Quando nos deixamos olhar por Deus, permitimos-Lhe olhar para onde estão as nossas verdadeiras riquezas; a oração ajuda-nos, então, a reconhecê-las para as desenvolver. Jesus sabe que o coração do homem anda muitas vezes bem longe do coração de Deus, que o porta-moedas é parte sensível do homem, enquanto Deus não tem nada disso! A vida do homem não depende das suas riquezas.
O melhor celeiro? O melhor banco? Onde acumulamos as nossas riquezas? E quais são estas riquezas? À luz da parábola de Jesus, eis-nos convidados a fazer o ponto da situação sobre as nossas prioridades na vida – e a retificar, talvez, o nosso uso dos bens da terra. A vida de uma pessoa e o seu valor real não se medem pelas suas riquezas. Estamos verdadeiramente conscientes e persuadidos disso?
Você já tentou pegar a fumaça do escapamento de um carro ou ônibus? Parece bem substancial, mas quando você tenta agarrá-la, percebe-se que não apanhou nada. A vida é assim. Parece impressionante, mas quando você pára e a analisa, não há nada durável ou satisfatório nela. É vazia.
O livro de Eclesiastes registra a busca de Salomão por significado e propósito na vida. Ele buscava valor real em diferentes áreas, mas o resultado final era deprimente. "Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (1,2). "Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol" (2,11). Ele achava a vida vazia e sem significado. Ele disse que era como caçar o vento: nunca se consegue pegá-lo.
Eclesiastes contém quatro pensamentos básicos:
A busca do Pregador por valor real na vida; ele concluiu que tudo é vaidade.
Razões para as frustrações na vida.
Alguns modos melhores para viver a vida apesar dela ser vazia.
A única satisfação que há para um homem. Esta reflexão estudará os pontos 1, 2 e 4.
O escritor buscou significado em muitas áreas.
Ele tentou a sabedoria: "Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento. Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza" (1,16-18).
Com o aumento da sabedoria veio o aumento da dor, porque maior percepção do mundo leva a maior frustração com as coisas tortas do mundo que não podem ser retificadas.
Ele buscou prazer: "Disse comigo: vamos! Eu te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade; mas também isso era vaidade. Do riso disse: é loucura; e da alegria: de que serve?" (2,1-2).
Ele procurou significado no uso moderado de álcool: "Resolvi no meu coração dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela sabedoria, e entregar-me à loucura, até ver o que melhor seria que fizessem os filhos dos homens debaixo do céu, durante os poucos dias da sua vida" (2,3).
Ele tentou satisfazer-se com grandes realizações: "Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores" (2,4-6).
Ele comprou escravos: "Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa" (2,7). ‘ Ele acumulou grande riqueza: "Também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém.
Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias" (2,7-8). ’ Ele buscou divertimento e prazer sexual: "Provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres" (2,8). “ Ele também observou o resultado da busca por popularidade (veja 4,13-16).
Depois dessa análise detalhada, qual foi a conclusão final?
"Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol" (2,11). Não havia satisfação em nenhuma destas buscas.
Razões para as Frustrações na Vida
Há boas razões pelas quais a vida é inerentemente insatisfatória, não importa quão bem sucedidas nossas buscas possam ser.
Nenhuma realização. Nada realmente acontece na vida. Há uma infindável e cansativa sucessão de acontecimentos, mas não há resultado. Essa monotonia é bem ilustrada pelos ciclos naturais na terra (1,3-7). O sol se levanta, põe-se, e levanta-se novamente. Muita atividade, nenhuma mudança.
O vento sopra para o norte, sopra para o sul, e sopra para o norte novamente. Muito movimento, nenhuma realização. Os rios correm para o mar, e correm para o mar, e correm para o mar. Estão em constante movimento mas jamais se esvaziam e o mar jamais se enche.
