O amor recíproco, ajustado ao amor do Mestre, ou melhor, nascido dele, garante à comunidade cristã a presença de Jesus, da qual é o autêntico sinal. Ao mesmo tempo, é o distintivo dos verdadeiros cristãos: “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13, 35). Assim a vida da Igreja começou amparada numa força de coesão e de expansão totalmente nova e dotada de um poder extraordinário, porque fundamentada, não no amor humano que é sempre frágil e falho, mas no amor divino: o amor de Cristo revivido nas relações mútuas dos fiéis.
O amor ao próximo que se pedia na Antiga Lei alcançava também de algum modo os inimigos (Ex 23, 4-5); a medida do amor cristão não está no coração do homem, mas no coração de Cristo, que entrega a sua vida na Cruz pela redenção de todos (cf. 1 Jo 4, 9-11). Nisto consiste a novidade do ensinamento de Jesus, e bem pode dizer o Senhor que é o seu mandamento, expressão da sua última vontade, a cláusula principal de seu testamento.
Não se pode separar o amor ao próximo do amor de Deus: “O maior mandamento da Lei é amar a Deus de todo o coração, e ao próximo como a si mesmo (cf. Mt 22, 37-40)”. Cristo fez deste mandamento do amor para com o próximo o seu mandamento, e enriqueceu-o com novo significado, identificando-se com os irmãos como objeto da caridade, dizendo: “o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes” (Mt 25, 40).
Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta distante, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, por que Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois Meus discípulos”.
Este amor é o segredo do zelo incansável de Paulo e de Barnabé de que nos fala At 14, 20-27.
Nenhum comentário:
Postar um comentário