À ESCUTA DA PALAVRA.
A parábola do Bom Samaritano é tão conhecida que podemos perder o sabor e o sentido que dela podemos tirar para a nossa vida. Sabemos bem que Jesus muda a ordem das coisas: não se trata de saber quem é o meu próximo, mas de me fazer, eu, o próximo de qualquer homem. Assim, para o discípulo de Jesus, não há mais estrangeiro. Todo o homem torna-se próximo para mim, na medida em que eu o considero como um irmão. Sem dúvida, temos ainda muito trabalho para concretizar nas nossas vidas o ensinamento do Senhor! Mas Jesus vai ainda mais longe. Reparemos, em primeiro lugar, que é um doutor da Lei que se dirige a Jesus, um conhecedor e, seguramente, um fiel observante da Lei. Ora, na parábola, Jesus não escolhe os protagonistas da história por acaso. Trata-se, primeiro, de um sacerdote e de um levita, dois especialistas do culto celebrado no Templo de Jerusalém. A Lei dá prescrições muito estritas aos membros do “clero” da época. Deviam respeitar escrupulosamente as leis da pureza e, em particular, evitar a qualquer preço o menor contacto com os mortos, com exceção dos mais próximos da sua família. Sabendo isso, compreendemos melhor porque o sacerdote e o levita se afastaram do ferido “meio morto”. Eles obedecem à Lei, não podiam aproximar-se do infeliz. Então, Jesus coloca em cena um samaritano. São João precisa: “os judeus não tinham relações com os samaritanos”. Este estrangeiro, este para aos olhos dos judeus fiéis, não está encerrado no sistema da Lei. Pode encontrar a liberdade do amor sem fronteira. Eis a grande lição de Jesus. A Lei é boa, sem dúvida, mas com a condição de estar ao serviço do crescimento do amor. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. A Igreja promulgou numerosas leis. É bom respeitá-las. Por exemplo, é bom não faltar à missa ao domingo. Mas se, no resto da minha vida, esqueço as exigências evangélicas do amor, arrisco passar ao lado do meu irmão ferido. Estou do lado do sacerdote e do levita, ou do lado do samaritano? Também a mim, Jesus diz-me: “Então vai e faz o mesmo”.
PALAVRA PARA O CAMINHO
“E quem é o meu próximo?” Excelente questão a deste doutor da lei à procura de precisão e de uma boa receita “para ter a vida eterna”. Porém, não há resposta pré-estabelecida, nem nos lábios de Jesus, nem na Internet… “Amarás!” Resposta vasta como o mundo! No caminho da nossa semana procuremos inventar a nossa relação com os irmãos reencontrados: evitar? ignorar? aproximar-se? Quem será o nosso próximo? Mas sobretudo, de quem nos tornaremos nós próximos? De quem nos vamos aproximar concretamente para pôr em ação este convite a amar? “Então, vai e faz o mesmo!”, diz-nos Jesus.
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