Não se pode mudar nada. Nunca se consegue, realmente, fazer muita diferença. As coisas vão acontecer quando acontecerem e pouco haverá que se possa fazer para mudar isso. Este é o ponto do Pregador em 3,1-8 quando ele discute como há um tempo para tudo (veja também 3,14 e 8,8). Há muitas coisas importantes sobre as quais não temos, absolutamente, nenhum domínio: o clima, as condições econômicas, a guerra, a doença, a morte, etc. É frustrante estar à mercê de forças externas.
Não se pode prever nada. "Porque este não sabe o que há de suceder; e, como há de ser, ninguém há que lho declare" (8,7). Há tantas incertezas, tantas perguntas sem respostas na vida. Podemos nos juntar a Jó ao perguntar por quê, e acompanhá-lo no passar de muitos dias agonizantes sem nenhuma resposta.
O mesmo destino para todos. A mesma coisa acontece aos homens bons e aos perversos. "Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo" (9,1-3).
A morte é muito democrática; há uma para todos. Quanto a esta vida, a mesma coisa que acontece conosco acontece aos animais: morremos e nossa carne apodrece (3,18-21). Se a vida atual fosse tudo o que há, nosso fim seria exatamente igual ao dos animais. Que deprimente!
O acaso governa. "Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso" (9,11). O sucesso não está sob o nosso comando. O melhor sujeito nem sempre ganha. Às vezes a vitória é apenas uma questão de sorte.
Nenhuma retenção. Aqui nada é durável. Poucos anos depois que morrermos ninguém se lembrará de nós nem se importará conosco. Nosso legado será passado para alguém que não trabalhou por ele e que, conseqüentemente, não o apreciará nem usará como nós o faríamos."Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento.
Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! ... Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. E quem pode dizer se será sábio ou estulto? Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas fadigas e sabedoria debaixo do sol; também isto é vaidade" (2,16, 18-19). O empenho humano não pode ser recordado, retido ou passado a outro.
Nenhuma satisfação. As pessoas freqüentemente pensam, "Se tivéssemos mais um pouco, poderíamos ser felizes." Assim conseguem um pouco mais; porém, ainda estão infelizes. As coisas desta vida nunca satisfazem; nosso vazio sempre fica mais e mais profundo. "Todo trabalho do homem é para a sua boca; e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite" (6,7).
“Injustiça. A vida não é justa. Quem consegue o emprego ou a promoção? Muitas vezes é a pessoa que menos merece. Geralmente é preciso menos esforço para criar um problema do que para resolvê-lo. "Qual a mosca morta faz o ungüento do perfumador exalar mau cheiro, assim é para a sabedoria e a honra um pouco de estultícia" (10,1).
“Velhice.Eclesiastes 12,2-8 registra uma descrição poética do envelhecimento. Em termos pitorescos, as fraquezas da velhice são descritas: as mãos trêmulas, a postura encurvada, os dentes perdidos, a visão diminuída, a audição debilitada, o sono intermitente, a voz áspera, o cabelo encanecido, o andar desajeitado, etc. Assim, se não morrermos antes, estaremos todos destinados a esse estado débil. Que deprimente!
A Verdadeira Satisfação na Vida
Necessitamos dessa mensagem. É má notícia. Mas precisamos receber as más notícias para procurarmos a cura. Podemos menosprezar o fato da vida ser vazia, podemos ocupar-nos em atividades frenéticas, podemos trombetear em alto som que estamos felizes e satisfeitos, mas não podemos escapar. Buscando sombras incontáveis ficamos cada vez mais vazios. Somente quando reconhecermos a total futilidade de todos os esforços nesta vida nos voltaremos para aquele que pode dar o significado e a satisfação que buscamos.A vida realmente tem significado, propósito e valor quando nossa meta é servir a Deus. "De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (12,13-14). Há um espaço em nossa alma que somente Deus pode ocupar, e nunca estaremos em paz até que permitamos que ele a preencha.
Esta é a mensagem de Eclesiastes. A vida é vazia, a menos que façamos de Deus nossa vida. Ele é a única meta adequada de nossa existência.
Sem ele descemos no vazio e no desespero, apesar de todos os esforços para nos enchermos com o mundo. "Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (1,2).
Com minha benção.
Pe.Emílio Carlos+
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