Nesta meditação ainda falo do Beijo examinamos o significado simbólico da Noiva e examinaremos o significado simbólico do Beijo.
Os nossos primeiros comentários vão girar em torno do Cântico dos Cânticos. Esse poema bíblico baseia-se no Amor humano para conduzir-nos a um Amor mais amplo que é o Amor Divino.
Há mais de 2000 anos o Cântico dos Cânticos vem fascinando a humanidade devido à sua fina qualidade poética e ao seu profundo significado simbólico. Grandes figuras do cristianismo como Orígenes e Bernard de Clarvaux tiveram esse poema na mais alta conta; ele foi também muito apreciado por algumas das grandes figuras do judaísmo.
Atribuído ao rei Salomão, o rei que é a própria Paz encarnada, pois seu nome significa Paz, o poema é um convite à encarnação da Paz.
Assim, a primeira pergunta que se impõe é: O que é a paz?
Quando se fala em paz, habitualmente nos vem a idéia de uma situação externa onde não há conflitos abertos. No entanto, a verdadeira paz é um estado interior de contentamento, de tranqüilidade satisfeita; é sentir o sol no peito; é ter um peito de ouro; é sentir o frescor e a fertilidade da primavera no coração.
Assim, o rei Salomão convida-nos a ser como ele, pois se cultivarmos a paz interior todos os dias, se fizermos dela o pão nosso de cada dia, o que há de melhor fluirá de nós, para nós.
A verdadeira paz não cai do céu
É preciso trabalhar para que a verdadeira paz se aproxime de nós. Para isso devemos afastar-nos, na medida do possível, do ciúme, da inveja, da competição, da raiva, do medo e da angústia. A cada centímetro que nos distanciamos desses estados negativos, ganhamos um centímetro em direção ao país da paz.
A paz é um querer bem que implica ter um coração limpo. O alicerce do Amor verdadeiro é um coração limpo.
O Cântico dos Cânticos ensina-nos a Amar
O maravilhoso poema ensina-nos a Amar através da mais natural das relações amorosas que é a relação homem-mulher, do Noivo com a Noiva.
Ele nos estimula a descobrir que o verdadeiro Amor deve estar em constante ampliação, em um alargamento contínuo, englobando cada vez mais os nossos semelhantes, o Universo todo e Deus. O poema quer ajudar-nos a descobrir que o Amor é a matéria prima do Universo, é o Ar do ar que respiramos.
Mas quando falamos em Amor entre homem e mulher, a primeira questão que se apresenta é:Como falar em paz diante de duas realidades tão diferentes?
Vivemos em um mundo de opostos, onde estão sempre se defrontando realidades contrárias como, por exemplo, o homem e a mulher; os nossos sonhos de grandiosidade e a nossa realidade mesquinha; o nosso ideal de felicidade e o realismo duro e áspero da nossa vida cotidiana, ou seja, os nossos sentimentos mais elevados e a difícil luta pela sobrevivência.
O fato é que falamos de paz apenas TEORICAMENTE, pois ela não é, para nós, uma realidade substancial, tangível; é apenas um discurso intelectual; é um conceito mental e não uma disposição real dentro do nosso peito. Se um dia pudermos tocar, de fato, instantes de paz verdadeira em nosso coração, compreenderemos que a paz, sem o menor esforço, concilia tudo aquilo que é aparentemente irreconciliável.
O poder do Amor está em conciliar o que é aparentemente irreconciliável. Por isso, o Amor é a Paz e a Paz é o Amor.
Prólogo (1,2-4) que diz: "A Noiva":
Deixe-o beijar-me com os beijos de sua boca.
O seu amor é mais agradável que o vinho;
delicada é a fragrância de seu perfume,
o seu nome é um óleo derramado, e é por isso que as virgens o amam.
Faça-me seguir as suas pegadas, vamos correr.
O Rei trouxe-me aos seus aposentos;
Você será nossa alegria e nossa satisfação.
Deveremos exaltar o seu amor acima do vinho;
como é justo amá-lo
O significado simbólico da Noiva:
A palavra Noiva, tomada simbolicamente, pode evocar no ser humano um buquê de significados profundos. Examinaremos aqui alguns deles:
1 Noiva é o estado de uma mulher que vai unir-se ao ser amado e que deseja intensamente essa união. Ora, todo ser humano anseia naturalmente por união, pois a união verdadeira tira-nos do estado crônico de egocentrismo em que vivemos, e que é a causa da nossa prisão. Temos o anseio de unir-nos aos outros, à vida, a um ideal ou ao Divino. Então, o que barra o nosso caminho para a união, ou seja, para a comunhão com os nossos semelhantes, com a natureza ou com Deus? Cabe a cada um examinar honestamente essa questão decisiva. Ao respondê-la, poderemos ser arrastados pelos caminhos da plenitude e da felicidade.
