se aplica aos vícios. Neste sentido temos: o ato repetido gera o hábito e o hábito, segundo o bem ou o mal, gera ou a virtude ou o vício. E porque a ação humana pode ser a nível especulativo ou prático, há, por isso, os hábitos especulativos e os práticos e, do mesmo modo, as virtudes e os vícios especulativos e práticos.

Há vários tipos de virtudes. Elas se dividem em virtudes intelectuais, que pelo hábito dos princípios da razão teórica, adquirem ou realizam algum bem ou perfeição do intelecto; e em virtudes morais, que pelo hábito dos princípios da razão prática, adquirem ou realizam algum bem ou perfeição da vontade e dos apetites sensíveis que são: concupiscível e irascível. As virtudes intelectuais se dividem em especulativas e práticas.

A virtude intelectual especulativa inclina o intelecto, perfeitamente, para a verdade universal e são três: o intelecto (hábito dos primeiros princípios especulativos, que orienta o homem para a verdade, evitando o erro e o engano), a sindéresis (hábito dos primeiros princípios práticos, que inclina o homem para a busca do bem, na medida em que evita o mal) e a sabedoria (hábito de considerar a realidade por sua causalidade última, na medida em que não procura o conhecimento das coisas pelas coisas, mas pelo que elas indicam para além de si, para o que o transcende). A virtude intelectual prática inclina o intelecto para o reto juízo, aqui e agora, acerca da ação particular. São virtudes intelectuais práticas a arte (a reta razão do fazer) e a prudência (a reta razão do agir).

As virtudes morais se dividem em quatro virtudes, ditas cardeais, visto que sobre elas se fundam outras virtudes: a prudência, que é virtude racional por essência e se dispõe a aperfeiçoar a razão; a justiça, que é racional por participação e dispõe ordenar a vontade; a fortaleza, que modera o apetite sensitivo irascível e a temperança, que modera o apetite sensitivo concupiscível. Como regra geral, a importância da virtude está em que ela torna bom aquele que a possui e boa a obra que ele faz [STh. II-II,q47,a4,c]. Como regra geral, a importância da virtude está em que ela torna bom aquele que a possui e boa a obra que ele faz [STh. II-II,q47,a4,

Por fim, ex positis, entendo que é indispensável coroar esta reflexão sobre as virtudes com a liberdade, um dos mais importantes dons. Deus, diz a Escritura, criou o homem e o deixou entregue à moralidade de sua liberdade (cf. Eclo 15, 14). A liberdade aparece, biblicamente falando, num processo tríplice: do pecado (Mt 6, 13; Jo 8, 31-36; Rm 6, 18-23; 8,2); da lei (Rm 7, 12; Gl 4, 4; 5, 1.13); da morte (Jo 8, 36; Gl 5, 1).

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