O Eclesiástico, falando da relação do Senhor Deus com Moisés, diz assim:
“Na fidelidade e doçura ele o santificou,
Escolheu-o entre todos os viventes;
Fez-lhe ouvir a sua voz
E o introduziu nas trevas” (Eclo 45,4-5).
Estranha e bela, estas palavras... Elas exprimem muito bem o modo de agir de Deus com os seus amigos, com os místicos de todos os tempos...
Por um lado, o Senhor educa seus amigos; vai, pouco a pouco, conduzindo-os com fidelidade e doçura, atraindo-os a si, santificando-os (isto é, fazendo-os entrar na sua vida bendita, na sua santidade bem-aventurada).
Mas, por outro lado, vai introduzindo-os nas trevas. Isto mesmo! Quando mais Deus se aproxima de alguém, mas faz o fiel perceber o quanto Ele está para além de tudo, o quanto não pode ser abarcado, compreendido, domesticado!
Que resta ao fiel? Abandonar-se, entregar-se, com total pobreza interior, com doce confiança naquele misterioso Amigo que se revela escondendo-se. Ele é uma Luz tão intensa que nos cega! Por isso dizia São João da Cruz: “Deus, para nós, nesta vida, é nem mais nem menos que noite escura!”
De noite, mesmo de noite, não nos cansemos de buscar a Fonte! Deixemo-nos guiar por nossa sede, como a corça que procura o riacho... Que assim nossa alma procure o Senhor! Ó Senhor, preenche meu desejo com tua luz, tua doçura e tua paz! Recolhe em ti todas as minhas sedes!
Pe.Emílio Carlos +
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