2 Para a mulher, ser noiva é, na maioria das vezes, um estado de encantamento, de promessa e de esperança. Na cerimônia de casamento, a mulher toca um estado de esplendor, como se tivesse ido para um outro mundo. Que mundo seria esse? É o mundo encantado dos contos de fadas e das Mil e Uma Noites. É o mundo do Belo a que se refere Platão. Seria esse mundo uma fantasia, apenas um delírio infantil? Não! O Belo e o Bom são, na verdade, vocações de todo ser humano e é por isso que temos todo o direito de buscar essas qualidades. Por que a nossa vida cotidiana afasta-nos do caminho do encantamento e do esplendor? O que nos encerra no labirinto feio e mesquinho do que chamamos ironicamente de “vida real”? O rei Salomão, ao escrever esse maravilhoso poema, pretendia que nos propuséssemos questões como essas.
3 O estado de Noiva evoca obrigatoriamente o Amor. O Amor nos concede um peito fértil, uma força confiante, um grande poder. O Amor nos proporciona firmeza, isto é, base e eixo. Viver sem Amor significa viver com um peito estéril, sem força, sem poder, sem eixo. Por isso, vamos aprender a Amar! O Amor é a melhor estrada para o Divino e, por isso mesmo, foi tão lindamente cantado pelo rei Salomão. Mas como aprender a Amar verdadeiramente? É simples! Basta sair de você mesmo, ou melhor, daquilo que você acredita ser você mesmo. Vamos! Saia de tudo que o limita e descobrirá encantado que você, na verdade, é uma imensidão amorosa. Comece já! Não há nada mais urgente do que isso!
O BEIJO
O Beijo de que nos fala o Cântico dos Cânticos vem inflamar-nos e despertar-nos, vem abrir uma nova perspectiva sobre nós mesmos.
Beijar quem amamos faz-nos sentir mais vivos e mais brilhantes. Quando beijamos, saímos do nosso pequenino e medíocre “eu mesmo” do dia-a-dia, para nos tornar um “Eu mesmo” desconhecido, amplo, sem contornos, sem forma definida.
Nesse sentido, beijar quem amamos tira-nos de uma vida sem cor e sem graça, para nos levar a uma espécie de Noite acolhedora, fonte de todos os potenciais promissores.
Dessa forma, O Beijo faz-nos pressentir que, se de um lado somos uma “persona” social, de outro somos uma imensidão que extravasa os inúmeros rótulos que nos prendem ao fluxo da banalidade mundana.
Os Beijos dos quais nos fala Salomão são vibrações que tocam o meio do nosso peito, que tocam a nossa Alma.
Essa Alma, que é nosso sentimento profundo de ser e de estar, precisa de alimento. Ela precisa ser nutrida com impressões que a elevem, que a recoloquem na direção do seu berço de origem. No correr da nossa vida cotidiana, permeada pelo stress, só oferecemos à Alma emoções carregadas de agressão, competitividade, ciúme e inveja. Mas nossa Alma clama pelo beijo de impressões de qualidade, pelo beijo da esperança, da paz e do contentamento.
O Beijo amoroso retira-nos das mandíbulas devoradoras do tempo.
Através do beijo, vivemos um instante de Eternidade, livres do passado e do futuro.
Presenciamos, então, um estado interior em que as emoções mesquinhas, imprimidas pelo fluxo da vida, cedem lugar ao mundo do encantamento e da compaixão, despertando em nosso peito um sentimento de irmandade em relação a tudo e a todos.
Diz São Bernardo
A boca que beija significa a palavra que assume a natureza humana, a natureza assume recebe o beijo, o beijo, no entanto, que leva o seu ser, tanto do doador e do receptor, é uma pessoa que é formado por ambos, nada menos que "o mediador entre Deus e a humanidade, um homem, Cristo Jesus. É por esta razão que nenhum dos santos ousou dizer: "Beije-me ele com a sua boca", mas sim, "com o beijo de sua boca." Deste modo, presta homenagem a prerrogativa de Cristo, a quem exclusivamente e em uma única instância da boca da palavra foi pressionado, o momento em que a plenitude da divindade rendeu-se a ele como a vida de seu corpo. Um beijo fértil, portanto, uma maravilha da estupenda auto-humilhação que não é um simples pressionar de boca em boca, é a união de Deus com o homem.
Normalmente, o toque de lábios no lábio é o sinal do abraço amoroso de coração, mas esta conjunção de naturezas reúne o humano e o divino, Deus mostra a conciliação "para si todas as coisas, tanto na terra como no céu.''" Para ele é a paz entre nós, e fez os dois em um.''Esse foi o beijo para que apenas os homens ansiavam sob a antiga dispensação, prevendo como o fizeram os que nele se iria "encontrar a felicidade e uma coroa de regozijo", pois Nele estavam escondidos "todas as jóias de sabedoria e conhecimento". Daí seu desejo de provar que a plenitude dele.
O beijo dos pés do Senhor, mãos e boca- Sermão 3 sobre o Cântico dos Cânticos
1 Hoje, o texto que estamos a estudar é o livro da nossa própria experiência. Você deve desviar a atenção do seu interior, cada um deve tomar nota da sua particular própria consciência das coisas que estou prestes a discutir. Estou tentando descobrir se algum de vocês tem o privilégio de dizer no seu coração: "Beije-me ele com o beijo de sua boca." Aqueles a quem é dado proferir estas palavras, sinceramente, são relativamente poucas, mas qualquer um que recebeu este beijo místico da boca de Cristo pelo menos uma vez, procura novamente essa experiência íntima, e olha ansiosamente para a sua renovação freqüente. Eu acho que ninguém pode entender o que é senão aquele que o recebe.
