A vida humana, a conduta individual, o comportamento coletivo, a estrutura social, a ordem econômica, a organização política, a participação cidadã e a prática religiosa necessitam de parâmetros morais e éticos, que lhe dão consistência, sob pena de resvalarem para o terreno da infixidez, da insegurança, do contra-testemunho.
Há valores que imprimem um rumo certo à vida das pessoas e das instituições, assegurando-lhes a necessária consistência, na realização de suas aspirações, na concretização de seus ideais e na execução de seus projetos. Como não há convergência nem unanimidade, mesmo em torno de aspectos fundamentais da vida humana e da conduta social, desde os tempos remotos à atualidade, fazem-se leituras diferentes e divergentes, baseadas em pressupostos teóricos e em concepções ideológicas.
Sabe-se, claramente, que não é a mesma coisa ter ou não ter princípios éticos e haverá consequências diferentes, na vida individual e coletiva, quando se age no sopro do vento da anomia.
Graças à sua sabedoria e ao conhecimento popular que adquiriu, Jesus comparou a construção da vida humana à construção de uma casa sobre a rocha ou sobre a areia.
“Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa e ela desabou, e grande foi a sua ruína.” (Mt 7, 24-27) .
Os efeitos das chuvas e enchentes fazem parte da história de pessoas, famílias e comunidades e têm maior ou menor consequência, de conformidade com a qualidade da construção de suas casas, por resistirem ou não ao impacto, quando construídas sobre a rocha ou sobre a areia.
O estado em que se encontram muitas casas, nas áreas dos Estados de Pernambuco e Alagoas, atingidas por recentes inundações, confirma, mais uma vez, a verdade da palavra de Jesus.
Além de sua aplicação ao campo da construção civil, a comparação de Jesus contempla a história das pessoas e das instituições que repousa sobre rocha sólida ou se apoia em areia movediça.
Em todos os tempos, povos e culturas, identificam-se esses dois tipos de base na vida das pessoas e na formação das civilizações. A rocha sólida contém elementos de natureza resistente e de caráter duradouro, por isso, os valores éticos, morais, culturais e religiosos alimentam a vida das pessoas e da sociedade, não obstante as dificuldades de sua preservação.
De outro lado, na areia movediça da modernidade, constroem-se os modelos do laicismo, indiferentismo, relativismo, materialismo, consumismo e hedonismo que oferecem outros parâmetros de conduta individual e coletiva.
Não é simples para ninguém respirar essa atmosfera e defender o “valor família” nos areópagos modernos onde, com persuasão, são proclamados e exaltados elementos do pluralismo contemporâneo, onde são defendidas, por exemplo, a união de pessoas do mesmo sexo e a legalização da prática do aborto que, por sinal, já constituem disposições legais em diversos países.
Consequentemente, mais difícil ainda é educar os filhos no caminho do bem, da santidade, liberdade, fraternidade, solidariedade, verdade, honestidade e justiça.
A instituição família, no plano de Deus e no magistério da Igreja, ocupa sempre um espaço próprio e um lugar privilegiado porque tem seu fundamento na lei natural e na lei divina.
Cabe à sociedade alicerçar-se na rocha sólida de valores perenes, sob pena de desmoronar sua estrutura, se for levantada sobre areia escorregadia.
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