Essa profecia cai profundamente sobre a humanidade, o homem místico afugenta as “síndromes” do nada. Mas, nem todo místico provoca essa libertação total das crises interiores. É preciso entender o místico que Karl Rahner quis dizer. Se não, acorreríamos a todo misticismo de hoje como sendo saudável, como as meditações transcendentais, a cabala, a yoga, as inúmeras seitas, etc.
O místico real e verdadeiro é aquele que é íntimo do Espírito Santo. Essa é a grande resposta da Igreja do Concílio Vaticano II ao homem de hoje: ser depositário de um Novo Pentecostes favorecendo essa intimidade.
O grande problema é que a humanidade caminha para o individualismo, que significa o fim das dependências pessoais e do convívio. A sociedade moderna exige relacionamentos, mas jamais convívio.
O relacionar-se compreende uma boa conversa, uma ótima educação. Mas, con-viver é ser íntimo, e o erro é que para muitos intimidade é sexo. Na verdade, o individualismo fez crescer uma selva de erros que confundiu e fez distanciar o homem dele mesmo.
A grande via para o homem moderno é buscar o con-vivio, é exercitar-se no con-viver para ser íntimo. E con-viver é viver em comum com o outro ou dentro do outro. É viver no outro. É aquilo que Jesus fez com os coxos, aleijados e com a cruz. Ele teve compaixão, sofreu junto e morreu por todos. Por isso, Jesus se tornou tão íntimo dos homens que quis estar com eles até o fim dos tempos.
Agora, o Espírito quer ser íntimo, quer con-viver. Foi justamente isso que aconteceu com os apóstolos. O Espírito entrou dentro deles e os impulsionou num forte entusiasmo carismático. Esses grandes evangelizadores chegaram num estado tão grande de intimidade com Deus que suas ações, gestos e palavras eram comandadas pelo Espírito. Assim os apóstolos viveram a vida de uma forma estranha que transformaram uma época. Isso tudo levaram as pessoas convertida ao cristianismo num ardor tão forte ao Cristo que, inauguraram a era dos homens e mulheres que preferiam a morte que a negação de Jesus. Esse tempo seria o século dos mártires.
O tempo atual que a Igreja vive está propício para essa grande con-vivência com o Espírito Santo. Ela vive um Novo Sopro da graça do Espírito. Daí que o fiel católico a de beber da intimidade e con-vivio com o Espírito de Deus. Agora é a hora de saciar das águas impetuosas do Espírito, de viver dentro Dele e de ser um com Ele, ou seja, de ser místico.
Esta é a grande pista para os problemas do homem moderno, estar em repleta con-vivência com o Espírito Santo.
Um dos maiores teólogos do Espírito Santo, Heribert Muller, relata que a família é um reflexo perfeito da Santíssima Trindade.
Então, o Pai é como se fosse o “eu”, o Filho é como se fosse o “tu” e o Espírito Santo é como se fosse o “nós”. Portanto, o Espírito Santo é relacionamento, mais ainda, é o con-vivio. Ele age não só, mas unido à pessoa, é o “nós”.
O Espírito quer ter a necessidade ser “nós” na oração, no coração, no pensamento, no cotidiano, nos sonhos, nas lágrimas e na vida de cada um. Não há como negar diante da crise das solidões e dos pânicos que a grande via da cura é a intimidade com o Espírito Santo. E com isso fazer deste século o século dos novos mártires, o século dos vivos, dos felizes, dos esperançosos… ou seja, o século dos íntimos de Deus.
Mas precisamos entender: “o que seja ser místico?”; assim como “o que é a mística cristã”? “Os Místicos Profetas ou Profecia?”
O que seja o Místico?
No início do milênio terceiro, existe o fascínio pelo transcendente. Tudo isso nos fala da sede de valores espirituais e de interioridade que existe no mundo de hoje. Enquanto na década de sessenta se falava da “morte de Deus” e da “cidade secular” onde prevalece o individualismo, a indiferença religiosa e secularismo admitem agora (que) o “retorno de Deus”.
Ao mesmo tempo, abriram se “new age, a la carte, onde cada um organiza seu próprio menu espiritual.
O místico o que será???
O místico penetra no mistério de Deus através da mediação da Sua Palavra, nos sacramentos e na oração. Na mística há uma dualidade: a união com Deus conduz o homem para cancelar sua plenitude, mas não a pessoa. É uma relação permanente do eu com o Tu eterno; da misericórdia abismal com a miséria abismal.
Muitas vezes erroneamente vemos o místico como o homem dos êxtases, dos arrombamentos, dos carismas, das visões, do fora do tempo, do iluminado, do alienado.
O Místico faz uma experiência mística que é algo que vem da iniciativa de Deus, que se comunica livremente aos seres humanos. Em que a submissão a Deus, requer disponibilidade para realizar a transformação que leva a participar de sua vida divina. Existe uma experiência mística cristã na dimensão trinitária, pelo Espírito, em Cristo, nós caminhamos para o Pai. É uma experiência gradual e crescente de união com Deus na pessoa de Cristo. Isso também leva à missão, a comunhão com os outros, para superar o individualismo e comprometida com a história da salvação. A experiência mística é algo que vem da iniciativa de Deus, que se comunica livremente aos seres humanos.
A experiência mística lembra que a união com Deus é a plenitude de todos os valores e o paradigma da vocação, mas, na nossa condição histórica, a experiência de Deus é ao mesmo tempo, como os esforços para a libertação e a plena comunhão e humanizadora.
A experiência mística, ajuda-os a perceber que o mundo como ele está não responde aos desígnios de Deus e que Ele, através de Cristo, veio a nos comunicar o seu reino ou projeto sobre a humanidade: a liberdade de projeto, a fraternidade e a solidariedade. Uma conseqüência desta observação foi fornecido nos místicos de se comprometer com o projeto de Deus, porque “funciona como o Senhor”. A experiência mística cristã não pode ser fechada no campo da consciência. É sempre uma que experiência que compromete com a vida. Os místicos eram pessoas que, a partir da experiência de Deus, foram entregues ao serviço dos irmãos do testemunho e anúncio da Boa Nova e da interpelação da sociedade, quando respondiam ao projeto de Deus.
( Continua)
Padre Emílio Carlos +
Deus só e nada mais!
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