Para ele é um "maná escondido", e só quem come ele ainda anseia por mais. É "uma fonte selada" para que nenhum estranho tenha acesso, só quem bebe ainda tem sede de mais. Ouça a quem teve a experiência, como ele exige urgentemente: "Seja meu salvador de novo, renovar a minha alegria." Mas uma alma como a minha, carregados com os pecados, ainda sujeito a paixões carnais, desprovido de qualquer conhecimento espiritual de delícias, não pode presumir a fazer tal pedido, quase totalmente ignorante como é com os prazeres da vida sobrenatural.
2 Gostaria, no entanto de referir a pessoas como esta que não é um lugar apropriado para eles no caminho da salvação. Eles não podem aspirar a imprudência dos lábios de um Noivo mais benigna, mas deixe-me prostrado, com medo de nos pés de um senhor mais grave. Como o publicano, cheio de apreensão, devem voltar seus olhos para a terra e não para o céu. Olhos que estão acostumados apenas a escuridão vai se deslumbrar com o brilho do mundo espiritual, dominado pelo seu esplendor, repulsa por seu brilho incomparável e novamente em uma escuridão mais densa do que antes. Todos vocês que estão plenamente conscientes do pecado, não considero indigno e desprezível que a posição em que o pecador santo previsto seus pecados, e vestir a roupa da santidade. Lá, o etíope mudou sua pele, e limpa para um novo brilho, com confiança e poderia legitimamente responder a quem insultou: "Eu sou negra, mas bela, filhas de Jerusalém.''Você pode perguntar o que permitiu sua habilidade para realizar essa mudança ou quais as razões de mérito que ela é? posso dizer-lhe em poucas palavras. Ela chorou amargamente, ela suspirou profundamente no seu coração, ela chorou com um arrependimento que abalou sua própria essência, até que o mal que suas paixões inflamadas foi purificado distância. O médico celeste chegou com velocidade ao seu auxílio, porque "a sua palavra corre velozmente.''Talvez você pense que a Palavra de Deus não é um medicamento?
Certamente é um remédio forte e pungente, testando a mente e o coração. "A Palavra de Deus é algo vivo e ativo. Corta como qualquer espada de dois gumes, mas mais fino. Ele pode escapar ao lugar onde a alma é separada do espírito, ou as articulações a partir da medula: ele pode julgar o segredo pensamentos.''Cabe a você, miserável pecador, que se humilhar como esta penitente feliz fez para que você possa se livrar da sua miséria, prostrados no chão, segure seus pés, acalmá-los com beijos, polvilhe-as com suas lágrimas e por isso não lavá-los, mas você mesmo. Desta forma você se tornará um dos do bando "de ovelhas tosquiadas que eles vêm para cima a partir da lavagem.''Mas, mesmo assim você não pode se atrever a levantar o rosto banhado de vergonha e tristeza , até ouvir a frase: "Seus pecados estão perdoados'', a ser seguido pela citação:" Desperta, desperta, cativos de Sião, acordado, sacudi o pó.
3 Apesar de ter feito um início de beijar os pés, você não pode presumir a origem de uma vez por impulso ao beijo na boca, não há uma etapa a ser superada no meio, um beijo intervir na mão para que eu ofereço o seguinte explicação. Se Jesus me diz: "Seus pecados estão perdoados", o que me aproveita isso, se eu não deixar de pecar? Tenho tirado a minha túnica, sou eu para colocá-lo novamente? E se eu não fizer, o que eu ganhei? Se o solo que meus pés novamente depois de lavá-las, é a lavagem de algum benefício? Deitei no pântano do pântano, suja de todos os tipos de vícios, se eu voltar a ele mais uma vez vou ser pior do que quando chafurdou na mesma. Em cima de que me lembro que quem me curou me disse que ele exerceu a sua misericórdia: "Agora você está bem novamente, tenha certeza de não pecar mais, ou algo pior pode acontecer com você." Ele, como sempre, que me deu a graça de se arrepender, deve também dar-me a força para perseverar, para que os meus pecados, repetindo que eu deveria acabar por ser pior do que eu era antes. Ai de mim, então, arrependido apesar de eu ser, se ele, sem os quais nada posso fazer de repente retirar a mão de apoio. Eu realmente não significa nada, por mim mesmo que posso conseguir, nem arrependimento, nem a perseverança, e por isso eu prestar atenção para os seus conselhos: "Não se repita em suas orações. Juiz ameaça até a árvore que não produzir bons frutos é outra coisa que me deixa temeroso. Por estas razões diversas Confesso nunca que não estou totalmente satisfeito com a primeira graça através da qual estou habilitado a se arrepender dos meus pecados, eu devo ter a segunda também, e assim dar frutos próprios de arrependimento, que não pode retornar como o cão ao seu vômito”.
Com minha benção
Pe.Emílio Carlos+
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